"Nice to meet you" Parte I

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   Cheguei, conturbada pela espera de chegar uma mensagem dele, e nada. Ficava tipo louca, pra lá e pra cá, atrás de algo para me distrair enquanto uma mensagem de número desconhecido não aparecia nas notificações do meu celular.
   Chegou.
   Simples, sem graça, e com nenhuma demonstração de interesse:
   "Eai"
   A foto era de um desenho, aparentemente uma referência pessoal à desenhos japoneses, onde o personagem tinha uma fisionomia muito parecida com a dele: um coroa nerd de uma confiança acima do normal. O seu DDD não era o mesmo que o meu, aparentava ser do estado de São Paulo, ou algo do tipo, mas por conta da foto de perfil tive total certeza que era aquele malandro galanteador da trombada. Ignorando o fato de ele ter sido mais frio que a Antártida, resolvi responder de uma forma mais animada:
   "EAIII, E NÃO É QUE VOCÊ CHAMOU MESMO? KKKK"
   Visualizou, continuou online, mas não respondeu. Aproveitei esse tempo de vácuo para olhar seu status. Um emoticon de uma caveira e o nome: "Gh0st69". Deve ser algo relativo à algum nickname ou seu pseudônimo em algum jogo online, que ele aparentava mesmo gostar, então logo desprezei e voltei para a tela da conversa, em menos de 10 segundos após isso ele respondeu:
   "BIOLOGIA, foto legal a sua, linda como sempre. Eai, pronta para começar a aula, professora?"
   Eu para não quebrar o clima fui entrando na brincadeira e me envolvendo no papo:
   "Sério que você só disse aquilo tudo para conseguir meu número? E eu iludida pensando que você era o gênio da biologia, que invés de sair de uma lâmpada, sairia de um livro de páginas amareladas sobre sistema nervoso kkk."
   Ele riu, e logo em seguida fomos criando um diálogo.
   "Enfim biologia, o que você faz além de esbarrar em homens lindos na rua, como eu?" Ele perguntou.
   "Nem um pouco convencido você hein queridinho kkk e aliás, foi você quem esbarrou de propósito em mim só para pedir meu número kkkk. Eu só faço faculdade mesmo, comecei ano passado, estou no terceiro semestre e já ta batendo o arrependimento kkkk. E você? Biólogo você não é. Qual sua profissão? O que você faz da vida para continuar dando em cima de estudantes universitárias?" - Respondi sendo bem direta.
   Estava tentando saber mais sobre ele, não porquê estava interessada, mas sim porquê ele parecia totalmente intencional ao tramar tudo aquilo que estava à acontecer.
   Novamente um vácuo.
   E agora doeu ... 20 minutos.
   30 minutos ...
   Só depois de 45 minutos que chega sua mensagem, acompanhada de um breve pedido de desculpas:
   " Perdão, minha esposa quase me estrangulou para eu ir jantar kkkk. Eu trabalho em uma editora, na verdade não uma editora em si, mas uma filial de uma, fazendo revisões e adaptações de best-sellers que já estão a sair de moda kkk Um trabalho chato eu sei kkk Eai, a princesinha tem dono ou ainda não encontrou o príncipe encantado? Kkkk essa foi horrível, assumo."
   Em choque.
   Estável.
   Não estava nem um pouco interessada nele, mas que canalha, que safado, que cachorro ... o cara é casado e dando em cima de mim?
   Fiquei muito puta da vida, isso sim, não sabia mais o que falar, muito menos em como tentar ser simpática sem mostrar que estava odiando ele por dentro.
   Respondi de forma direta, como sempre, mas dessa vez resolvi deixar claro pra ele que continuar dando em cima, ainda mais com essas cantadas dignas de um pedreiro, não iria levar a lugar nenhum. E respondi:
   "Ora, ora ... parece que temos um homem casado aqui, que ainda por cima dá em cima de garotinhas pós colegial ... lamentável kkk Seu trabalho parece ser legal po, não conhecia ninguém neste ramo. E não, não tenho namorado, mas pra homens casados como você eu estou 100% indisponível :) "
   Peguei um pouco pesado. Bem grossa, admito, mas ele meio que pediu por isso. Como poderia ele ser tão mal caráter a esse ponto?
  Ele visualizou, e não respondeu.
  E ficou assim por uns 10 minutos, ficando online, com a mensagem visualizada e não respondendo.
   Acho que ele tinha se sentido mal pela opinião que eu tinha formado sobre ele.
   Então resolvi mandar outra mensagem, para me desculpar pelo modo que tinha dito, pois odeio que os outros me vejam como uma "bruxa das críticas", "como senhorita julgadora" ou algo do tipo, então enviei:
   "Foi mal pela forma que eu disse, apenas não acho certo você dar em cima de mim sendo casado, mas isso não é motivo para achar que te odeio kkk."
   Pronto, uma resposta muito menos ofensiva, e muito mais simpática ... do jeito Júlia de se fazer. Mal sabia que esse seria o jeito errado.
   Maldita mensagem, maldito casório, maldito arrependimento que me abateu de por pelo menos uma vez ter tido a atitude certa.

O Destruidor de sonhosWhere stories live. Discover now