16 - O começo do fim do mundo

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Depois de nos deixar no bote, Tritão voltou para o fundo do oceano, e eu senti as ondas e a maré nos levando em direção a Long Island.

"O dia foi longo." eu disse aos outros. "Podem dormir, eu os acordo quando chegarmos lá."

Nico e Thalia se ajeitaram deitados no bote, e Annabeth olhou pra mim, parecendo apreensiva.

"Você não vai dormir?"

Eu neguei com a cabeça.

"Vou ficar bem." eu disse, mesmo que não fosse verdade. "Durmam."

Annabeth encostou ao meu lado em seu pedaço do bote e fechou os olhos.

Logo Nico e Thalia estavam adormecidos. Annabeth parecia adormecida também, mas eu não poderia dizer com certeza.

Na escuridão da noite, no meio do oceano, eu não poderia estar num melhor lugar para relaxar.

Mas eu nunca me sentira tão tenso.

"Você não precisa ficar calado sobre isso, sabe." a voz de Annabeth me tirou de meus pensamentos.

Eu olhei para meu lado para vê-la me olhando da posição que estava. A apreensão ainda estava lá.

Dei um sorrisinho. "Ao menos você voltou a ser minha amiga."

Ela estreitou os olhos pra mim, com um sorrisinho de lado.

"É, voltei. Mais um motivo pra você não deixar seus pensamentos comerem seu juízo. O pouco que lhe resta." ela disse com uma piscadela.

Eu ri baixinho para não acordar Nico e Thalia, e então me encostei mais à lateral do barco, ficando mais próximo dela.

"Pode conversar comigo." ela insistiu.

Suspirei, mas não disse nada.

"Você está com medo?" ela perguntou.

Eu franzi os lábios e pensei nisso. Medo? Era por isso que eu estava tão inquieto?

"Não acho que seja medo..." eu disse honestamente. "Meu pai me treinou desde os nove anos de idade porque sabia que eu precisaria fazer algo grande, e eu precisava estar preparado. Desenvolvi meus poderes e sei como usá-los, assim como sei meus limites... Não acho que seja medo porque eu sempre soube que eu estava destinado a fazer algo desse tipo."

"Então?" Annabeth instigou.

"Eu só nunca pensei que eu também estava destinado a morrer no final de tudo." eu disse baixinho. "Quer dizer, se eu vou morrer, por que me dar ao trabalho de fazer amigos ou sequer conhecer alguém?"

Eu a ouvi suspirar, e desejei ter mantido as palavras para mim. Mas esse desejo só durou um minuto.

"Eu te disse... Não leve a profecia ao pé da letra. Eu sei que ela parece óbvia, mas muitas vezes não é."

"E se for?" eu a desafiei. "E se eu realmente estiver destinado a morrer depois disso tudo?"

Ela me olhou com seus olhos de tempestade, e ela era séria quando respondeu.

"Então você deve fazer o seu melhor. O melhor para ser lembrado, para deixar um legado maior que qualquer herói já deixou. E, se você se for, Percy... Nós sempre lembraremos de você como o melhor semideus que já existiu. Não só em questão de força ou poderes, mas porque você é nosso amigo e nós sabemos que você é mais que isso."

E com essas palavras, Annabeth tirou a preocupação dos meus ombros. Não toda, mas eu estava mais leve. E feliz que as coisas tinham voltado a normal com ela.

HIATUS INDETERMINADO | O Filho do Mar [1] / Os Herdeiros do Olimpo [2]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora