Capítulo 2

547 75 36
                                    

- Não. Pode parar –tomou a foto das minhas mãos – Eu não quero saber dessa choradeira – ela jogou a foto dentro da gaveta foi até o aparelho de som e desligou a música I Need you now de Lady Antebellum que tocava sem parar, tomou o meu rosto entre suas mãos, enxugou as minhas lágrimas – para já com isso – sua voz abrandou - chega de sofrer por um cara que nesse momento deve estar curtindo a vida em algum lugar cheio de mulher sem ao menos se lembrar que você existe. Isa, você costumava ser a garota mais legal do mundo até resolver colocar outra vida no lugar da sua. Onde foi parar aquela Isabela que conheci?
- Não precisa passar isso na minha cara Loli.
Lolita é uma grande amiga que fiz em Milão, ela é brasileira e seu pai era jogador de futebol que virou empresário e ainda vivi por lá, ficamos amigas na escola, e desde então estamos sempre juntas. Ela veio para o Brasil em férias, e resolveu do nada que vamos pra mesma faculdade, os seus pais apoiaram sua decisão. Na verdade eu sabia que ela tinha medo de eu ficar em depressão e fazer besteira.
- vamos, vou te ajudar com as malas – falou enquanto abria as portas do guarda roupas – acho que vamos ter que ir as compras, você não tem um vestido descente aqui?– falava enquanto jogava minhas roupas no chão formando uma grande pilha, pelo jeito nenhuma servia.
- Defina descente. – me mostra língua -  Loly, não sei se vai ser uma boa ideia irmos para Angra, você não conhece o dono da casa...- ela levantou o dedo indicando que eu me calasse.
- Nem vem com desculpa, Isabela eu te conheço. Já disse que é do amigo de uma amiga, ele é um ricaço que os pais não estão nem ai onde e nem o que esta fazendo, ele liberou a casa e talvez nem apareça por lá, e eu não vou deixar você aqui sofrendo e chorando – ela colocou a mão na testa e fez voz de choro encanto batia no meio do peito com a outra mão – você vai, e vai se divertir – olhou para as minhas roupas fazendo um gesto com a mão de desdém – nem precisa levar muita coisa, pode deixar comigo, estou indo as compras enquanto você termina, pode dando adeus a essa fossa que você entrou, em duas horas o motorista vem te buscar ok? Esteja pronta – e saiu sem deixar que eu dissesse mais nada.
Em duas horas eu estava pronta para ir ao aeroporto onde encontraria com a Loquita, da minha amiga, Lolita sempre foi contra eu entrar em um relacionamento sério aos 17 anos, ainda mais com o cara que foi o meu primeiro beijo, pra ela namoro é uma palavra que não existe, ela não quer compromisso, e aos 19 anos já foi pra cama com tantos garotos que nem lembra, suas historias me fazem ir do horror as risadas, ela quer curtir, hoje somos duas garotas de 19 anos, universitárias e solteiras, sem contar o fato de sermos lindas, palavras dela claro.
- Em que esta pensando? Nem precisa responder, já sei – disse colocando o meu cabelo atrás da minha orelha – Ele não te merece, deixou uma garota linda, inteligente com uma desculpa mais esfarrapada.
- Eu vou superar, eu sei que talvez eu nunca esqueça, mas eu vou superar.
-  É, e vai ser logo, pode apostar, vai ter muitos gatos pra te ajudar, e tequila também – ela batia as mãos como gesto de vitória.
Enquanto o avião voava para o rio eu me lembrava das palavras do André no fatídico dia que fez meu mundo desmoronar.
- Olha, não é você, sou eu – típica frase ridícula que não deve ser dita a ninguém, ele deu uma pausa, respirou fundo como que se fosse sofrido pra ele, passou a mão no cabelo – estamos já faz tanto tempo juntos que...- eu interrompi com minha voz embargada pelas lágrimas:
- Dois anos pra você se tornou muito tempo. – ele me olhou. – me lembro quanto costumava dizer que era além do infinito até mais.
- Dois anos? – balançou a cabeça em negativa – muito mais que isso, pra mim foram sete anos, foi lindo eu curti cada momento, eu te amei e muito Bela, você foi a melhor parte de minha vida, mas eu preciso viver mais, somos muito novos pra ficar preso em um racionamento como o nosso sem viver outras experiências, preciso que você entenda que eu não quero te trair, não sou assim, você sabe que eu odeio traição mas está difícil, eu não quero te magoar...
- Mais? – gritei com ele me levantando – você acha que pode doer mais do que já esta doendo? Eu não vou saber me acostumar sem você, eu não existo sem você, não estraga tudo André – me aproximei, tomei o seu rosto em minhas mãos sem me importar de suplicar. – eu preciso de você – as lágrimas caiam em forma de cascata – eu preciso de você.
    Ele segurou suavemente nos meus pulsos, livrando seu rosto do meu toque suspirou fundo e balançou a cabeça.
