Altstadt , Dresden, 12 de setembro de 2014

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O rio Elba é um veio de prata naquela fria madrugada.

Bushman guiava o caminho enquanto Leonie, escanchada na garupa da minha bicicleta, me masturbava.

Atravessamos a ponte, o rio de águas germânicas.

Bushman à frente assobiando um adágio de Bach.

Eu lutando inutilmente para não gozar.

Quanta poesia havia naquilo tudo.

Ao pararmos próximo de um velho edifício, Leonie desvencilhou sua mão direita da base do meu pênis e saltou do assento. Olhares brilharam por um breve instante – íris verdes e azuis segredando seduções inaudíveis à meia-luz que incidia do poste rente à entrada.

Então, Bushman inclinou-se bem próximo de mim e sugeriu o ménage à trois num sussurro aveludado.


"Você não quer dormir aqui? O sofá é bem grande e acho dá para nós três".


O rio Elba é um veio de prata naquele amanhecer frio.

Como a porra de um déspota medieval saxão, cruzo a ponte montado não num garanhão ajaezado, mas numa bicicleta enferrujada. Entre a garoa fina que mareja os meus olhos tropicais, vejo o rosto de Leonie e a decepção estampada no semblante de Bushman diante da minha pudica recusa.

Eu não estava pronto para um ménage à trois...

Um rio de águas germânicas.

O adágio suprimido.

Fiquei pensando em Bushman e no seu tesão reprimido.

Pobre daquele que para se dar a um prazer carece da permissão do outro. 


Carne de TrópicoWhere stories live. Discover now