Alta

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Tive um sono agitado onde eu revivia tudo que havia acontecido comigo naquele trágico dia, acordei com um sobressalto e agradeci ao perceber que tudo já havia acabado.

-Você falou muito durante seu sono, até onde as coisas realmente aconteceram?

Perguntou Nicolas se levantando da poltrona que estava sentado, me pegando de surpresa.

-Nicolas...

-Você não pode me esconder a verdade Alice, tudo que eu sabia era que Rafael havia se declarado! Agora vendo o seu desespero enquanto se lembrava durante seu sono...

Ele se calou respirando fundo, eu sabia que teria que lhe contar tudo o que realmente havia acontecido naquele dia e ainda lhe explicar meus motivos por ter escondido a gravidez.

-Nicolas... Éh... Naquele dia realmente Rafael se declarou para mim, mas ele... Ele... também tentou me ter a força...

Me calei ao ouvi-lo sibilar e seu rosto se transformar, pude ver toda sua fúria naquele momento.

-Ele... Chegou...

Nicolas falava entre dentes passando as mãos por seu cabelo.

-Não! Ele não conseguiu ir além de uma frustrada tentativa, mas eu fiquei transtornada e por isso peguei a lancha.

-Ele que não seja louco de se aproximar de você novamente! Sou capaz de...

-Nicolas! Por favor não ouse em pensar nisto, acho que ele está doente!

Nicolas caminhava pelo quarto com os punhos cerrados parecendo ainda digerir minhas palavras, ele não respondeu de imediato e seu maxilar estava trincado, suas feições petrificadas e a fúria ainda lampejava em seus olhos.

-Que se foda se ele está doente! Eu estou furioso neste momento Alice! Acho que posso ousar em querer no mínimo socar a cara dele outra vez!

Nicolas esbravejou ao se virar para mim, eu o olhei assustada jamais o havia visto naquele estado.

-Me desculpe! Não quis assustar você.

Me pediu ele alguns segundos depois, após um pesado silêncio invadir o ambiente e continuou.

-Éh que são muitas coisas para que eu possa entender! As perguntas martelam em minha cabeça e me vejo sem resposta...

-Nicolas me perdoe por não ter lhe contado sobre a gravidez, sei que deveria... Mas... Mas...

Lhe interrompi falando apressadamente atropelando minhas próprias palavras, suas feições embora estivessem mais suaves ainda demonstravam que ele estava com raiva, o que logo me fez perder a coragem de argumentar sobre aquele assunto. O que irei lhe falar? Me perguntei sem conseguir achar as palavras corretas.

-Alice você tem noção das semanas que passei preocupado com você? Os seus desmaios e idas ao centro médico, eu me perguntava que grave doença você poderia ter descoberto para não ter coragem de me contar! Então cancelei a viagem para Tóquio e vim para Veneza ter certeza que você estava bem, após Bruno me afirmar que estava novamente a aguardando no centro médico! Por que não me contou sobre o bebê?

Sua pergunta agora tinha um tom diferente, e de bravo passou para magoado novamente.

-Por que fui uma covarde! Você me garantiu tantas vezes que um filho não estava em seus planos...

-Mas é claro que não estava! Porém nem por isso eu iria deixar de apoiar e amar você! Eu... Eu preciso ficar um pouco só e pensar melhor em tudo isso...

Ele falou se retirando do quarto me deixando só e com um terrível nó em minha garganta.
Mil vezes dupla merda! Como eu pude deixar tudo isso acontecer? Me perguntei mentalmente ainda olhando para a porta, não sei dizer exatamente quanto tempo havia se passado até que Ester entrou.

 A Caminho Da Felicidade!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora