Capítulo 9

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Acordo com o meu despertador às 8h00min da manhã. Tento chamar a Jessica em vão, então tomo o meu banho, me arrumo e tento chamá-la novamente. Esta acorda resmungando:

- O que foi?

- Levanta... Você tem que ir para o asilo.

- Ah merda! Esqueci disso...

Espero a Jess terminar de se arrumar e seguimos para o refeitório. Ela senta-se à mesa com o Ryan e o John e eu a sigo.

- Bom dia. - Ryan diz.

- Bom dia. - Respondo.

Depois que terminamos de comer, a diretora veio em nossa direção. Disse:

- Tem uma van lá fora, vai levar vocês. Espero receber boas notícias sobre o trabalho que farão.

John passa a mão em volta da cintura da Jessica e o Ryan está com a cara tão fechada que imagino o quão complicado será o meu dia.

O motorista para primeiro no asilo e minha colega de quarto desce junto com o seu parceiro. Poucos minutos depois chegamos à creche .

Assim que entramos, dezenas de crianças correm de um lado para o outro, meu peito dói imediatamente quando me lembro da Julie. Olho para Ryan que me encara com uma expressão como se pedisse ajuda. Sorrio e digo:

- Não é tão ruim assim... As crianças são um amor.

Assim que termino a frase vejo um menino puxando o cabelo loiro de uma garotinha, então completo:

- Bem... A maioria delas.

Ryan revira o olho e caminha na minha direção dizendo:

- O problema é que eu não faço ideia do que fazer com elas.

- Acho que alguém vai nos orientar...

Uma mulher idosa, mas aparentemente simpática sorri e acena para que caminhemos em sua direção.

- Bom dia queridos. Vocês são do reformatório certo?

-Sim. - Digo.

- Vão nos ajudar por duas semanas, pelo que fui informada. Bem, a Júlia, aquela moça ali, irá explicar como tudo funciona aqui. Os horários das refeições e onde fica a coisas que irão precisar.

Agradeço a senhora e vou ao encontro da garota que parece ser pouco mais velha que eu.  Ela é bonita e encara tanto o Ryan, que estou até me sentindo incomodada por ele.

O Ryan ao contrário, não parece se importar e exibe o seu sorriso sarcástico de triunfo. Imagino que se ele quisesse entrar com ela em qualquer um desses quartos não seria problema algum. Meu estômago embrulha.

Uma garotinha, que suponho ter 3 anos, abraça a minha perna. Seus cabelos ruivos estão amarrados em duas tranças e seu rosto pálido revela bonitas sardas. Sorrio para ela que estende os braços me pedindo colo. Ryan faz cara de nojo e eu reviro os olhos para ele, enquanto pego a garotinha.

Depois de receber todas as informações necessárias para fazer o meu trabalho "voluntário", vou até o berçário onde cinco bebês estão, três dormindo, um tomando mamadeira no colo da mulher de meia idade e outro chorando estridentemente.

Pego a criança no colo e descubro que é uma menina. Tento desesperadamente acalmá-la antes que acorde as demais. Sinto um odor terrível invadir minhas narinas e descubro a razão do choro incessante.

Deito-a na pequena mesa ao canto do cômodo, pego uma fralda limpa e os lenços umedecidos. Retiro aquela bomba de fedor e jogo no lixo. Enquanto a limpo, ela sorri para mim, lembrando-me de quando minha irmã era menor.

Assim que termino começo a cantar baixo para ela a música que minha mãe sempre cantava para me fazer dormir. A pequena acaba dormindo rápido e coloco-a no berço.

Saio do quarto e ando no corredor, quando olho para frente me deparo com uma cena que preferia não ter visto: Ryan e a garota saindo do quarto de limpezas, o rosto dela está corado e ele arruma os cabelos.

Sigo em frente passando por eles em passos apressados. Algo me incomodou ao ver aquilo, não sei bem o quê, provavelmente só a falta de bom senso dos dois.

Vou até o pátio e então sinto uma mão segurando o meu pulso. Olho para trás e os olhos verdes dele me encaram. Pergunto:

- O que foi?

- Eu é que pergunto... Está tudo bem? Parece que ia vomitar.

- Eu... Não... Está tudo bem sim. Deixa-me.

- Ei... April? O que você tem?

- Nada. Só acho que devia ter pelo menos o mínimo de senso e não transar numa creche.

- Está com ciúmes?

-Claro que não, só que tem muitas crianças aqui e qualquer uma delas poderia ter visto.

- Relaxa... Trancamos a porta.

- Vá a merda Ryan.

Perigosa AfeiçãoWhere stories live. Discover now