12. Medos

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"Câmera lenta... Você me deixou presa dentro deste mundo.
Está em câmera lenta... Alguém vai, por favor, apertar o play?"

Slow Motion — Mest


ROXANNE

UM DIA ANTES DO ACIDENTE.

A noite tinha sido boa, mas nada que me fizesse esquecer um certo alguém que morava do outro lado do país. Havia ido para um hotel qualquer em Miami Beach acompanhada de um cara muito lindo. Apesar de todas as loucuras que fizemos, eu ainda me sentia estranha, incomodada com algo; Não sei dizer bem. Bebi tudo o que consegui até minha consciência apagar por completo. Era desse jeito que eu estava nos últimos tempos. As coisas têm sido agitadas e eu as fiz assim apenas para tentar não pensar na semana louca que havia passado em Beacon Hills, na California. Aquilo tinha mexido um pouco demais com a minha cabeça. Apeguei-me a pessoas que não deveria e quase me envolvi com fatos que não me concebiam o respeito — fatos esses que eu queria ficar bem longe, apesar de envolverem minha prima e a deixarem em perigo. Isso me incomodava bastante, saber que Sid estava sozinha naquela cidade de loucos.

Senti meu coração ficar acelerado e ouvi a voz da minha prima bem ao lado do meu ouvido, me chamando. E era muito alto — tão alto que me fez acordar de um sono tão pesado que achei que seria impossível alguém conseguir mesmo me acordar.


Abri os olhos, sentindo um peso sobre meu corpo. A televisão estava aos berros e isso me fez fazer uma careta, porque isso estava fazendo com que meus ouvidos doessem. Virei-me com dificuldade, saindo de baixo do cara que estava deitado sobre mim. A única coisa que ainda restava era seu braço, que agora abraçava meu tronco. Aquilo estava me deixando nervosa, junto com todas as vozes e ruídos que vinham daquela maldita televisão. Eram tantas e em tal volume que eu não conseguia entender nenhuma sequer. O cara acordou, me puxou e eu explodi, gritando com ele.

— Oh, gata, volta a dormir — reclamou, mas ele falou tão alto que me ensurdeceu.

Eu berrei, e aquilo fez com que a lâmpada do abajur estourasse. Isso não era bom.

— Me solta! — segurei seu braço com força e o tirei do meu redor.

Então, tudo ficou em uma calmaria extrema. A televisão quase não ser era mais audível e a única coisa que eu conseguia ouvir do homem ao meu lado era sua respiração tensa por causa do meu surto. Sidney! Precisava ligar para ela. Levantei da cama apressada, percebendo que vestia apenas minha calcinha e uma regata masculina. Olhei rapidamente para o rosto do sujeito, que agora estava sentado na cama, me olhando. Espera, quem era ele? Forcei minha mente por um breve momento, tentando ver se recordava pelo menos do seu nome, mas não apareceu nem a primeira letra. Então, deixei para lá. Tirei sua camisa e a joguei para ele. Andei pelo quarto, a procura do short que usara na noite passada, pois certamente meu celular estaria em seu bolso. Encontrei a peça de roupa, peguei o aparelho e minha camiseta que também estava por ali. Entrei no banheiro, batendo a porta atrás de mim com um pouco demais de força. Vesti a camiseta e me encostei na pia de mármore, já procurando o nome de minha prima na agenda telefônica.

Assim que encontrei, toquei em cima do seu nome. Levei o aparelho até a orelha e aquela maldita mensagem me atormentou. Sabe? Aquela famosa que sempre fala que a merda do celular está fora de área ou desligado, justo na hora que você mais precisa falar com a pessoa. No mesmo instante, encerrei a ligação e disquei os velhos números que ainda estavam em minha memória — os da casa de Sidney — e dessa vez, chamou até cair na secretária. Eu não deixei um recado, pois não faria sentido algum, já que isso não me faria falar com minha prima. Certamente, se ela visse meu número, retornaria a ligação. Porém, aquilo ainda estava me incomodando. Eu acordara com ela me chamando. Tinha alguma coisa de errado! Liguei mais algumas vezes, tanto para o seu celular quanto para a casa, mas não consegui falar com ela do mesmo jeito. Merda!

The World Was Gone ✔Where stories live. Discover now