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 Louis havia imaginado e pensado em tudo, menos que Harry fosse chegar daquela maneira, com aquela expressão no rosto, justamente para colocar Tobias na porta da casa do rapaz e sair dali, sem qualquer tipo de explicação.

Dessa vez, Louis não poderia acusa-lo de roubo. Muito pelo contrário. Harry estava devolvendo o gato de estimação de Louis, porém, o rapaz sentia que havia conseguido estragar até mesmo aquele momento sagrado. Afinal, quando Louis imaginaria que Harry fosse perder um pouco de seu tempo para deixar Tobias em seu verdadeiro lar?

Talvez a primeira e única vez em que o rapaz dos olhos verdes realmente pensou em visitar Louis foi quando Harry estava necessitado de açúcar e acabou confundindo Louis com o pintor daquela casa e ao mesmo tempo com uma garota.

O rapaz dos olhos azuis acabou sorrindo, sem ao menos perceber o que a musculatura de seu rosto planejava com aquilo. Estava sozinho, parado no meio da cozinha, segurando uma xícara de café em mãos, enquanto seus pés descalços apreciavam a frieza do piso do chão daquele cômodo.

Era manhã, mas tarde o suficiente para que Louis já começasse a mentalmente planejar o seu almoço. O sol batia rente à janela da cozinha, fazendo os vidros expandirem uma luz amarelada inconfundível, vez ou outra obrigando o rapaz estreitar seus olhos para conseguir enxergar bem aquele ambiente.

Louis havia acordado cedo naquele dia e, ao invés de tentar dormir, acabou se rendendo e começou a perambular pela própria casa, sem algum objetivo aparentemente formado. O motivo? Nem ele sabia. Talvez fosse por conta do sonho que acabou tendo, envolvendo maçãs e Harry. Mas aquilo ele sabia que nem ao menos faria esforços para admitir, do contrário, sua dignidade acabaria morrendo juntamente com a vontade que Louis sentia de tentar entender o que realmente estava acontecendo com ele.

Era uma espécie de nervosismo que se apossava da boca de seu estômago, além de sorrisos que cresciam involuntariamente em seu rosto e o pensamento de que, talvez, Louis fosse o único e extremo culpado por todos os acontecimentos envolvendo ele e seu vizinho dos olhos verdes.

Afinal, desde a primeira comunicação que havia feito com Harry, os dois somente se estranharam por conta do comportamento de Louis, que, de acordo com as palavras que seu próprio cérebro fazia questão de usar para formar frases grosseiras, havia agido como um safado cretino. Algo que até mesmo Louis concordava não fugir muito de sua realidade.

Se pelo menos o rapaz dos olhos azuis tivesse parado para pensar em como agir ou o que dizer para aquele seu vizinho que nem ao menos conhecia e aparentava estar precisando de um pouco de açúcar, parado em frente à sua porta, com uma xícara vazia em mãos e o olhar pidão sobre seu corpo, talvez nada daquilo teria acontecido.

E quando Louis pensava em nada, queria dizer que não precisaria passar por situações envolvendo discussões de manhã, bolos de framboesa com limão, gatos roubados e vibradores cintilantes. Tudo teria sido muito mais fácil se seu lado mal-educado nunca tivesse gritado mais alto dentro de si. Ou, mais fácil ainda teria sido se Louis tivesse decidido mudar-se para qualquer outro lugar do mundo, menos àquele condomínio.

Talvez até mesmo os esquimós do Alasca fossem mais fáceis de se lidar do que aquele rapaz dos cabelos longos e cacheados e olhos verdes que hipnotizam qualquer um que o observa atentamente por mais que meros três segundos.

Louis tinha uma sanidade e uma dignidade, ambas intactas. Sua missão era cuidar das duas com toda sua vida.

Mas, para sua infelicidade, Louis sabia que, com Harry por perto, todo aquele seu plano de manter-se consciente de qualquer uma de suas ações poderia ir por água abaixo, num piscar de olhos.

speaking in bodies // larry stylinsonWhere stories live. Discover now