- é só um tempo Bela... eu só preciso de espaço e tempo... - Saiu sem falar mais nada, e eu fiquei lá sentada chorando durante horas, pensando que era o fim da minha vida, meu peito doía de uma maneira inexplicável, indescritível, meu coração idiota não queria entender que era o fim.
  Nosso namoro estava meio diferente depois que André foi pra faculdade um ano atrás, nos víamos pouco, ele sempre tinha que estudar, que fazer trabalhos e eu entendia, pois a faculdade também me tomava tempo, do nada ele resolveu que seria melhor terminar, eu pensei que ele estava gostando de outra mas, ele me garantiu que não, o problema é que ele queria várias.
Ele me procurava sempre, dizia que sentia minha falta, e eu acabava cedendo também sentia a falta dele, um pouco dele era melhor que nada. Ele não queria namorar, ter esse compromisso ser fiel e ter apenas uma mulher, e ficamos nessa durante esses últimos três meses. Sempre quando a saudade era muita nos encontrávamos, o que acontecia com frequência.  
  Três semanas atrás André chegou em minha casa me chamou para sair e eu louca de saudades claro que fui, fomos para Santos. André tinha comprado um barco e queria fazer a estreia da suíte principal comigo, foi ai que a minha ficha caiu, eu agora era apenas uma ficante, um rolo, a que ele queria dividir momentos importantes a principal, a que ele nutria um sentimento além de sexo, mas era só, e eu não queria isso, não queria ser a primeira a transar com ele na suíte do seu iate, eu queria ser a única, não aceitaria menos que isso a partir de agora, seria tudo ou nada.
- Me leva pra casa – disse sem descer do carro, estávamos no porto de Santos.
- Bela...
- Quero ir embora André.
- Ainda nem entramos...
- E não iremos  – eu gritei segurando as minhas lágrimas que insistiam em querer cair dos meus olhos – Eu não quero isso, eu não vou mais aceitar que você me use e depois me descarte.
- Eu não estou te usando, eu...
- Agora André.
- Bella você aceitou vir até aqui comigo, temos uma boa relação, está tão bom assim pra que isso agora?
- Tudo bem. – falei tentando abrir a porta. – se você não quer me levar eu pego um taxi. - ele ligou o carro, virou pra mim com o semblante sério:
- Se você não for comigo você sabe que tem um monte de garotas querendo não sabe? E eu não vou ficar correndo atrás de você Isabela.
Idiota.
Convencido.
- Eu não acredito, vai dar de vítima agora? Eu até tentei jogar o seu jogo, mais eu não sou esse tipo de garota que transa sem compromisso, agora me leva pra casa e traz quem você quiser, eu não ligo. Eu não quero conhecer essa droga de barco iate seja lá o que for. Chega.
Voltamos o caminho todo sem trocar uma sequer palavra, o som estava alto e ele corria tanto que eu me segurava no banco com medo de voar pela janela apesar do cinto, mas não disse nada até chegarmos em minha casa. Quando ia descer do carro André me segurou pelo braço, seus olhos me queimando.
- você tem certeza disso? – eu me soltei de sua mão.
- Eu não quero apenas o que você tem a me oferecer, eu quero mais.
- o que você quer agora eu não posso te dar.
- você não quer, é diferente e eu já entendi isso, agora basta você entender e me deixar em paz.
-chegamos – a voz da Lolita me despertou dos meus devaneios.
Lolita não conhecia o André, várias vezes tentei apresentar meu namorado para minha amiga, mas nunca deu certo, ela sabia tudo sobre nós, até achava bonitinho e tudo mais não queria nada parecido pra ela, ainda mais depois de me ver quebrada como eu estava.
Liguei pra minha mãe avisando que já íamos pegar o barco e ir para Angra, minha mãe como sempre, me deixou informada.
- o André foi para o caribe com uns amigos da faculdade, a Laura está revoltada com a ati...
-Mãe – interrompi o que ela estava dizendo  – eu não quero que me fale do André ok? – me despedi dela e desliguei o celular.
- Ai amiga agora fiquei orgulhosa de você – Lolita levantou a mão e eu bato em um comprimento – nada de André, André já era, passado.
Eu já sabia dessa viagem para o caribe, fazia quase quatro meses que tínhamos terminado mas continuávamos ´´ amigos´´ então ele tinha me dito que ia viajar. Eu tinha esperança que ele fosse perceber que errou e pedir pra voltar, mas agora... Chega de André, pensei enquanto descia pra casa de praia, e que casa, nossa era muito grande, ainda não tínhamos chegado nela mas dava pra ver que era uma senhora de uma mansão.
- A casa tem 9 quartos com suítes, a suíte principal não pode ser ocupada, como vocês foram as primeiras a chegar podem escolher onde ficar. – falou homem que carregava nossas malas.
Na entrada tinha um deque lindo com 3 mesas de vime cada uma com aproximadamente 6 cadeiras, do lado do deque tinha uma piscina de borda infinita, daquelas que pareciam se misturar com o mar. Subimos uma pequena escada e entramos na sala de visitas.
