XXVII-O Grande Dia

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Ao longe se podia ver inúmeros pontos negros na imensidão de branco que vinha das montanhas do Sul. Eram soldados de Laian, já estavam marchando em direção à Eprain, para o confronto. Por mais que Caspian estivesse temeroso, ele também tinha confiança, de que tudo ficaria bem, de que conseguiria vencer a luta contra o mau e de que nada aconteceria ao seu povo. Mas ele sabia que em uma guerra todos saíam feridos, fosse pelos seus mortos, ou pelos seus enfermos, fosse pela grande perda, ou pela perda de suas próprias vidas. Não era fácil, nunca foi, mas Caspian tinha fé de que tudo ocorreria bem, se ele morresse naquela batalha... morreria feliz e vitorioso, pois sabia que estava fazendo o que era certo, defender seu povo era questão de doar sua própria vida.
- Caspian?
Ele olhou para Lilive e ficou feliz em vê-la.
- Está tão quieto, não quis se reunir conosco para a última ceia antes da batalha, seus suditos estavam preocupados...
- Deixe que eles aproveitem... me sinto melhor em meus aposentos.
- Está preocupado com a guerra? sei que não é fácil para você, é sua primeira batalha e todos estão de olhos fitos em ti, alteza.
- Não temo por mim Lilive, temo por vocês, por todos vocês que fazem parte de Eprain. Quando tudo isso vai ter fim? Quando toda essa mágoa vai acabar entre esses dois reinos? Já não basta de tanto sangue? Já não basta de tantos lamentos?
- É preciso ter coragem e perseverança meu príncipe... nosso reino vai ser vitorioso creia nisto!
- Nosso mundo Lilive não é nenhum pouco diferente do mundo dos impuros. Em quê somos melhores que eles? matamos uns aos outros por pura vaidade!
- Não nos compare com eles Caspian. Somos um mundo de conhecimento mais elevado que eles...
- Proclamando o caos entre nossos reinos vizinhos?
Lilive se conteve, ela também estava triste e envergonhada pela atitude gananciosa e mesquinha do povo do Sul, mas o que fazer? lutar era a única forma de sobreviver, talvez Susana sua amiga estivesse certa quando disse que em nada lhe faria diferença se morresse no mundo dos impuros ou aqui, não tínhamos escolha. Ela estava certa, toda sua família e sua linhagem foram mortos ou capturados e feitos prisioneiros por décadas até não restar um só de seu povo. Lilive se despediu de Suzana e mesmo sabendo que ela viveria em um mundo diferente, sem poder exercer seus poderes... ao menos ali teria segurança e poderia construir uma família ao lado de quem tanto amou, o que ela tanto sonhava e foi realizado até seu último suspiro. Como Lilive sentia saudades dela, e como Lilive se arrependia de ter sido tão rude com a filha de sua melhor amiga. Ela pensou em contar toda a verdade para Caspian, dizer toda a verdade sobre Sol, mas não teve coragem, temia que ele se irasse com ela, com Charlotte e principalmente com Sol, por ter mentido. Ele condenava a mentira e querendo ou não todas elas mentiram, as três pessoas que ele mais amava, Charlotte, Lilive e Sol. Sim! Lilive sabia do amor que o príncipe nutriu pela menina Sol, estava feliz por isso, e não mais desejava Sol bem longe dele. Não mais...

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora