Capítulo 21

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   - Como está? - Pergunto enquanto ele entra no banheiro para tomar banho.

   - Pensativo. - Ele ri.

   - E no que está pensando?

   - Em como vou sair daqui para acabar com a raça daquele maldito. 

    Ele diz friamente, não há tom de brincadeira ou ironia em sua voz, ele está falando sério. O Ryan planeja fugir do reformatório para vingar a morte do seu irmão. Não sei bem como reagir a isso, entendo sua raiva, entendo que tenha um temperamento explosivo, mas isso é arriscado demais, esse cara já provou mais de uma vez que não está brincando e com toda certeza ele é muito poderoso. 

   - Não está falando sério... né?

   Ryan sai do banheiro e olha para mim, senta do meu lado e põe meu cabelo atrás da orelha e diz:

 - Claro que estou April... Isso não pode ficar assim. Ele está indo longe demais, até quando vou ter que sentir medo? Até quando terei que fugir? Me preocupar se ele vai ferir alguém que eu amo? Me preocupar se ele vai usar você para me atingir?

  Olho para o Ryan, por qual motivo esse cara me usaria para atingi-lo? Como sequer saberia da minha existência? Tem tão pouco tempo que estou aqui...

    - No que está pensando? - Ryan pergunta me encarando.

   - Nada...  - Respondo.

    - Conheço você melhor do que imagina... Quer saber o porquê ele viria atrás de você, certo?

   Olho para ele e levanto uma sobrancelha, como pode saber o que estou pensando? Esse garoto definitivamente me surpreende o tempo todo. Ele interrompe meus pensamentos novamente, dessa vez pigarreando para chamar minha atenção. 

   - Vou tirar essa dúvida que eu sei que vai te acompanhar por muito tempo seu eu não acabar com ela... Ele viria atrás de você porque sabe que é um dos meus pontos fracos... Sabe que é uma das poucas pessoas com as quais eu me importo. Todo mundo já percebeu isso April... menos você.

  Não consigo dizer nada, estou tentando receber essas palavras vindas do Ryan Scott, acho que meu ar está sumindo. Onde ele quer chegar, não consigo entender, por que está me dizendo isso agora?  Ouço o garoto na minha frente esboçar um sorriso, ele se aproxima de mim colocando o polegar no meu queixo para erguer minha cabeça, forçando-me a encará-lo e diz:

- Sabe April Lewis, um dia desses eu escrevi um texto e no momento me pareceu algo fútil que deveria ser guardado para sempre, sem que ninguém jamais o lesse, talvez fosse até o caso de queimá-lo. Mas agora, sentado aqui do seu lado, com seus olhos atenciosos em cima de mim, me parece egoísta não compartilhá-lo. 

  Ryan levantou e foi até sua cômoda, voltou com um papel amassado em várias dobras e sorriu para mim. Era bem perceptível sua respiração ofegante, ele estava nervoso e eu começava a ficar também. A ansiedade invadia o meu corpo, o que será que estava escrito no papel e por que o mostraria para mim?

  - Bom, lerei em voz alta, ficará mais... realista assim, certo? " O amor hoje em dia parece algo fácil de entender, de sentir ou de demonstrar, as pessoas agem como se fosse algo comum e simples, mas elas não sabem o que é o amor. Você só sabe que ama quando não consegue explicar mais nada, quando tudo foge do controle. O amor está nas coisas mais banais e não nos presentes semanais, nos jantares à luz de velas ou nos amassos dentro de um carro importado. Mas do que exatamente eu estou falando? Quem sou eu para julgá-las sobre suas formas de amar? Nunca sequer acreditei nesse sentimento que todos sonhavam, que toda menina acreditava um dia viver na esperança de suas vidas serem como aquelas histórias de contos de fadas.  Nunca acreditei no amor... Até ela chegar. Eu comecei a perder o fôlego quando estava perto, comecei a suar frio e as vezes até tremer, passei a perder todo o domínio que sempre tive com as outras, era como se nunca nem tivesse beijado alguém, eu simplesmente perdia todos os meus sentidos. Sentia um aperto no estômago todas as vezes que ela sorria... Ah, que sorriso maravilhoso! Ainda bem que sorria com frequência. Aquele brilho enorme em seus olhos acidentados me dava uma paz inexplicável, poderia passar uma vida inteira apenas observando-os. Era incrível como falava de coisas pequenas dando uma imensidão inimaginável à elas, era incrível as roupas estranhas que usava para dormir e mais incrível como ficava linda dentro delas. Era incrível como sua pequena covinha no meio queixo me fazia sorrir enquanto olhava para ela, era encantador seu sorriso de lado quando estava nervosa ou como suas bochechas coravam quando sentia vergonha e eu particularmente amava quando revirava os olhos e me repreendia quando estava irritada.                                               Puta que pariu! Como eu amava aquela garota pequena, mas tão forte e intimidante. Como me sentia seguro em seus braços ou apenas de estar por perto. Amava como a conversa simplesmente fluía facilmente entre a gente. Amava ficar do lado dela, ambos em silêncio, mas com uma proximidade queimando entre nós. Amava como ela conseguia me acalmar facilmente só com o olhar e como me fazia querer ser uma pessoa melhor, para ela.                           Isso que é o amor, isso que é amar. É você simplesmente adorar totalmente todas as suas qualidades, mas principalmente conseguir admirar os defeitos. É você se sentir enorme quando é tão pequeno no mundo, é você se sentir importante quando sua insignificância passa dos sete bilhões de pessoas. É você se sentir amado quando já foi tão sozinho. Isso é o amor e as pessoas não sabiam mais amar, mas ela sabia, sabia amar incondicionalmente e eu, bom... eu aprendi com ela. Eu estou intensamente apaixonado por você senhorita Lewis e como diria o Sr. Darcy, eu te amo ardentemente. Quer namorar comigo?"

Meu Deus, eu só posso estar sonhando, isso não está acontecendo. Meu pulmão está queimando, não me lembro há quanto tempo estou sem respirar, o Ryan me pediu em namoro e eu estou paralisada encarando-o, nada sai da minha garganta seca e a única coisa que escuto nesse momento, é o meu coração acelerado.

Perigosa AfeiçãoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum