Fazia um calor tridimensional no Velho Mundo quando ela me contou sobre o Bushman.
Anuí àquele diálogo intrigante, escutando com esmerada atenção todas as sentenças, os fonemas, as frases exteriorizadas de sua boca arqueada e sedutoramente carnuda.
Leonie havia morado na Jamaica por muitos anos e o seu expressivo sotaque alemão mesclava-se em um inglês carregado de inúmeros "wha'gwans" e "me bredas".
Foi madrugada alta quando, por fim, nós nos beijamos
Saímos daquela danceteria abarrotada – alguma casa noturna clichê que parecia ter sido retirada da mente abstrusa de um cineasta tcheco – e seguimos na direção do hostel aos tropeços por conta dos beijos estalados a cada novo cruzamento.
Mãos margeando o pênis.
O ritmo circular do dedo anelar acariciando a vagina.
Tudo tão muito poético.
Tudo tão muito carnal.
E, caminhando ao nosso lado, de saia amarela, colares de conta, descalça, Oxum nos inspirava com sua putaria e conferia um novo sentido a frigidez europeia.
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Carne de Trópico
Non-FictionNão, não escrevo isso para vocês. Faço isso em uma exclusiva e patética homenagem aos inúmeros diálogos que tive comigo mesmo no silêncio dos quartos de hostéis emporcalhados, nos vôos turbulentos de um hemisfério ao outro, nas praias escondidas, na...