Capítulo 11 - Hóspede?

2.3K 245 18
                                    


— Você está bem? — Dornelles indaga assim que abro os olhos e minha cabeça dói momentaneamente. O fato é que eu daria o que fosse preciso pra Donatello sumir no mundo de novo, mas em nenhum momento sua morte fora um desejo meu. Isso nunca passou pelos meus pensamentos. E neste exato segundo percebo como uma fatalidade é capaz de mudar o rumo de uma vida: a minha.

— Estou, amor. Mais alguma notícia? — pergunto ao me levantar e minha mãe analisa meu rosto pra se certificar de que falo a verdade. Dou um beijo em sua testa e pego um remédio na bolsa, seguindo até o banheiro enquanto Dornelles fala.

— Até agora não disseram mais nada. Você pretende ir ao enterro? — empurro o analgésico goela abaixo com um copo ďágua e o olhar deles me incomoda. Não tenho nada a fazer no funeral de Donatello.

— Não, Dornelles, não vou. — sento na cama e rodo os canais na curiosidade de saber mais alguma notícia. Uma repórter, que está no local, avisa que o mal tempo pode ter sido um dos causadores da tragédia e suspiro um minuto antes de desligar a TV.

— O que acontece agora? — meu namorado questiona e franzo as sobrancelhas tentando entender aonde Dornelles quer chegar. — Luma, o Rubinho é o único herdeiro vivo daquela família... — não o deixo terminar.

— E não é por isso que vou correr atrás de um centavo. Nunca precisei de nada que viesse de lá, pra mim, tudo continua na mesma. — retruco com raiva e minha mãe se pronuncia.

— Ela tem razão, professor. Nunca faltou nada ao meu neto e vai continuar não faltando. Quem quiser, que brigue pelo dinheiro. — dona Íris segura minha mão num apoio e Dornelles concorda num aceno com a nossa opinião.

— Desculpe amor! Não me entenda mal. Só acho que as coisas poderiam ser mais fáceis pra vocês já que é direito do Rubinho o que sobrou. Mas se preferem assim, que seja, ok? — entendo a lógica do seu argumento, contudo não tenho nenhum entendimento sobre as empresas da família Aguiar e não quero meu menino na mira de gente que julga que o dinheiro é mais importante que a vida das outras pessoas.

— Prefiro sim. — digo ao abraçá-lo e minha mãe sorri em sinal de aprovação. Finalmente, ela parece ter deixado as desconfianças com Dornelles pra trás.

— Tenho que ir. — recebo um beijo rápido e Dornelles estende a mão para se despedir de dona Íris. Olho a cena com expectativa e após alguns segundos, ela cede.

— Por que não se acomoda por aqui esta noite? — quase engasgo de surpresa e meu namorado pisca duas vezes tão surpreso quanto eu. Minha mãe nunca foi tão liberal assim e mal consigo imaginar o que meu pai pode dizer ao ver Dornelles na nossa cozinha pela manhã. — Claro que irá ficar no quarto de hóspedes. — sabia que haveria condições e meu querido professor me fita num pedido de ajuda velada. Sem saber o que responder, apenas sorrio.

— Obrigado dona Íris. — Dornelles solta visivelmente encabulado e não vou deixá-lo ainda mais convencido, mas ele fica muito sexy assim.

— Vou arrumar o quarto enquanto vocês se despedem. — minha mãe sorri ao sair e Dornelles me encara ainda confuso.

— O que deu nela? — volto a abraçá-lo e meus músculos relaxam ao ter seu corpo rijo contra o meu.

— Acho que acaba de ser oficializado como membro desta família. — sinto o cheiro amadeirado do seu perfume e minha mão segue subindo do seu peitoral até seu pescoço.

— Se pela manhã não tiver uma espingarda apontada pra minha cara, eu viro membro do que você quiser, Luma. — sua voz é suave e seu olhar tem tanto amor que às vezes penso que não o mereço. Colo nossas bocas de modo intenso e sinto sua pele arrepiar quando minhas mãos passeiam devagar pelas suas costas. — Assim vou acabar escorraçado da sua casa, moça. — alerta entre os dentes e sorrio com malícia.

Dona de Mim (Somente amostra - Amazon)Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα