Capítulo 41 - Treinando

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— Quer que eu chame a enfermeira? — Ele se aproximou aparentemente preocupado.

— Não! — Mantive meus olhos fechados.

Senti que ele ainda me encarava, mas nenhum de nós falava nada. Sua respiração estava tão descompassada quanto a minha, e quando abri os meus olhos vi o quão próximos nós estávamos, seu olhar estava fixado em meus lábios semiabertos. A vontade de beijá-lo supria a dor de não o ter mais comigo. Conseguia ver em seus olhos, agora escuros, que também queria aquilo. Estávamos muito próximos quando nossos olhos se encontraram e eu tive a certeza de que ele iria me beijar. Nossos narizes se tocaram e meu mundo desabou. A dor na barriga fora substituída por um nó que ficava mais apertado a cada milímetro que ele se aproximava.

— Alex... — Sussurrei para ter certeza de que isso não era algum delírio.

— Shii! — Ele disse acariciando meu rosto. E eu vi o mundo girar, e logo depois parar bruscamente.

— Alex? — Uma voz estridente gritou da porta.

— Elizabeth? — Alex levando assustado como se houvesse saído de um transe — O que faz aqui?

— Procurando a Agente Walter. — Sorriu fraco se recompondo.

— O que foi? — Disse abrindo meus olhos ainda deitada mostrando toda a minha frustação na voz.

— Tem um agente lhe aguardando para uma reunião.

— Tudo bem! — Respirei fundo pela vigésima vez naquela hora — Pode dizer que já estou a caminho. — Levantei e olhei para Alex que evitava olhar para mim. Peguei as minhas coisas e sai dali rapidamente.

Depois deste evento, Alex havia voltado a ser a pessoa fria de sempre. Nos treinos ele se esforçava e estava sempre focado, mas não trocava uma palavra comigo, nem mesmo quando havia alguma dúvida de sua parte. Era apenas a minha voz naquela sala, todos os dias. As duas semanas seguintes procederam da mesma forma, e eu já estava chegando ao meu limite, pois claramente ele ainda se preocupava comigo, e deixou isso claro naquele dia, mas ele adorava vestir essa máscara e me maltratar. Olhar para Alex, seja ele o homem que me odiava ou o homem que me amava e que seria pai daqui alguns meses sem nem ao menos saber, não me fazia bem. Estava ficando realmente doente com tudo isso. Havia chegado à um estágio em que, quando o treino terminava eu me trancava em meu escritório e chorava por horas, depois comia o quanto podia e trabalhava o quanto conseguia.

Todos sabem seus limites, e eu já havia ultrapassado todos os meus.

Quando acordei hoje, decidi que não me maltrataria mais dessa forma. Sabia que tudo aquilo não passava de um teste em relação a minha lealdade e sanidade mental, mas, no momento, eu não ligava se a bancada de líderes acharia que havia uma ligação entre Maurício e eu ou se haveria envolvimento pessoal da minha parte para com Alex. Não me importava, como não me importo agora. Eu só queria acabar com tudo que estava acontecendo.

Antes de ir à sala de Anthony, para pedir minha liberação da missão, eu decidi encerrar ao menos uma parte do treino que era vitral para a sobrevivência. A parte de lutas com armas de fogo. Havia começado, há dois dias, treinar a pontaria de Alex, que não era de todo ruim para um iniciante. E precisava ao menos garantir que ele saberia se defender sozinho quando chegasse a hora, pois eu não estaria lá para ajudar.

— Bom dia! — Entrei na sala de treinamento de tiro carregando uma mala enorme com várias armas sem receber uma resposta de volta. — Bom, hoje vamos treinar sua mira com armas mais pesadas — Fui tirando algumas da mala e colocando na bancada junto aos carregadores de munição. — Bem... — Comecei — Essa aqui é uma AK 74, uma versão mais moderna da tão conhecida AK 47. Ela usa um carregador cilíndrico, que chamamos de carregador tambor, também conhecido aqui como Drum Magazine, que possui modelos para várias pistolas, fuzis e metralhadoras em calibres pesados e em quantidades de munição que podem ultrapassar 1000 unidades. — Ele me olhava atentamente. Parecia muito interessado em cada palavra que dizia. Armas, definitivamente, era a parte que ele mais gostava em todo o treino. E em especial treinar com metralhadoras potentes, parecia muito melhor do que aprender atirar com uma pistola de calibre 38. — Essa é uma Glock, uma pistola comum, não é automática, e pouco utilizada por bandidos profissionais. Mas é uma pistola interessante, então nós fizemos algumas alterações na arma e a transformamos em uma pistola automática e utilizamos o carregador cilíndrico na mesma. Ela atira 20 balas por segundo e se torna muito prática em um combate onde precisa reduzir seu carregamento de armas. — Coloquei a Glock de volta na bancada pegando uma M24 — Esse é o rifle de precisão mais usado no exército americano. Mas estamos trabalhando em um aprimoramento de sua precisão e potencialização de alcance — Coloquei de lado pegando a minha preferida — Bom essa aqui sem dúvida é uma das melhores armas já fabricadas — Falei empolgada — Barret M82A1 é um rifle fabricado em 89 e é conhecido pela sua destruição em massa. O objetivo dele é exterminar tantos os inimigos quanto a estrutura física ao redor deles. O seu alvo aproxima até dez vezes e a distância de um tiro preciso é de 2600 metros.

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeWhere stories live. Discover now