31

183 11 1
                                    

— Não, Tobias! O que foi que eu te disse? Você não pode destruir o canteiro de flores da vizinha! – Louis gritava com seu gato, que parecia estar se divertindo com as inúmeras flores coloridas da casa ao lado da sua.

Felizmente, Tobias não se atreveu a destruir o jardim de um vizinho específico de Louis, e foi como se instintivamente o rapaz não desse muita importância em questão para qualquer outro jardim das casas daquele condomínio que não fosse a sua própria, ou a de Harry.

O pequeno felino estava preso numa coleira de cor azul turquesa, e Louis tentava guia-lo o mais pacificamente possível. Ainda não havia desistido de instruir Tobias, a fim de torna-lo um gato mais calmo e obediente, visto que ultimamente, tudo o que seu animal de estimação sabia fazer era correr para fora de casa à procura de Betsy. Não que ele tivesse alguma culpa nisso, Louis sabia que seu gato amava passar horas brincando com a gatinha de seu vizinho, e se Tobias tivesse o dom de falar, já teria jogado na cara de Tomlinson que ambos não eram muito diferentes quanto a isso.

Principalmente depois da noite anterior, Louis se encontraria obrigado a concordar com seu gato sobre a questão de 'adorar passar horas brincando com seu vizinho', assim como Tobias e Betsy faziam. As bochechas de Tomlinson enrubesceram, e foi como se todo o seu rosto esquentasse, ao mesmo tempo em que Louis tinha memórias da noite passada, no sofá de sua casa.

Ele já nem presta mais atenção no que Tobias fazia, algo que chegava perto de mordiscadas e arranhões em caules de margaridas. Por sorte, a coleira que prendia seu gato ainda estava enroscada em sua mão, e ele a prendia com força por entre os dedos, por mais que já não conseguisse mais notar qualquer coisa que acontecia ao seu redor e permanecesse apenas ali, petrificado logo ao lado do jardim de seu outro vizinho, sendo tomado por memórias que corriam por seu corpo e faziam até mesmo seus dedos dos pés tremerem. Louis não queria ficar mais um segundo sequer pensando naquilo, pois sabia que aquela era uma ótima oportunidade de ter todos os sentimentos recentes que ele havia experimentado com Harry, naquele sofá, o atingindo novamente, mas dessa vez, num lugar não tão adequado assim.

Se qualquer pessoa que estivesse passando por perto naquele momento e ocasionalmente tivesse a chance de ler os pensamentos de Louis, talvez ela acabasse apenas com duas opções. Ou sairia correndo para bem longe dali, ou buscaria ajuda para o rapaz desorientado, com pensamentos ainda mais desorientados e frenéticos, que pareciam não querer largar sua mente enfraquecida pela excitação que a junção de um sofá e dois vizinhos poderia ocasionar.

Louis, então, decidiu afastar-se dali, dando a desculpa de que o motivo de seus pensamentos originava do lugar onde estava, e não de uma pessoa em si, torcendo para que, ao levar Tobias para passear em um lugar mais afastado, deixaria de ficar tão freneticamente concentrado naquilo que sua mente insistia em lhe dizer. Atravessou a rua com calma, sentindo seu gato arrastando-se manhosamente, não querendo deixar o canteiro de seu vizinho tão cedo. Louis soltou um pequeno sermão, insistindo em continuar seu caminho até o outro lado da rua, para a calçada que dava de frente para o jardim de uma casa que Tomlinson não sabia a quem pertencia.

Ele nunca havia visto algum morador ali, mas a janela que ficava ao lado da porta de entrada estava aberta, o que denunciava que alguém ainda chamava aquele lugar de casa. Pensou que, por não conhecer a pessoa que morava do outro lado da rua, seria mais arriscado levar seu gato travesso para passear, mas Louis inconscientemente sabia que era melhor levar xingos de um desconhecido do que continuar pensando lorotas que envolviam Harry e todas as artimanhas que ele era capaz de fazer em uma sala fechada, depois de uma garrafa de vinho.

De qualquer forma, Tobias não estava lhe dando tantos motivos para ficar zangado ou pensar em agarrá-lo pela barriga peluda e rechonchuda e leva-lo para dentro de sua casa, acabando com toda a graça daquele passeio. Louis também precisava de um tempo para pensar, e estava aproveitando aquele momento para fazer exatamente o que seu corpo pedia. Expelir toda e qualquer forma de pensar em Harry para bem longe, de uma só vez. Cantarolou baixinho, criando uma melodia para a canção que ele havia improvisado ali na hora. A letra falava sobre olhares diabólicos e botas de bico fino. Sussurrou uns palavrões e distraiu-se com um canteiro de flores adoráveis, forçadamente cravando seus olhos em pequenas flores azuis e bem chamativas, até mesmo perdendo a oportunidade de educar um pouco mais seu gato de estimação quando este começou a arranhar e mordiscar algumas.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jul 27, 2021 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

speaking in bodies // larry stylinsonWhere stories live. Discover now