Capítulo 12

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- O que estão fazendo aí? A lua já apareceu. - Jessica sai de trás das árvores.

- Aqui dá pra ver melhor e... Não tem tanta gente se pegando. - Respondo.

Ryan ri e sinto meu rosto corar. " Não tem tanta gente se pegando..." Que tosco, falou a garota que tava beijando um menino agora.

Jessica me encara, meu rosto começa a queimar. Será que está tão óbvio o que aconteceu?

- Aqui só é bom quando está começando a aparecer. Depois que já está no alto, onde estamos é melhor. Vamos?

-Ah, tudo bem então.

Olho para Ryan e sigo a Jess. Ele não vem com a gente, fica um tempo na pedra. Todo mundo já está meio bêbado e eu perdida em meus pensamentos.

O que eu estou fazendo com minha vida? O Josh não merece isso, é um garoto tão bom. Vou terminar com ele, aliás, vou contar o que aconteceu e deixar que ele decida.

O Ryan se une com a gente pouco tempo depois. Abre uma garrafa e fica olhando para o céu. Segundos depois ouço-o sussurrar no meu ouvido:

- Você se arrepende?

- O que?

- Se arrepende de ter me beijado?

- Eu... Eu não sei.

- April... Me dê uma resposta precisa pelo menos uma vez na vida!

- Não, não me arrependo. Acho que foi errado, mas não... Não me arrependo.

Ele suspirou e beijou minha testa, em seguida levantou, disse que estava cansado e foi para o quarto. Não demorei muito para fazer o mesmo, os que ficaram estavam tão bêbados, que se eu dissesse que já estava indo não faria diferença. Então fui sem falar nada.

Cada segundo do beijo voltava repetidas vezes na minha mente, até que adormeci. Sonhei com a menina de novo.

O sonho estava cada vez mais real, o que me deixava cada vez mais confusa. Primeiramente, não sei nem por quê estou sonhando com essa garota. Eu não sabia da história até esses sonhos começarem.

A voz da diretora dizendo para o Ryan que ele deveria agradeçê-la por mantê-lo aqui ecoa no sonho. " Ambos sabemos que aqui não é o seu lugar", será que isso tem a ver com a Nicolly?

Queria que tudo isso parasse, queria poder voltar para casa, para minha vida normal. Não consigo mais ter o controle da minha vida, coisa que sempre foi fundamental para mim.

A semana passou rapidamente, o trabalho na creche passou a ser agradável. E bem... Meu relacionamento com o Ryan ficou bem estranho. Não sei se era eu que o evitava ou o contrário.

Quase não nos falávamos mais, praticamente só nos víamos na refeição e hora ou outra na creche.

O dia de visitas chegou novamente, estava decidida a contar para o Josh do beijo. Graças a Deus a minha mãe não veio, poderia ter uma conversa tranquila com ele.

Sento-me na mesa de frente para ele assim que ele me solta. Ele sorri e me conta como foi sua semana. Ouço tudo atenciosamente. Seu celular vibra e me dou conta de como faz tempo que não toco em um. Pergunto:

- Posso... Ver meu Facebook? Tem... Tanto tempo que não entro.

Ele sorri e estende o aparelho para mim. Agradeço e entro na minha rede social. Não sei por onde começar, tem tantas notificações e mensagens. Sinto falta da minha liberdade. Estou prestes a devolver o celular quando uma mensagem chega, entretanto vejo que a mensagem é do meu padastro.

Olho para ele e sorrio, continuo a conversa para ele não perceber que estou lendo a mensagem. Sei que não deveria invadir a privacidade dele assim, mas uma mensagem desse cara para o meu namorado é muito estranho. Eles nunca nem se deram bem.

" Eu sei que está demorando filho, mas só faz duas semanas que a pentelha saiu daqui, temos que ter paciência. A mãe dela está cada dia mais apaixonada por mim e a April confia em você, o que facilita. Mas no fim do mês já estaremos longe dessa família idiota."

Meu chão simplesmente desaba. Não acredito no que estou lendo... Não pode ser. O Josh... Meu Deus... Ele é filho do meu padastro? Ele... Também queria dar o golpe em mim?

Olho para ele que está sorrindo e me falando de como a Julie sente minha falta. Sinto vontade de vomitar, que nojo. Que NOJO!

- Você... Você não fez isso comigo...

Seu sorriso some e ele se aproxima de mim. Lágrimas escorrem descontroladamente pelo meu rosto, raiva, nojo, decepção... Tudo isso me invade.

Levanto bruscamente da cadeira que cai no chão. Começo a gritar:

- SEU FILHO DA PUTA! JOSH... EU... NÃO ACREDITO. VOCÊ... VOCÊ TAVA AJUDANDO ELE ESSE TEMPO TODO? VOCÊ... É O FILHO DELE?

- Do que está falando amor?

Seu rosto empalidece, como pode ser tão cínico? Acho que vou desmaiar. Vou para cima dele, socando-o.

- NÃO ME CHAMA ASSIM! VOCÊ É DOENTE! VOCÊS DOIS SÃO! FICA LONGE DA MINHA FAMÍLIA ESTÁ OUVINDO? VOU ACABAR COM VOCÊS.

Os seguranças me seguram, Josh apenas sussurra para mim:

- Você não pode fazer nada daqui querida...

Perco-o de vista, quando os seguranças me trancam num quarto. Minha garganta arde, minha maquiagem borra minha camisa branca. Vejo tudo simplesmente escurecer e apago.

Perigosa AfeiçãoWhere stories live. Discover now