Capítulo 10

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Não sei por que agi daquele jeito, nem por que me incomodou tanto. Apenas continuei o meu trabalho e descobri que me dou bem com as crianças. Elas são bem amigáveis, algumas mais fáceis de lidar do que outras, mas são um amor.

O motorista finalmente chegou no fim da tarde e voltamos para o reformatório. Fiquei ouvindo a Jessica falando durante todo o caminho sobre como os idosos eram fofos e sobre um velhinho que pediu para dançar com ela.

Ouvi o Ryan contar ao John sobre a sua "conquista" na creche e senti meu estômago revirar. Coloquei o fone de ouvido no volume máximo, mesmo sabendo que isso pioraria a minha dor de cabeça.

Quando chegamos, fui direto para o banheiro tomar um banho quente. Assim que terminei de me arrumar fui ao encontro da Jess no refeitório para o jantar.

Ela me contou que está extremamente apaixonada pelo John, mas que é orgulhosa demais para admitir. Falei um pouco sobre o Josh e como sinto sua falta.

O Ryan chegou pouco tempo depois com o amigo e sentou do meu lado, me empurrando um pouco no banco e quase me fazendo cair. Ele roubou um pouco do meu molho mesmo depois que lhe dei um tapa na mão por isso.

Quando ele ri, sinto um frio na barriga, não deveria, mas sinto. Também tenho uma vontade constante de tirar o cabelo que cai em sua testa ou contornar seus lábios rosados com o polegar. Mas meu subconsciente me repreende por esses pensamentos me lembrando que tenho um namorado me esperando lá fora e que eu o amo.

Acabo me sujando com o molho de tomate e quando olho para o Ryan ele ri e logo em seguida passa o guardanapo no local para limpar. Seu olhar intenso invade meu campo de visão e me vejo obrigada a desviar.

De repente vejo que os meus colegas de mesa se calam e olho para frente acompanhando o olhar dos demais. Então vejo o menino que esteve à beira da morte no lago, caminhar em nossa direção.

Ele nos oferece um sorriso simples, porém encantador e senta-se na mesa. Poucos segundos depois todos estão a sua volta abraçando-lhe e perguntando como ele se sente. Eu, no entanto, permaneço sentada em meu lugar, comendo a minha refeição, já que não conheço o garoto a ponto de me meter nesse momento íntimo de amigos.

Sou tirada dos meus pensamentos quando ouço uma voz me agradecendo. Ergo a cabeça e o menino me encara. Olho para um lado e para o outro tentando descobrir com quem ele está falando e ele diz:

- Sim, é com você mesmo. Obrigada por me salvar... Se meteu em encrenca enorme por minha causa.

- Ahn... Não foi nada.

Assim que terminamos de comer vou para o quarto e adormeço mais rápido do que o normal, deve ser porque me cansei bastante com as crianças.

Acabo sonhando novamente com a menina no lago, porém dessa vez, ela está parada em pé perto do lago, sozinha dessa vez. Sussurra um "cuidado" para mim e quando me viro Ryan está parado atrás de mim. Acordo assustada e suada.

Quando me levanto, o dia já amanheceu, me troco e vou para o refeitório. Na mesa apenas o Ryan está sentado, vou em sua direção, ele sorri e diz:

- Bom dia, dormiu bem?

-Preciso te perguntar uma coisa...

- Vá em frente.

- Alguma garota morreu afogada no lago daqui?

Sua expressão muda completamente, ele estreita os olhos para mim e me sinto intimidada. Ele levanta e se aproxima bem perto de mim perguntando:

- Quem te contou isso?

- Ninguém na verdade...

- Como soube disso?

Ele soca a mesa e eu dou um passo para trás e pergunto:

- Foi você?

- O QUÊ?

- Foi você que a matou?

- CALA SUA MALDITA BOCA! Você não sabe nada sobre mim. Você é uma vaca intrometida!

Ele apenas vira as costas para mim e me deixa parada em pé no meio do refeitório com todos olhando para mim.

Perigosa AfeiçãoWhere stories live. Discover now