— Então, o que quer que eu faça? — Já estava ficando impaciente com tanta enrolação.

— Que volte para o enterro de Lucy e siga nosso roteiro com a história do que aconteceu a partir do pedido.

— Como é que é? — Perguntei confuso e assustado. — Ela está morta?

— Quem? Nataly? — Ela ri — Nataly está muito bem e viva. Não se preocupe. Porém quando um agente fica em campo com um mesmo personagem por mais de um mês, as pessoas se envolvem e vinculam uma amizade com esses disfarces. — Começou a andar de um lado para outro tentando explicar — A nossa política é matar esses personagens, para que não haja possibilidade alguma de contatos futuros entre essas pessoas.

— Está me dizendo que matam pessoas inocentes para não descobrirem as verdadeiras identidades de alguns agentes? — Perguntei horrorizado me preparando para me levantar e sair correndo da sala.

— Não! — Ela pareceu ofendida — Nós simulamos um velório com direito a um padre e tudo, mas o caixão sempre está vazio. Os túmulos são locações da central. Temos vários espalhados pelo mundo, pois são necessários. — Sentou-se ao meu lado — Olha, eu só preciso que vá lá e faça uma cara de triste, cumprimente os "pais" dela e conte a seus amigos a história que lhe passarmos.

— Não! — Disse me levantando e me afastando dela — Não vou mentir para eles. Eu não sou assim. Não sou como vocês. — Disse vendo-a arregalar os olhos surpresa com minhas palavras.

— Tenta entender filho. — Minha mãe anda de um lado para outro tentando me convencer — Se eles souberem da verdade estarão correndo tantos riscos quanto você. Se Mauricio vê-los como ameaça, — Respira profundamente — você acabará indo em um ou mais velórios de verdade. — Termina se jogando no sofá.

— Eu não sei! — Disse pensativo — Eu não consigo acreditar que ele poderia fazer algum mal aos meus amigos, mas por outro lado, — Olhei no fundo de seus olhos — eu nunca arriscaria a vida das pessoas mais importantes da minha vida. Pela Mary, pelo Thiago e principalmente por você, — Enfatizei o você arrancando um sorriso tremulo de sua boca — eu passo por cima de qualquer ética existente no mundo.

— Odeio ter que te colocar nesta posição. — Segurou minha mão quando sentei ao seu lado no sofá — O velório vai acontecer você indo ou não, mas acredito que seus amigos estranharão você não ter ido. Já que iriam se casar. — Disse ironizando sua última frase.

— O que é que eu tenho que dizer se eu for? — Perguntei tentando agir normalmente com essa situação e ignorando sua última frase.

— O que saiu nos jornais. Vocês estavam indo de carro até a casa do pai dela para contar a novidade e um motorista bêbado bateu em seu carro e ele capotou. — Ela parou me observando — Você sobreviveu a batida, mas ela não. — Ela terminou e eu me mantive estático processando todas as informações.

— O que acontece depois? — Perguntei após alguns minutos de silêncio.

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeWhere stories live. Discover now