O Sultão e o Frade

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Muito tempo antes desse acontecimento, o jovem Francisco tinha pedido permissão para o Papa Inocêncio III para fundar sua nova ordem religiosa, a Ordem dos Frades Menores. O Papa havia permitido, e tinha-o alertado que futuramente ele seria chamado para algo muito maior, era apenas uma questão de tempo.
Muito tempo passou-se desde então, com Francisco cada vez mais crescendo em fé, esperança e caridade, que andavam de mais dadas com sua imensa pobreza, sua cega obediência, sua heróica castidade, tudo isso por Deus e à modelo de Nossa Senhora, mãe de Deus e da Igreja toda.
Nessa extrema mortificação, porém com extrema alegria, Francisco foi convocado para um grande feito: Uma Cruzada. Atraído pela idéia do martírio, de morrer por Cristo, de lutar ao lado do Santo exército de Deus, o frade não hesitou, mas foi logo com alguns de seus irmãos da Ordem para a cruzada.
Chegando lá, os soldados estavam desmoralizados e cansados: não pareciam ter a alegria de Deus nos olhos como frade Francisco. Ele tentou pregar e falar de Deus para eles, mas poucos ouviram, e os que o ouviram fizeram pouco caso.
Francisco então soube que o acampamento do sultão estava próximo. Atraído novamente pelo martírio, dirigiu-se com um irmão ao acampamento, e foi capturado e maltratado pelos muçulmanos. Com as poucas palavras que conhecia da língua Árabe, gritava a palavra "Soldan" (Sultão), insinuando que queria vê-lo. Então o levaram para a presença do Sultão do Egito.
Francisco, ao ver o Sultão, começou a falar-lhe para renunciar sua fé no falso profeta Maomé e aderir à verdade Cristã. Mas o Sultão respondeu-lhe:
"Seus evangelhos dizem para amarem o próximo, mas não o fazem! Nos atacam nessa guerra! São hipócritas! "
Mas São Francisco massacrou as palavras do Sultão:
"Não lestes o evangelho inteiro, sultão! Também nos diz para não atirarmos pérolas aos porcos e as coisas santas aos cachorrinhos! Vocês nos massacraram e nos atacaram: é conforme a justiça de Deus e a legítima defesa que os atacamos! "
O sultão impressionou-se com as palavras do Santo, mas não se convenceu. Francisco, então, requisitou o seguinte:
"Acenda aqui no meio uma fogueira! Entraremos nela eu e os líderes de sua religião. Quem sair intacto, terá a verdade. Mas se eu queimar, atribuirei isso aos meus pecados!"
O Sultão recusou
"Não queremos que ninguém se queime"
Mas expressou uma enorme admiração pelo Santo, o que o fez enche-lo de presentes, todos rejeitados pela humildade de Francisco. O sultão os deixou ir livres, os dois frades, e Francisco voltou ao acampamento dos templários. Lá o receberam com festa e alegria, ouvindo de seu feito heróico no acampamento dos islamitas . E ele pregou para eles por um tempo, até voltar para Assis.

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