19. Não posso te amar

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Taehyung destrancou a porta para que Dote pudesse entrar, após jantar, escovou os dentes como sempre fazia e se deitou, esperando o sono chegar.

Alguém bate à porta.

Tae não responde, as luzes estavam apagadas, portanto, esperou que a pessoa desistisse, mas a porta se abre.

- Você não me engana. - Diz Jimin ao entrar, fechando a porta atrás de si. Ele estava belo como sempre, trajava roupas sociais, mas sem o paletó. A camisa branca estava com alguns botões abertos, se jogou na cama de barriga para cima ao lado de Tae que se lembrou daquela noite instantaneamente.

Sob a luz da lua os olhos de Jimin brilhavam, Tae não conseguia se concentrar com ele ali, parado, lhe encarando com os lábios entre abertos, como se esperassem os dele.

Mas ele tinha que se concentrar, havia se esquecido de tudo que soube sobre as mentiras de Jungkook e estava na hora de tirar a limpo e descobrir toda a verdade.

- Jimin, ao chegar aqui encontrei uma carta sua. - Tae respira fundo tentando manter a voz em um tom severo. - Você era apaixonado por Jungkook, e alguém batia em você, isso é o que estava escrito. Alguém os impediu de concretizar o amor de vocês, mas isso não faz o menor sentido para mim agora.

- Tae, por favor... - Jimin tenta se aproximar, mas é impedido por Tae que o empurra com as duas mãos.

- Jungkook me contou que você era um mendigo e ele te trouxe para sua casa por pena, soube que era mentira assim que você adentrou o salão naquele dia, você tem muita classe para um dia ter sido menos que rico. Depois, só confirmei o que já pensava, você e ele são amigos desde infância, como irmãos, não acho que já foram apaixonados. - Tae diz esfregando os olhos, aquilo era desgastante.

Jimin olhava para cima, como se estivesse viajando no tempo, sua boca se abriu, mas se fechou novamente. Queria dizer alguma coisa que claramente não podia.

- Ele disse que os pais dele foram responsáveis pela chacina da minha família, suponho que você já saiba que todos estão mortos. - Tae sente suas mãos tremerem de raiva, Jimin recebe suas palavras como um tapa. - E depois descobri que eles estão mortos. - Tae termina em lágrimas que escorriam de seus olhos até seu queixo.

- Tae, eu não posso... - Jimin fala em súplica por compreensão.

- Se você não pode me dar a verdade, então saia daqui. - Tae diz se levantando da cama e apontando para a porta.

- Não cabe a mim dizer, Tae por favor me escute... - Jimin se levanta indo em direção a Tae que se esquiva rapidamente ainda apontando para a porta, lágrimas corriam por seu rosto, Tae pensou em como poderia ser tão lindo chorando, mas ignorou esse pensamento com uma pontada de culpa, estava se desviando de seus objetivos por causa dele, não podia deixar isso acontecer, não mais.

- Saia daqui, agora! - Tae gritava, mais lágrimas corriam por seu rosto e pelo de Jimin. - Saia daqui! Saia, saia, saia! - Tae agarrou a camisa de Jimin e o arremessou para fora de seu quarto, arrancando alguns botões em consequência, trancou a porta e se deixou descer, até que estivesse sentado do chão.

Não sabia de onde tinha tirado tanta força, mas estava orgulhoso de si mesmo. Começou a chorar cada vez mais, se deixou vencer pelas lágrimas, soluços vinham de sua boca.

Pensou nele, nada mais vinha a sua cabeça, nem Jungkook, nem sua família, nem Yoongi, ninguém. Apenas Jimin. Encostou a cabeça na porta.

Chorando, chorando e chorando.

O que ele não sabia, era que Jimin estava do outro lado na mesma posição, sentado junto a porta do garoto que amava, com a cabeça entre as mãos.

Chorando, chorando e chorando.

Ouroboros | TaekookWhere stories live. Discover now