A Caminho Da Felicidade!

Brasil

-O que você pretende?

Ele me perguntou com voz fria após respirar fundo, eu o olhei ainda assustada sem lhe responder.

-Vamos fale! Seja honesta comigo! O que você pretende?

Ele repetiu sua pergunta de forma mais enérgica.

-Senhor... Senhor Cadore... Éh...

Eu tentava encontrar as palavras, mas elas fugiam de minha mente.

-Não se faça de inocente comigo! Eu conheço bem o seu tipo, se faz de boba, de respeitável ! Mas é sempre a mais perigosa! A mais oportunista! Quer casar com meu neto? Ser a dona deste império? Você quer dinheiro? Então eu lhe dou dinheiro! Me fala quanto você quer para deixar meu neto em paz?

Ele cuspia cada dura palavra com olhar revoltado e expressão de nojo. Sim ele está com nojo de mim! Acha que estou com Nicolas por dinheiro! Eu pensava sentindo minhas pernas bambas, meu coração disparado, e uma enorme vontade de chorar.

-Olha aqui garota eu não tenho o dia inteiro! Me dê o seu preço!

-Senhor Cadore, eu... Eu não estou com Nicolas pelo dinheiro!
Eu amo seu neto!

Falei tentando dar meu tom de voz mais firme, houve um silêncio depois ele irrompeu em um riso nervoso.

-Você o ama? E o conhece a quanto tempo? Um mês? Em um mês você já o ama loucamente a ponto de se casar? É isso? O dinheiro e a vida boa não tem nada a ver neste caso?

Perguntou ironicamente, batendo novamente na mesa.

-Você acha que eu sou idiota? Eu tenho cara de idiota? Ninguém em sã consciência se casa com outra pessoa que acaba de conhecer! Eu sou um homem vivido e conheço bem as mulheres do seu tipo! Mas também conheço meu neto, daqui a pouco vai querer se livrar de você igual fez com Angelina, mas acho que você também o conhece e tratou logo de arrumar um casamento... Muito esperta você tenho que admitir! Então para de se fazer de burra, e me dá o seu preço!

Cada palavra era pior que um tapa em meu rosto, eu nunca me senti tão humilhada em toda a minha vida.

-Eu não tenho preço por que não estou a venda! Eu nunca me vendi e não seria agora que eu iria fazer! O senhor pensa que entende de tudo, é uma pena que o senhor não entenda de amor!

Ele me olhou surpreso sem me dar uma resposta, fiquei satisfeita com minhas palavras e me levantei rezando para não cair me virando para sair dali.

-Espere! Não terminei com você! Eu jamais vou permitir que uma funcionária qualquer que se acha muito esperta dê o golpe em meu neto!

Suas palavras eram de puro desprezo eu parei me sentindo gelar por dentro.

-Nicolas não vai se casar com você! Eu não irei permitir jamais, farei tudo o que for necessário para impedir! Então saía da Itália enquanto você ainda pode exercer sua função em outro país, por que aqui eu mesmo vou garantir que você não consiga um único cliente! Então para o seu bem e o de Nicolas vá embora ainda hoje! Entenda meu neto é um homem que está em um nível que você jamais poderá alcançar!

Eu sabia que ele poderia cumprir suas ameaças me separar de Nicolas e me arruinar em um dia, lamentei por Nicolas não estar ali para me defender, não estar ali para mim naquele momento.

-Em dez minutos você terá a minha carta de demissão.

Falei secando uma lágrima teimosa e sai dali, assim que fechei a porta atrás de mim senti minhas pernas falharem e me deixei cair chorando copiosamente com meu rosto entre minhas mãos, meu mundo havia desmoronado em menos de cinco minutos, assim que me acalmei levantei olhando a secretária que me encarava totalmente penalizada.

-Ele não é mal, apenas está com o coração endurecido.

Falou ela me ajudando a ir até o banheiro, onde eu chorei amargamente mais uma vez, após alguns minutos lavei meu rosto e segui para o RH, onde fiz minha carta de demissão e sai dali o mais rápido possível pegando um táxi e seguindo para o apartamento de Nicolas.

-Senhorita Alice! O que aconteceu?

Me perguntou Gemma assim que viu meus olhos inchados e vermelhos de chorar.

-Preciso ir embora Gemma!

Falei apenas já subindo as escadas e começando a separar minhas roupas, Gemma me olhava perplexa enquanto eu parecia um furacão enfiando tudo de qualquer jeito na mala.

-Mas você vai para onde? Deus santo! Você vai voltar para o seu apartamento?

-Não Gemma, vou voltar para o Brasil!

Ela levou a mão aos lábios arregalando seus olhos.

-E o senhor Nicolas sabe?

-Logo vai ficar sabendo!

Minha voz saiu em um fio, eu comecei a tentar fechar a mala me irritando por não conseguir.

-Vamos! Fecha!

Respirei fundo assim que consegui a fechar e olhei para as roupas que Nicolas havia me dado, todas estavam devidamente arrumadas em seus lugares dentro do closet.

-Mas por que isso menina? Por que vai embora?

Perguntou ela com algumas lágrimas em seus olhos.

-Por que tem que ser! O mundo de Nicolas é muito diferente do meu! Eu não posso ir contra os seus! Não posso! Por mais feliz que eu e ele estávamos no fundo eu sabia que esse romance era impossível, isso... Isso tudo foi um sonho louco e agora chegou ao fim!

Eu a abracei me deixando levar por outra onda de choro depois tirei meu anel o deixando encima de meu travesseiro e deixei o lugar.

-Para a estação de trem!

Pedi ao taxista assim que entrei no carro, me irritei comigo mesma por não conseguir conter minhas lágrimas, quando cheguei na estação de trem agradeci por ter uma linha que partiria em alguns minutos para Roma, comprei minha passagem e me sentei na poltrona mais afastada de todas, assim que cheguei na estação de trem de Roma não pude deixar de sentir outra pontada de dor ao me lembrar do dia em que eu aceitei a sua ajuda, balancei minha cabeça para me livrar daquelas lembranças, procurei por outro táxi seguindo para o Aeroporto Internacional, conforme cruzavamos a cidade eu sentia um pedaço de mim sendo arrancado ao me lembrar dos dias maravilhosos que passei ali com ele, assim que fiz a check-in me sentei para esperar meu vôo, olhei meu cartão de embarque não podendo deixar de pensar que tudo estava conspirando para eu ir embora mesmo, já que meu vôo sairia em vinte minutos, aproveitei para ligar para casa e avisar meus pais que eu estava voltando. Sim vai ser melhor passar um tempo com eles, Ester está em um romance e eu só a iria atrapalhar neste momento, e ainda mais desempregada. Pensei tentando me fazer acreditar que havia tomado a decisão correta.

-Me perdoe Nicolas!

Sussurrei assim que ouvi uma voz feminina avisando que era hora do embarque, minhas horas de viagem não foram suficiente para me fazer sentir um pouco melhor e quando desembarquei no aeroporto de Florianópolis me entreguei a novas lágrimas ao abraçar meus pais.

***