Capítulo 9

12.3K 1.1K 189
                                    


Fui pro quarto mais triste do que já estava. Não estava sendo nada fácil controlar o jeito do Leonardo, que perdia a paciência rapidamente comigo. Eu deitei na cama, enrolei no lençol e me afastei para o lado esquerdo deixando o outro lado vago, porque eu sabia que aquela cama era do meu senhor, e certamente ele iria deitar ali. O meu medo era constante, mas, não tinha muita escolha no momento. Procurei dormir e consegui depois de horas acordado.

Acordei na manha seguinte, e a claridade do sol adentrava pelo vidro da janela, clareando o quarto. Olhei para o lado, e estava do jeito como eu tinha deixado na noite anterior, mas notei algo que chamou minha atenção. Havia um bilhete.

"Quando acordar vai tomar um banho e faça seu café da manhã, eu voltarei em breve"

Era a letra dele escrito de caneta. Ele tinha uma caligrafia bonita. Eu me levantei e fui rastejando pelo corredor a procura do banheiro. Não demorei para encontra-lo.

Tirei minha roupa, e abri um armarinho a procura de roupas limpas e que me servissem, e encontrei algumas calças, shorts e camisas. Abri as gavetas atrás de cuecas e não achei nenhuma.

Resolvi tomar banho antes que meu senhor chegasse, removi a faixa do meu joelho que já estava bem melhor, e deixei que a água escorresse nele. Depois de minutos debaixo do jato de água quente, sai, e me enxuguei numa toalha fofa e perfumada. Vesti um short sem usar a cueca e uma camisa. Recolhi as minhas roupas sujas e depositei-as no cesto ao lado.

Depois fui para a cozinha fazer algo para mim comer. Abri a geladeira e vi que estava repleta de guloseimas. Fiquei tentado em pegar um pedaço de bolo que a vista estava incrivelmente delicioso, e não resisti, cortei um pedaço e me servi.

Lavei a louça que usei e fui pro quarto novamente. Não queria dar a impressão de que estava me sentindo a vontade e ficar esperando-o na sala. Era chato ficar ali sem ter nada para se distrair. Abri a porta do guarda-roupa e vi uma TV de plasma. Queria liga-la, assistir algo enquanto ele não vinha.

— Você não devia — ouço a voz atrás de mim, e me viro assustado em direção a porta aberta do quarto. Leonardo havia chegado e me pego em fragrante mexendo nas suas coisas.

— E-Eu sinto m-muito senhor... me perdoe! — Falei gaguejando e fechei a porta de correr do guarda-roupa. Leonardo veio até a mim.

— Não devia ter tirado o curativo do seu joelho, assim não irá sarar logo — ele disse apoiando um joelho no chão e com suas mãos examinavam meu joelho. Fiquei sem saber o que falar.

— Senhor... eu peço desculpas por ter mexido nas suas coisas.

Leonardo se levantou. Estava bem vestido, usava uma calça jeans bem colada, o que ressaltava as curvas dos músculos de suas pernas grossas, e uma camisa importada.

— Você quer assistir TV?

Fiquei sem graça e me afastei para o lado balançando a cabeça.

— Não senhor... estava apenas observando mesmo.

— Observando desligada? — fez a pergunta me deixando parecer um idiota. — Você quer assistir?

Olhei para ele, e não queria parecer abusado nem nada, mas, ele perguntara com gentileza, e confirmei.

— Sim senhor, eu gostaria de assistir um pouco.

Ele ficou de frente para a TV e a ligou, depois tirou um controle do lado e me deu na minha mão.

— Se divirta, eu vou estar no meu escritório a resolver algumas coisas.

Eu então me ofereci.

— Senhor, se precisa de alguma ajuda eu posso... — ele me interrompeu.

— Eu não quero.

Calei e o vi sair do quarto e encostar a porta. Fiquei parado por alguns segundos pensando e desisti da ideia de querer ver TV. Desliguei-a e fechei a porta de correr e sai do quarto.

Não sabia bem o que estava para fazer iria agradar ou desencadear uma nova fúria em Leonardo, mas, eu não estava mais a vontade de ficar sozinho, ou pelo menos, deixar ele sozinho enquanto trabalhava em algo e eu ali sem fazer nada produtivo.

Procurei pela sala onde ele estaria, e apesar de haver inúmeras portas eu desisti de ir abrindo-as sem permissão. Percorri o corredor até que uma delas estava entre aberta e parei atento para escutar qualquer som distinto de sua presença, e escutei uma cadeira sendo arrastada. Bati na porta e minha batida a fez se afastar ainda mais. Olhei para ele que me olhava sem entender. Permaneci imóvel, com um pouco de receio e querendo desistir e sair correndo dali, mas agora era tarde demais.

— M-me desculpe senhor... é que eu-eu não quero mais assistir TV.

— E eu o que tem haver com isso? — me dirigiu seco, me deixando mais ainda nervoso.

— Queria saber se posso ajudar em algo, senhor, prometo não atrapalhá-lo.

Leonardo veio até mim e me empurrou, me fazendo cair sentado para trás e fechou a porta com força. Aquela era a sua resposta final de que não precisava de minha ajuda. 

O Garoto do MagnataWhere stories live. Discover now