A garota não parecia querer aprender mesmo. Já tinham repetido a
mesma nota umas vinte vezes. Era um lá! Um lá! Era uma das notas mais fáceis.
Como é que ela não conseguia? Acalmou-se olhando para o belo par de coxas
dela. Ao ajeitar a perna de apoio, pode ver sua calcinha. Virgem, provavelmente.Antes que fizesse alguma besteira, deu seu tradicional sorriso, que tanto
lhe deu fama, e disse que estava ótimo. Falou para treinar mais durante a semana
e na semana que vem ele passaria uma música.
Ela o acompanhou até a sala, onde sua mãe anotava uma receita que Ana
Maria Braga ensinava. Ao ver o rapaz de calça justa, desviou seu olhar da tevê,
passando pelo pau duro do professor de guitarra e deu um sorriso.Levantou-se e puxou conversa, enquanto ia pegar na bolsa os vinte reais
da aula. Entregou-lhe o dinheiro, fazendo questão de segurar na mão dele. A
mulher era jovem, devia ter uns trinta e poucos anos. Com certeza lembrava-sedele em seus bons tempos.
Na porta, a garota de quatorze anos fez questão de ir abraçá-lo.
Ficara meio sem graça de estar com o pau duro, mas ao sentir que ela
apertara-o forte, pressionando seu pau em sua boceta, só deixou-o mais duro. Ah,
quantas calcinhas ele já deixou molhadas só de estar por perto. Afastou a garota,
que mais parecia querer ficar bolinando-o até sentir o primeiro prazer de sua vida,
e desceu pelo elevador. O porteiro, como sempre, deu um sorriso irônico ao abrir
a porta. Colocou seus óculos escuros e foi para o ponto de ônibus, esperar seu
transporte de volta para Araçatuba.
Após uma espera de meia hora, veio um ônibus lotado. Entrou e mostrou
uma nota de dez reais para o trocador. Sem troco. Tentou convencer a deixá-lo
passar, garantia que ia pagar depois. Sem chance. Sentou-se no degrau até
chegarem ao engarrafamento na marginal. Lá, comprou dois biscoitos Globo para
trocar o dinheiro e entrou. O biscoito, já esfarelado, virou um polvilho só. Sujara
sua jaqueta de couro original. Uma de suas poucas lembranças.Uma mulher ao seu lado escutava walkman. Ricky Martin, livin' la vida
louca.
Seu sangue subiu a cabeça. Fechou os olhos e lembrou-se de sua
juventude sônica. O tempo voou assim, e quando viu já se tinha passado duas
horas e três pontos de sua casa. Descera na entrada a favela. Reconheceu Ricardo,
seu fornecedor. Deu a nota de dez reais que sobrara e comprara 100 gramas.Como sempre, o moleque colocou a mão na cintura, e deu uma rebolada
para se despedir. Até que gostava disso. Mesmo nesta área pobre, se sentia
melhor que no centro. Lá as pessoas o conheciam e o apoiava.Antes de ir para casa, resolveu parar numa birosca. Seu Jorge trouxe a
Itaipava que tanto gostava, um copo e um cinzeiro. Pediu um maço de cigarros e
pegou seu celular. A secretária avisara que seu agente estava ocupado.Falou que era Afonso. Ela perguntara quem era afinal. Insistira e ela
passou para o ramal. Uma bola de meia bateu em seu copo, molhando toda suajaqueta de cerveja. Levantou e ia tacar a bola num valão, quando seu agente
atendeu. Sorriu e começou a conversar. Jogou a bola para os garotos, que
DU LIEST GERADE
Por uma vida menos ordinária
KurzgeschichtenEste livro não tem monges nem executivos. Não te fará um líder eficaz. Não ensinará a ter uma tropa de elite de vendas. Não ensinará como ser legal. Não ensinará como influenciar pessoas. Este livro não têm anões atrás de um anel para queimá-lo. Nem...