Amor De Traficante

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-eu quero açaí- aponto para o carrinho que havia parado numa esquina

-você é gorda- ele diz tirando a carteira do bolso e me entregando 20$ -vai lá

Vou até lá e peço a senhora um açaí de 15$ e observo ela preparar, segundos depois ouço tiros. Tiros e mais tiros, vejo as pessoas correndo e sinto meu coração parar de bater, eu tenho tanto medo desse barulho. Ouço pessoas gritando e sinto lágrimas molharem minhas bochechas, eu não posso morrer igual mamãe, mas meus pés não se movem

-LIVIA- a voz de Caio chega aos meus ouvidos- LÍVIA CARALHO- olho para ele mas continuo sem me mover- CORRE, LÍVIA, CORRE!

Ele está com a arma em mãos, e vários meninos estão atirando, cada tiro, a  cada barulho eu me assusto mais, eu não consigo pensar, meu corpo não me obedece. Caio corre até mim

-Corre Lívia- ele fala e outros tiros eu consigo escutar

-Eu... Eu não consigo- falo

-amor, por favor, corre- ele me empurra e enfim meus pés se movimentam e eu consigo correr.

"Rápido, mais rápido" repito para mim mesma, consigo chegar até a casa de Caio, e entro, meu coração está a mil, a falta de ar está presente, estou desesperada.

-proteje ele Deus- digo ao sentir as lágrimas escorrerem- cuida dele por mim!

°°°

15 minutos se passaram e eu não escuto mais tiros. Consegui controlar minhas lágrimas porém estou preocupada com ele, ele não pode ser atingido, ele tem que estar bem.

-Livia?- ouço a voz dele

-Caio- me levanto- eu estava preocupada

-ta tudo bem- ele se aproxima- eu tô bem- Ele está sujo, tem um pouco de sangue em sua camisa verde

-atiraram em você?- passo a mão sob a mancha

-não, esse sangue não é meu...- ele me encara- não se preocupa, os vermes não voltaram mais aqui
(Vermes; polícia)

-minha mãe... morreu assim- olho para ele- uma bala perdida atingiu a razão da minha vida- ele passa a mão na minha bochecha

-eu sinto muito loirinha- ele me abraça- isso não vai acontecer nunca mais com você, ou eu mato o filho da puta- ele me aperta mais