Na escuridão mais profunda do eu
Vivo sem que ninguém me perceba
Sou apenas uma sombra sem vida
Sou a expressão do nada, o vazio.
Mas minha influência se manifesta
Nas noites de solidão tirana
Chego sem que percebam a invasão
Aposso-me da alma, sou o anjo da perdição.
Mesmo a luz que se reflete na janela
Cede seu lugar a minha manifestação
Os rebentos que cortam o céu
Inspiram os gritos de pavor e maldição.
Da escuridão mais densa e remota
Observo o mundo sem temer suas mudanças
Sou eterno, não dependo do tempo
Os pesadelos são as asas de minha esperança.
Onde o rancor se manifesta mais forte
Envio minha sombra sobre os que o criam
Não me apetece, os sentidos, o ódio
Sou muito mais que o terror que apreciam.
A escuridão que abraça o mundo noturno
É meu lar, meu reino, minha criação
Não existe nada que não conheça
Não há chance de penetrar sem que eu saiba.
Ali sou senhor absoluto, Tirano
Minhas leis são liberdade e instinto
Não me interessa os certinhos da vida
Sou governante do inferno, seus desejos é o que sinto.
Mas este meu reino além do físico
Mostra-se sombrio e sem contentamento
Apenas a dor, angústia, lamentos
Cobre-o o manto do infinito sofrimento.
Assim, tenho que modificar a vertente
Do apelo que inspiram meus súditos
Buscar um caminho mais criativo
Para aumentar o número dos meus cativos.