"Nice to meet you" Parte II

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   Adormeci. E quando acordei, nada de sua mensagem, nada de resposta desse tal Adriano. Não sei ao certo qual a intenção dele, seria apenas pegar meu número? Seria dar em cima de mim e caso eu não descobrisse do seu casamento, tentar sair comigo? Não consigo imaginar outras opções plausíveis para essa situação.
    Me levantei, 6h30 da manhã, sábado nunca foi tão bom, nunca esteve tão friozinho em uma manhã de dezembro, e finalmente meu semestre escolar tinha chego ao fim. Em frente ao espelho do banheiro me deparo com um espantalho, ou apenas eu mesma, branca, magrela, feia, descabelada, cheia de espinhas no rosto ... com certeza aquele tarado da biologia não iria querer nada comigo.
    Após o café, meu telefone toca. Número privado. Sem ao menos pensar em possibilidades de pessoas a me ligar, eu atendi.

   "Bom dia, Biologia."

   Com uma voz rouca, aparentando que tivesse acordado a pouco tempo, e em seu final um tom um tanto quanto sexy. Era ele. O tarado. O sádico. O lindo. O homem que passei a manhã inteira pensando sem querer. Adriano. Eu realmente não queria responder, não seria o certo, mas por educação resolvi estabelecer uma conversa, mas deixando claro que eu não iria dar bola pra ele.

   "Olá, seu Adriano, bom dia."
    Eu disse.

   "Como está nessa manhã, minha cara Júlia?."
   Ele respondeu com um ar sarcástico, como se estivesse a tirar sarro da minha formalidade.

   "Muito bem, e a sua senhor? Já deu bom dia para sua esposa?."
   Respondi. Se ele quer tirar sarro, eu também sei provocar.

   "Minha manhã está boa, ouvindo sua voz não teria como ficar de outro jeito. E minha esposa não sei onde está, na cama é que não é ... e minha futura esposa? O que está fazendo?."

   Fiquei em choque. Esse cara é mesmo ousado. E mais que ousado, ele é muito folgado mesmo. Estava cansada daquela folga toda pra cima de mim, e resolvi logo ser grossa com ele. Com toda fofura do mundo, eu disse:

   "Qual é a sua mano? Primeiramente, você é casado. Segundo, você mal me conhece e já me chama de futura esposa? Você é louco, só pode. Se você continuar dando em cima de mim eu serei obrigada a te bloquear."
  
   Boa Júlia! Primeira ação certa em relação a esse depravado.
   Mas antes que eu pudesse me achar com minha resposta de menina autoritária - que é notável que não sou -, ele me responde em um tom totalmente calmo como se nada houvesse acontecido:

   "Está estressada princesa? Podemos sair mais tarde, o que acha? Um cinema talvez, um jantar a dois, algo mais calmo ... o que acha?"

   Esse cara realmente não é normal. Ele além de dar em cima, ainda me chama pra sair? Cara de pau mesmo.

   "Adriano, você é casado. Você é gato mesmo, você mesmo já sabe, mas casado não rola. Podemos ser amigos, sei lá, mas casados não rola."
   Tentei apaziguar as coisas, pois a final, uma amizade não mata ninguém né mesmo? Eu já tava gamada nele, ele é realmente gato, do jeito que eu gosto: Alto, forte, rústico, de traços bem marcados, maxilar e ombros largos ... mas um acordo de matrimônio fazia com que todas expectativas se acabassem alí, não dava para tentar algo "mais que amizade" com um cara comprometido.

   Mas como sempre, ele não podia ficar por baixo, e começou a se explicar:

   "Júlia, você é diferente. Óbvio que não é a primeira garota que estou tentando algo, mesmo sendo casado, mas a diferença de você pras outras ... é que eu quero que você seja a última. Sério, a última tentativa, a última investida, a última chance de tentar um amor novo. Eu estou em um processo de divórcio, não sei o que é amor a no mínimo dois anos. Não carne, mas alma, coração, espírito. Aquele amor que você olha nos olhos da pessoa e sinta que é ela o seu eterno sonho, e foi isso que senti quando te vi. Tão frágil, não conseguia nem ao menos manter um livro grande em uma mão e a bolsa em outra, seu jeito de andar distraída, seu sorriso, sua voz ... me fez acreditar novamente no amor. Então não me trate assim, não tire conclusões antes de saber de tudo. Me deixa te conhecer. Deixe você mesma me conhecer. Me deixe te conquistar."

   Um silêncio se instalou no ar. A ficha não tinha caído. E antes que eu pensasse em responder algo, ele concluiu:

   " Prometo que você não vai se arrepender. Vou ter que desligar, mas se quiser aceitar o convite do cinema ou até mesmo do jantar ... me mande uma mensagem, você tem meu número. Se cuida, beijo."

   E desligou.
   O que tinha acabado de acontecer?
   Eu simplesmente não sabia o que fazer. Me sentia feliz de ele não estar realmente casado, me sentia culpada por ter julgado ele tão mal mesmo antes de tê-lo conhecido, e o mais importante ... me senti única. Única de uma forma como nunca tinha me sentido antes, apesar de já ter ficado com alguns garotos, suas palavras fizeram eu me sentir especial pra alguém, pela primeira vez em minha vida.
   Aceitar o convite já não era mais uma obrigação, agora tinha se tornado um desejo, um sonho ... então rapidamente enviei uma mensagem em relação a hoje a noite:

   "Me desculpa por tudo, juro que não era minha intenção. Como forma de desculpas aceito o convite do jantar, cinema não, pois estou cansada de telas e escuro ... me lembram a faculdade kkkk. Hoje a noite, às 20h, esteja aqui sem atraso. Te mandarei meu endereço através de uma localização. Bjus, até mais tarde. <3"

   E em menos de um minuto a resposta chegou, com total identidade "Adrianistica" de ser:

   "Sabia que iria aceitar, não iria deixar um tão bom partido sumir assim né? Kkkkk. Me espere, estarei aí no horário combinado. Bjo meu bombom. <3"

   Pronto, mais um motivo pra bobona aqui não tirar esse homem da cabeça e passar a tarde toda sorrindo.
   Maldita mensagem, maldita ligação, maldita ilusão que estava sendo criada em relação a esse monstro.

O Destruidor de sonhosWhere stories live. Discover now