capítulo 14 - Segundas Intenções

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*NÃO REVISADO

— Estou hospedado no Hotel da cidade. Vim dar uma volta. — Danilo se explica e logo seu olhar aguçado descobre meu filho no parquinho e seu sorriso ganha um novo tom em seu rosto magro e delineado. — Posso? — pede educadamente, apontando para o espaço ao meu lado no banco, enquanto come seu churros. Apenas assinto, me afastando um pouco quando ele se senta.

— Mundo pequeno não é? — indago com ironia e o olhar dele se torna confuso em segundos enquanto tiro alguns fios de cabelo do meu rosto.

— Você não está pensando que... — faz uma careta e o acuso sem dó.

— Admite que está me seguindo Danilo. Não faz o mínimo sentido você estar sentado no banco de uma praça comum, numa cidadezinha pequena, comendo churros. — seu sorriso é um claro deboche e ele se levanta com irritação.

— Você é louca sabia? Desde quando cidadezinha pequena é reduto de gente pobre? Por que acha que não posso comer churros, aliás que eu amo para o seu registro? E por que diabos acha que tudo gira em torno de você ou do seu filho? — fico sem palavras e suspiro profundamente antes de voltar a falar.

— Desculpe! É que tive uma manhã complicada. — bufo, engolindo minha raiva pelo atrito desnecessário com Dornelles mais cedo e indico novamente o espaço vazio no banco pra que ele se sente. Após alguns segundos de hesitação, Danilo se posta outra vez ao meu lado e ficamos em silêncio enquanto Rubinho continua brincando. Nossos olhares se cruzam de vez em quando durante o tempo em que estamos ali e volto a ficar incomodada com isso.

— Vai aparecer amanhã? — Danilo quebra o silêncio entre nós e assinto com a cabeça sem dizer mais nada.

Levanto e prendo meu cabelo num coque mal feito, enquanto chamo Rubinho pra ir embora. Já está esfriando e de modo algum o quero resfriado. Meu garotinho sai do parquinho com a cara emburrada, mas seu rostinho angelical se contorce numa careta engraçada ao encarar Danilo pela segunda vez desde que ele esteve em nossa casa ontem.

— Quem é ele mamãe? — Rubinho indaga ao apontar para o tio e conto a verdade pro meu pequeno enquanto ajeito suas roupas.

— Esse é o seu tio Danilo meu amor. Diz oi pra ele. — meu filho mantém um semblante surpreso, mas é bastante efusivo quando Danilo se agacha para falar com ele.

— Oi tio Danilo! — sorrio pelo jeito meigo dele e o enorme rapaz em minha frente parece realmente emocionado com o contato com o sobrinho.

— Oi Rubinho. Como você está rapazinho? — Danilo sorri de modo cativante e Rubinho é o mais espontâneo que uma criança da idade dele consegue ser.

— Estou bem. Melhor só se a mamãe me deixasse comer sorvete. — meu pequeno traidor me dedura numa careta inconformada e o tio demonstra estar encantado. Posso estar sendo ciumenta, mas não gosto disso.

— Muito bem. Agora vamos embora mocinho. Dê tchau pro seu tio e vamos que já está esfriando. — digo pegando em sua mão miúda e Danilo se mostra um pouco sem jeito.

— Posso pagar o sorvete pra ele Luma? Só hoje? — Rubinho dá um largo sorriso com a sugestão do tio, mas o corto prontamente.

— Talvez outro dia. Boa noite Danilo! — me despeço, carregando meu rebento enquanto Rubinho acena com entusiasmo para o homem que permanece a nos fitar. As coisas só parecem se complicar mais.

£££

Rubinho corre na direção da televisão assim que chegamos em casa e matreiramente se aconchega no colo do meu pai que está no sofá. Desfaço sua mochila na cozinha e o cheiro do feijão da dona Íris faz meu estômago roncar.

Dona de Mim (Somente amostra - Amazon)Место, где живут истории. Откройте их для себя