Chapter Five

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Naquela manhã, Louis não tomara apenas um, mas sim dois comprimidos, pensando até na possibilidade de um terceiro.

Harry enloucava sua mente.

Não era normal pensar tanto em alguém, porém era quase impossível não o fazer. Sua mente tão complexa, e sua necessidade de sorrir eram, de longe, fascinantes.

Com pernas preguiçosas e uma mente barulhenta, caminhou até os fundos da casa, arrastando uma das cadeiras da mesa de jantar em uma das mãos, e um livro em outra. Seguiu até os fundos da casa, onde havia um lugar pouco preenchido pela neve que caiu durante a madrugada. E que madrugada!

Talvez, um belo horário para preencher a mente de insanos pensamentos, algumas memórias e várias expectativas.

As vestimentas de moletom eram adoradas ao que sentiu a invernia diante de suas maçãs-do-rosto, sentando-se com as pernas cruzadas e um novo universo a explorar em suas mãos. Desta vez, fora o Chamas do Canyon, de Joshua H.

Uma narrativa atemporal, divertida, com uma leve pitada de melancolia. Era óbvio que tudo que estava a ler não se passava de ficção, no entanto era algo tão cativante que, às vezes, até suspirava no decorrer dos capítulos.

Curtos capítulos. Cada um composto de contos diferentes, que relatavam acontecimentos e histórias no fundo do Gran Canyon, impossível, porém encantador. E diante da cronologia de cada capítulo percebia-se que a cratera se alargava a cada fato. Talvez os ataques de ódio da Dona Gertrude poderiam ter contribuído para uma guerra de tribos, ou a doce história da jovem Cathe, que sonhava em encontrar o príncipe encantado e passou a se relacionar com um toureiro.

Chegava ser confuso, caso resumisse as histórias, porém a profundidade de detalhes e o lugar incomum em que se tratava, deixava tudo bem mais interessante.

A temperatura passou a baixar, e poderia jurar que, suas bochechas congelariam e, teria de permanecer eternamente com a mesma expressão. Os dedos já começavam a tremer lentamente enquanto virava página pós página.

Louis sentiu cheiro de chocolate quente, e sua atenção que antes voltada para a intriga de bandas formadas por nativos, fora para a certeza de que estava delirando e imaginando um saboroso chocolate quente. Bufou em alívio ao sentir a presença de Harry, com uma xícara de chocolate quente em mãos.

Importante citar a sua felicidade por não estar enlouquecendo, e não por Harry estar agora ao seu lado vestindo um sweater branco e seus olhos voltados para a forma com que, Louis embebeda-se do doce achocolatado. De forma alguma. Não. Claro que não.

Resolveu olhar para Harry, talvez se questionar do porquê ele ainda estar lá, talvez para apenas observar como sua pele leitosa combina com o branco da neve, ou apenas para dizer que deixaria a xícara na pia. E de repente, preencheu sua mente com milhares de indagações e xingamentos para si. Não devia ter olhado para Harry, afinal ele estava com aquele estupido sorriso no rosto enquanto observava o nada.

Impossível.

Ao notar os olhos de Louis sobre si, o nada tornou-se menos interessante,  e olhares se cruzaram.

Merda. Merda. Merda. Merda.

Covinhas surgiram, e a pergunta de um milhão de dólares era: como alguém sentado em um piso gelado de madeira poderia sorrir daquela forma?

Harry não existia. Tentava sustentar esta teoria.

—A lareira já está acesa, caso queira entrar. Creio que está bem mais aconchegante lá dentro.  –Disse Harry, ainda fitando as íris de Louis.

Isolation  ➳ L.S Where stories live. Discover now