Capítulo 6

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Estava bastante apreensivo em pé ao lado da mesa onde ele comia um sanduíche que eu fizera, com um copo de suco de laranja gelado. Ele comia sem expressar alguma reação que pudesse identificar se estava gostando ou só comendo por comer, já que estava com fome. O medo me rodeava, eu só queria ter tido permissão para estar longe dele naquele momento.

Ele comeu o último pedaço do lanche natural e tomou o restante do suco.

— Tem mais? — ele perguntou passando a língua entre os dentes, e fiquei aliviado ao perceber que ele gostara do que eu preparara. Rapidamente fiz mais um lanche, agora sob a sua presença. Tinha que manter a concentração e não tremer muito. Enchi o copo novamente e ele devorou agora com mais rapidez. Limpou a boca num lenço branco e abafou o arroto com a mão, para ser menos indelicado.

Fiquei esperando algum comentário ou elogio, mas ele afastou a cadeira e se levantou sem dizer nada, sem olhar para mim e saiu da cozinha.

Resolvi me mexer depois de alguns minutos feito uma estátua no mesmo lugar. Estava tenso e confuso. Arrisquei a me sentar no mesmo lugar que ele havia sentado e estiquei as pernas duras, a fim de relaxá-las.

Debrucei sobre a mesa, apoiando a cabeça nos braços cruzados e fechei os olhos para pensar mais um pouco. Estava angustiado, com medo, sem esperanças. Adormeci sem perceber.

Acordei com o meu dono me chacoalhando no ombro. Levantei a cabeça para ele assustado, e na menção de levantar rápido bati o joelho na quina da mesa. Urrei de dor, me afastando mancando para trás, e engoli a dor, me posicionando reto, e me desculpando.

— P-Perdão senhor, eu... eu não devia ter cochilado, peço que me perdoe... isso não vai...

— Silêncio — ele me interrompeu, olhando-me sério. Aproximou-se e me encarou. Não me atrevi a olhar seus olhos e baixei a minha visão para os seus sapatos. Sem evitar, cai sentado na cadeira quando ele me empurrou, e olhei assustado para ele, que agora se encurvava, se apoiando com um joelho no chão e examinou meu joelho machucado. Gemi quando ele apertou a região afetada, e sua mão começava a massageá-lo. — Irei fazer um curativo, deixe a perna esticada assim, volto logo.

Eu o vi se levantar e se virar. Fiquei impressionado com seu gesto de gentileza.

Logo ele retornou com uma maleta de primeiros socorros, e abriu-a em cima da mesa. Tirou um spray e um maço de algodão que banhou a ponta num pote com algum álcool hospital. Ele passou sobre meu joelho machucado, e eu mordi os lábios sentindo a ardência. Depois ele passou o spray. Nossa ele estava sendo bastante prestativo pra alguém que eu não significava nada... alguém que nem tinha mais o direito da própria vida, tudo que eu fizesse teria antes ganhar sua permissão.

—Obrigado senhor... não precisava ter se incomodado — agradeci quando por fim ele enfaixou meu joelho.

— Vai ficar melhor — disse ele friamente. — Vamos passar a noite aqui, adiaremos o voo por enquanto.

Fiquei preocupado ao achar que ele estava fazendo isso por minha causa.

— Senhor, por favor, não precisa atrasar o voo por minha causa, eu estou...

— Cala sua boca — ele disse, e eu me calei, envergonhado. — Não quero que me questione, fui claro?

Balancei a cabeça, respondendo.

— Sim senhor.

Ele se aproximou e estendeu a mão aberta para mim.

— Venha-me de a mão.

Fiquei confuso, mas, não o deixei esperando, estendi a mão e ele a pegou com firmeza. Percebi o quanto era grande e forte, comparado com a minha. Senti o impulso e eu me apoiei na extremidade da mesa, enquanto era puxado a ficar de pé, encolhendo a perna. Não acreditei quando ele me pegou no seu colo, com tal facilidade que fazia meus 58 quilos parecer 18 para aqueles braços fortes. Envolvi meu braço entorno do seu pescoço para não cair, e ele saiu andando comigo, e subiu um lance de degraus, indo para o segundo andar. Não sabia o porquê estava sendo tão cuidado comigo... mais eu confesso, eu fiquei feliz por dentro.

Entramos no que parecia ser o quarto dele. Grande e espaçoso, e sua cama de casal no centro. Fui depositado nela com suavidade.

— Obrigado senhor — agradeci sem jeito, e depois ele ajeitou um travesseiro atrás da minha cabeça.

— Quero que descanse, mais a tarde trago um lanche pra você — disse. Mordi os lábios, querendo recusar, mais ele não queria ser questionado.

— Fico agradecido senhor... muito obrigado.


O Garoto do MagnataTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang