Capítulo 18

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Ele despertou com as lindas pernas de sua esposa enroladas nas suas, sorriu apertando o peito pulsante, emocionado. Ele era humano, tinha alguém que fazia seu coração pulsar de uma forma louca e boa, não havia mais dor, nem sussurros e gritos desejando sua morte, muito menos pesadelos ao anoitecer e garras lhe sufocando ao amanhecer. Agora todo amanhecer ele iria despertar pelo calor dela lhe confortando, aquecendo, pelo resmungar engraçado que ela fazia quando sonhava. E principalmente pelo sorriso ao vê-lo agarrado a ela. ― Bom dia, meu marido Dixon. 

― Bom dia minha senhora, minha princesa, minha esposa Elisie. ― ela gargalhou e se sentou segurando o lençol. ― Não seja como aquele casal de ontem à noite, é constrangedor. ― Desculpe, minha Eli, Elili, Elizinha. ― ela gargalhou e lhe estapeou o ombro, e finalmente se lembrou onde estava e disse séria: 

 ― Vamos voltar agora? O reino deve estar uma bagunça, já que os ministros não aceitam nada sem sua presença. ― Me deixe acordar primeiro. Não, não me acorde, tenho medo de acordar e voltar ao começo, voltar a sofrer e tentar não sofrer com aquele monstro. Quero apenas permanecer sonhando esse lindo sonho que é ser humano e ter alguém para aquecer minha cama fria. ― Vamos passear pela cidade antes de irmos então? Como naquele dia? ― Tem certeza sobre isso? ― Claro, os outros não vão se importar de adiarmos por mais um dia nossa volta, ou vão? Ele sorriu e a abraçou beijando seu pescoço. ― Se eles não nos virem saindo não vão. Assim que saíram da estalagem correram de mãos dadas para que Alex não os visse e os impedissem de sair apenas para que ele pudesse voltar logo para sua casa. Pararam longe o suficiente para que não fossem distinguidos na multidão. Tomaram o desjejum em uma barraca de pães doces, que Elisie os devorou de tão deliciosos que achou, em seguida pararam em uma floricultura onde Dixon começou a interrogar sua esposa, queria saber as coisas que ela gostava e não gostava. Queria fazer tudo o que ela tivesse curiosidade. Ela acariciou algumas pétalas de orquídeas, e o olhou sorridente. 

― As compre para mim? ― ele meteu as mãos nos bolsos, conseguindo apenas dois dakios, encolheu os ombros antes de disser sem graça: ― Desculpe o outro saco de moedas está com Alexyan, mas podemos ir naquela loja ali. ― apontou para uma casinha velha com a porta aberta com uma cortina de conchas e fitas coloridas. ― O que é lá? ― Ah! Lá é a loja da feiticeira. ― disse a senhor de joelhos cortando algumas mudas. Elisie e Dixon trocaram olhares perplexos, ele foi o primeiro a falar: ― Quer dizer a bruxa? ― o vendedor gargalhou balançando a cabeça dramaticamente ― Não, é apenas uma feiticeira, filhas de bruxos que nasceram com um sexto sentido, elas são muito perceptivas. Também são elas que fazem remédios eficientes para curar os infelizes atacados por criaturas da floresta. Vocês deviam ir lá, ela pode ler a sorte de vocês. Ela é boa com isso. 

Elisie abriu um largo sorriso antes de puxar a mão do marido e agradecer o vendedor. Eles entraram na pequena casa, um cheiro de incenso irritou o nariz do Cordial que o esfregou com o dedo indicador, depois se virou para sua esposa que olhava curiosa o lugar e nem percebera a mecha curvando o rosto e lhe tocando os lábios, ele ergueu a mão, acariciou o rosto dela e percorreu toda a pele macia até lhe tocar os lábios e afastar o cabelo. Ela corou olhando apaixonada para os olhos verdes brilhantes. ― Não parece real... você assim sendo tão carinhoso e um homem que seria capaz de cativar o coração de muitas. ― Eu somente preciso cativar o seu. E para ser sincero eu mesmo não acredito que isso seja real, eu aqui deixando minhas emoções se agitarem no peito, o amor me enchendo e você segurando a minha mão. Então Elisie, diga que isso é real. 

― Vejo que seu amigo foi rápido em te libertar. ― disse a voz rouca e velha. Os dois se viraram para a voz, era a velha da estrada, os cabelos dourados balançavam à medida que ela se balançava na cadeira, o cajado estava largado ao lado sem utilidade. ― Obrigado, se não fosse pela senhora eu não teria sido liberto. ― Não me importa, o que é fazer uma boa ação uma vez ou outra, enfim... o que desejam? ― Queremos ver nossa sorte. ― a velha deu um riso esganiçado antes de saltar para fora da cadeira, pegou o cajado e se aproximou de uma mesa redonda com um prato com um líquido prateado. Ela cuspiu dentro dele e disse palavras estranhas como em uma canção, por fim disse como se lesse algo no líquido prateado: ― O primeiro amor sempre é impossível. Sabe? O universo não quer isso, o primeiro amor sempre é rejeitado pelos deuses... sempre foi assim, e sempre será assim até que alguém prove o contrário. ― Não entendo aonde a senhora quer chegar, diga a verdade, eu odeio quem mente e não tente mentir para ver como eu fico com ódio, pois não será bonito. ― a velha abriu um sorriso amarelo, esticou a mão velha até o rosto enrugado e tirou os fios secos da frente dos olhos antes de dizer com uma voz sombria: 

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