O motorista desligou e meu olhar cruzou com os seus pelo retrovisor.
— Agora não precisa mais ficar quebrando a cabeça, você me ouviu certo?
Balancei a cabeça com vontade de morrer.
— Sim, estou indo para longe de tudo e de todos que conheço... — murmurei triste. — Preferia morrer do que viver à isso.
O motorista virou uma esquina.
— Deve ser difícil para você, eu compreendo.
Estava agora tão absorto que conversava com o motorista como se nada mais se importasse.
— E você faz esse serviço sempre, de transportar escravos humanos fora do país?
Ele riu.
— Pra ser sincero com você, é a primeira vez que estou fazendo isso — revelou. — E para ser mais sincero nunca vi outra pessoa entrar nesse carro além do patrão.
Ergui as sobrancelhas.
— Você está dizendo a verdade?
— Sim, não preciso mentir para você.
Estava estranho mais do que aparentava estar. Queria saber mais, e aproveitaria que ele estava disposto a ser sincero comigo.
— Mas ele é estrangeiro, como pode estar dizendo a verdade para mim?
— Ele não é estrangeiro, o simples fato dele ter uma mansão na Espanha não quer dizer que ele seja espanhol — respondeu.
Fiquei de boca aberta.
— Ele então é?...
— Não tenha pressa em querer conhece-lo, terá muito tempo para isso.
— Você precisa me contar, por favor, quem é esse homem? — insisti.
O motorista não respondeu mais nada, e além disso, apertou um botão no seu painel e um vidro subiu separando a gente, impossibilitando de eu conversar com ele.
As portas eram todas fechadas e não seria possível abri-la caso eu quisesse tentar fugir.
Uma hora depois o carro seguiu para um grande edifício, e entramos por um portão que se abriu automático, e descemos uma rampa para o estacionamento abaixo do grande prédio.
O carro estacionou e eu estava preparado para sair assim que ele abrisse a porta.
Tirei o sinto de segurança, e vi o motorista sair e rodear o carro até abri-la e eu fazer o favor de sair. Senti o frio do solo nos meus pés descalços e fiquei envergonhado de estar de pijama.
— Por favor, me acompanhe, vamos por aqui.
Eu obedeci e o acompanhei até uma entrada que dava para um elevador. Ele apertou um botão e esperamos, até que a porta se abriu e fui convidado a entrar.
Estava frio. Encolhi. Senti subindo e pelo painel subíamos para cada vez mais alto. Finalmente paramos e a porta se abriu. Um grande corredor e muitas portas fechadas. Acompanhei o motorista que ia à frente, pedindo que eu não ficasse muito atrás.
Parei quando ele estendeu a mão em sinal de parar. Estava ficando nervoso... atrás daquela porta de madeira, de número 45 podia estar o responsável pelo qual eu me tornaria seu escravo o resto da minha vida.
— E-Ele está aqui? — deixei escapar nervosamente. O motorista me olhou, sorriu encorajando-me, e tirando uma chave do seu uniforme abriu a porta.
— Por favor, queira entrar.
E sem alternativa nenhuma, entrei.
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O Garoto do Magnata
RomanceEnrico Carlos Versalhes é um jovem que ao acabar de completar 18 anos descobre que foi vendido por seu pai para um homem muito rico para quitar as dívidas que ele tinha nas casas de jogos. Agora sem escolha a não ser aceitar esse destino ele parte p...