Quando as máscaras caem...

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Adrien’on

- Então? – ela pergunta impaciente. – A quanto tempo sabe quem eu sou?

Idiota!

Um idiota, é isso que eu sou. Mas naquela hora... Naquela hora eu não pensei, chamei ela por impulso. Eu estava tão aterrorizado que nem me dei conta do que disse. Uma parte de mim tinha consciência que não fazia sentindo DragonFly mata-la, mas o medo... A possibilidade de estar errado me matou. Eu não a vi, o que eu vi foram as chamas consumindo a garota que eu amo. O que eu vi foi o meu mundo sendo destruído, e isso me apavorou.

Pavor...

Não isso nem chega a descrever o que eu senti. Como uma pessoa deve se sentir ao ver a pessoa que você mais ama, morrer diante dos seus olhos?
Como alguém pode reagir a isso?

Não sei o que seria de mim se a perdesse. É estranho, amar alguém. É estranho como aquela pessoa se torna o seu mundo e apavorante o fato que alguém possa tirar isso de você. Tirar a coisa mais importante que você tem, sua vontade de viver. Eu não conseguiria viver em um mundo sem ela, porque eu não teria mais o porque viver. Eu admito, nunca senti tanto medo em toda a minha vida.

Medo, é pouco. O que eu senti foi dor. Tanta que parecia ser física, como se alguém literalmente arrancasse meu coração e estivesse esmagando-o aos poucos.

Pela primeira vez em toda minha vida eu entendi o meu pai. Por um momento eu entendi o porque ele ser essa pessoa tão fria, até mesmo comigo. De certo modo eu o admiro um pouco, ele perdeu a pessoa que ele mais amou e continuou vivendo. Ele continuou vivendo para não me deixar sozinho. Sei que ele me ama, mesmo com seu jeito frio. Mas a maior parte do seu coração morreu junto com a minha mãe, assim como sua vontade de viver. Ele foi forte o suficiente para continuar, por mim, ele fez isso.

A diferença é que eu não tenho filhos, por mais que tenha pessoas que eu ame e me importe, eu não tenho um motivo para continuar. Seria vazio por dentro, me transformaria em alguém que eu não quero ser.

Não imagino o que deve estar se passando pela sua cabeça agora, provavelmente que estive brincando com ela esse tempo todo. Olhando para trás é o que eu pensaria no lugar dela. Me pergunto se ela matou toda a charada, se descobriu que eu sou também. Não me surpreenderia se soubesse, não é como se eu tivesse sido muito cuidadoso.

- Responda! – ela exige. – Quanto tempo?

Sua voz se tornou quase irreconhecível por um momento, tão dura e fria. Nem parecia ela. Tomo um respiração profunda, pensando em um jeito de falar. Nem sei por onde começar.

- Eu... – tento dizer. Um suspiro escapa de mim. – Desde aquele dia no telhado, quando te beijei como Ladybug.

Quase consigo ver as engrenagens na sua cabeça se encaixando, lembrando do acontecimento. Naquele dia eu tive certeza, a sensação dos seu lábios contra os meus, a maneira como me senti... era a mesma. Ela solta um risada seca e sem humor, e isso é quase tão ruim quanto um tapa na cara para mim.

- Sou tão idiota... – a ouço murmurar.

Tento me aproximar, mas ela finalmente se vira para mim. A dor que eu vejo em seus olho me faz congelar, está escondida, mas está lá. Saber que eu causei isso só me quebra ainda mais. Dou um passo hesitante em sua direção. Ela levanta as mãos em minha direção rapidamente, me impedindo de continuar.

- Quem é você? – desvio o olhar, selando meus lábios. – Eu preciso saber, preciso que diga.

Agora sou eu que evita seu olhar. Quero dizer, como quero... mas sei o que ira pensar se eu disse, tenho medo que me odeie antes que eu possa explicar. Temo que não queira me escutar.

Por Trás Da MáscaraWhere stories live. Discover now