O rubro intenso e tépido da vida
Umedece as pétalas fendidas
As últimas lágrimas gotejantes
Maculando a brancura da tez
Sonhos interrompidos pelo fim
Os olhos vidrados sem ver
Lábios ainda descerrados
A espera do beijo mais ardente
Um último beijo de amor
Beijo que não se fez real
Beijo que lhe roubou a alma
Tornando-a cadáver silente
Corpo sem sopro divino
Um invólucro vazio... indene...
O algoz ainda a fita com pavor
Seu peito arfa com selvageria
O liquido viscoso preso aos lábios
Gotejando em sua veste imaculada
Tornando seu viver desgraçado
Fazendo-o maldizer sua sina
Este monstro desprovido de alma
Que perambula pelas noites
Caçando como um animal
Procurando fugir à angústia
Mas que sabe ser o vilão
Conhece-se muito profundamente
E sabe que não pode furtar-se
À união com a morte... sempre...
Aquela que pende em seus barcos
Entregou-lhe a confiança
Colocou-se sob sua proteção
Amante em sua plenitude juvenil
Conferiu crédito à sua paixão
Agora jaz destituída de calor
Pende como fazenda ressecada
Como uma árvore sem seiva
Translúcida em seu momento
Apagada em seu sentimento
Tornada sombra espectral
Apenas por ser crente
Ou por ter-se tornado escrava
De um ser maldito... sedento...
Os pequenos furos em seu pescoço
Registram a pressão determinante
A região onde o ocaso ocorreu
O ponto da atração maior
Quando ela acreditava ser outra
A parte que atraíra sua atenção.
Os lábios carnudos e sensuais
Os seios avantajados e firmes
As pernas grossas e roliças
O traseiro volumoso e chamativo
O corpo precariamente vestido