Fui pro quarto mais triste do que já estava. Não estava sendo nada fácil controlar o jeito do Leonardo, que perdia a paciência rapidamente comigo. Eu deitei na cama, enrolei no lençol e me afastei para o lado esquerdo deixando o outro lado vago, porque eu sabia que aquela cama era do meu senhor, e certamente ele iria deitar ali. O meu medo era constante, mas, não tinha muita escolha no momento. Procurei dormir e consegui depois de horas acordado.
Acordei na manha seguinte, e a claridade do sol adentrava pelo vidro da janela, clareando o quarto. Olhei para o lado, e estava do jeito como eu tinha deixado na noite anterior, mas notei algo que chamou minha atenção. Havia um bilhete.
"Quando acordar vai tomar um banho e faça seu café da manhã, eu voltarei em breve"
Era a letra dele escrito de caneta. Ele tinha uma caligrafia bonita. Eu me levantei e fui rastejando pelo corredor a procura do banheiro. Não demorei para encontra-lo.
Tirei minha roupa, e abri um armarinho a procura de roupas limpas e que me servissem, e encontrei algumas calças, shorts e camisas. Abri as gavetas atrás de cuecas e não achei nenhuma.
Resolvi tomar banho antes que meu senhor chegasse, removi a faixa do meu joelho que já estava bem melhor, e deixei que a água escorresse nele. Depois de minutos debaixo do jato de água quente, sai, e me enxuguei numa toalha fofa e perfumada. Vesti um short sem usar a cueca e uma camisa. Recolhi as minhas roupas sujas e depositei-as no cesto ao lado.
Depois fui para a cozinha fazer algo para mim comer. Abri a geladeira e vi que estava repleta de guloseimas. Fiquei tentado em pegar um pedaço de bolo que a vista estava incrivelmente delicioso, e não resisti, cortei um pedaço e me servi.
Lavei a louça que usei e fui pro quarto novamente. Não queria dar a impressão de que estava me sentindo a vontade e ficar esperando-o na sala. Era chato ficar ali sem ter nada para se distrair. Abri a porta do guarda-roupa e vi uma TV de plasma. Queria liga-la, assistir algo enquanto ele não vinha.
— Você não devia — ouço a voz atrás de mim, e me viro assustado em direção a porta aberta do quarto. Leonardo havia chegado e me pego em fragrante mexendo nas suas coisas.
— E-Eu sinto m-muito senhor... me perdoe! — Falei gaguejando e fechei a porta de correr do guarda-roupa. Leonardo veio até a mim.
— Não devia ter tirado o curativo do seu joelho, assim não irá sarar logo — ele disse apoiando um joelho no chão e com suas mãos examinavam meu joelho. Fiquei sem saber o que falar.
— Senhor... eu peço desculpas por ter mexido nas suas coisas.
Leonardo se levantou. Estava bem vestido, usava uma calça jeans bem colada, o que ressaltava as curvas dos músculos de suas pernas grossas, e uma camisa importada.
— Você quer assistir TV?
Fiquei sem graça e me afastei para o lado balançando a cabeça.
— Não senhor... estava apenas observando mesmo.
— Observando desligada? — fez a pergunta me deixando parecer um idiota. — Você quer assistir?
Olhei para ele, e não queria parecer abusado nem nada, mas, ele perguntara com gentileza, e confirmei.
— Sim senhor, eu gostaria de assistir um pouco.
Ele ficou de frente para a TV e a ligou, depois tirou um controle do lado e me deu na minha mão.
— Se divirta, eu vou estar no meu escritório a resolver algumas coisas.
Eu então me ofereci.
— Senhor, se precisa de alguma ajuda eu posso... — ele me interrompeu.
— Eu não quero.
Calei e o vi sair do quarto e encostar a porta. Fiquei parado por alguns segundos pensando e desisti da ideia de querer ver TV. Desliguei-a e fechei a porta de correr e sai do quarto.
Não sabia bem o que estava para fazer iria agradar ou desencadear uma nova fúria em Leonardo, mas, eu não estava mais a vontade de ficar sozinho, ou pelo menos, deixar ele sozinho enquanto trabalhava em algo e eu ali sem fazer nada produtivo.
Procurei pela sala onde ele estaria, e apesar de haver inúmeras portas eu desisti de ir abrindo-as sem permissão. Percorri o corredor até que uma delas estava entre aberta e parei atento para escutar qualquer som distinto de sua presença, e escutei uma cadeira sendo arrastada. Bati na porta e minha batida a fez se afastar ainda mais. Olhei para ele que me olhava sem entender. Permaneci imóvel, com um pouco de receio e querendo desistir e sair correndo dali, mas agora era tarde demais.
— M-me desculpe senhor... é que eu-eu não quero mais assistir TV.
— E eu o que tem haver com isso? — me dirigiu seco, me deixando mais ainda nervoso.
— Queria saber se posso ajudar em algo, senhor, prometo não atrapalhá-lo.
Leonardo veio até mim e me empurrou, me fazendo cair sentado para trás e fechou a porta com força. Aquela era a sua resposta final de que não precisava de minha ajuda.
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O Garoto do Magnata
RomanceEnrico Carlos Versalhes é um jovem que ao acabar de completar 18 anos descobre que foi vendido por seu pai para um homem muito rico para quitar as dívidas que ele tinha nas casas de jogos. Agora sem escolha a não ser aceitar esse destino ele parte p...