- Uau! – olhei admirada para o piso de madeira bem polido, tinha 3 sofás muito grandes formando um u, uma mesa de centro que mais parecia uma cama estava muito bem arrumada, no fundo da sala tinha um bar, subimos as escadas e o homem que se chama Jorge, disse que poderíamos escolher um quarto, eu abri uma porta de madeira e tinha duas camas, um closet, uma tv de 42 polegadas tomava a parede com revestimento de madeira, do lado da cama tinha uma porta que dava para uma piscina azul com cascata.
Eu estava literalmente de queixo caído.
- Como uma pessoa, em perfeitas qualidades mentais, pode ceder uma casa como essa para um bando de jovens, loucos por farra? – olhei para Lolita que caiu de costas na cama
- Eu te falei, o amigo da Natalia é muito rico, acho que ele nem lembra que tem essa casa. – ela disse – o barco vai ficar por nossa conta.
-Isso é um exagero – deitei na cama – acho que vou gostar disso, quero conhecer esse seu amigo.
- Nada disso, a Natalia deixou bem claro que se ele aparecer, é dela, então, vou descer e esperar o resto do povo.
- Eu vou tomar banho – fui para o banheiro que era revestido de mármore e tinha uma bela vista para o mar com uma banheira ao fundo colada a uma parede de vidro com plantas, enquanto estivesse relaxando no banho podia apreciar a vista – e vou demorar – gritei já colocando a banheira para encher.
Fiquei não sei quanto tempo olhando o mar através do vidro, podia ver algumas lanchas passando ao longe, a agua estava em uma temperatura ótima, Lolita entrou no banheiro feito um furacão.
- Vamos, vamos esse banho não acaba nunca? – me entregou um roupão – já está quase todo mundo lá em baixo, agora vem se vista que vou te apresentar a turma.
- E o que devo vestir senhorita? – perguntei sarcasticamente, Lolita me deu um olhar mortal e saiu sem falar nada.
  Olho meu reflexo no espelho, e fico satisfeita com o que vejo, coloco uma bermuda não muito curta de sarja tipo alfaiataria, uma blusa de malha com alça fina, rasteiras e saí do quarto antes que a Lolita ou loquita viesse me buscar.
Estava uma algazarra só, gente falando ao mesmo tempo e rindo alto, eu descia as escadas quando Lolita me avistou dando um gritinho.
- Haa, gente essa é minha amiga a Isabela, Isa esses são, Rogerio, Patrícia, Alex, Lucas, Natalia, e Gustavo ainda falta o resto do pessoal...
- Não falta mais – falou uma garota que Lolita correu para abraçar  – eu sou Samy esses são André e Fernando – ela falou lancei os olhos na direção deles e meu coração na hora parou, inacreditável, me fala como se respira. O olhar do André pra mim era mortal, ele deixou a mochila que carregava no chão e disse:
- já nos conhecemos Samy, faz muito tempo – ele cumprimentou todos me deixando por último, chegou perto e pegou no minha mão e disse com voz autoritária - Você vem comigo – ele me levou até o deque onde não poderíamos ser ouvidos e começou o discurso – o que você esta fazendo aqui? Você não disse que acabou? Como você descobriu que eu viria pra Angra? – ele estava visivelmente irritado com a minha presença.
- Nossa! quantas perguntas, eu é que quero saber o que você esta fazendo aqui, não era pra você esta no Caribe? Desde quando paga de playboy filhinho de papai? Então é pra isso que comprou um iate? – falei apontando para o barco enorme que estava ancorado ao lado do outro a nossa frente. – pra encher de vagabunda?
- Eu não te devo satisfação, foi exatamente por isso que terminei com você, por causa da liberdade, sou livre pra fazer o que quiser, eu quero deixar claro que sua presença aqui não vai mudar nada  – seu rosto estava bravo, sua voz soava grave e autoritária. Esse definitivamente é um André que eu não conhecia. O pior é que ele falava como se eu não saísse do pé dele. Então era isso que ele estava pensando, que eu queria tentar uma reaproximação?
Agora foi demais, essa doeu no fundo do meu ser, eu estava quebrada, agora sentia os meus cacos estilhaçando no chão, levantei a cabeça olhei no seu rosto e disse:
- Vou deixa claro pra você, que não sabia que você era o dono da casa, eu vim porque a Lolita me chamou, e juro, a última pessoa que queria encontrar aqui era você, talvez você não se lembre mais, EU não quero mais te ver. Posso ir embora amanhã mesmo, e te deixo livre, aliás você já é livre não é mesmo?
Entrei na casa passando direto pra cozinha, precisava de água urgente. Senti que ele me seguia e foi parado por alguém, não dava pra ouvi o que falavam, eu estava com ódio, sem dignidade, humilhada, mas isso não ia ficar assim.
Contei até dez, controlando a minha respiração e voltei pra sala.
Lolita me olhava com olhar inquisidor, dei um sorriso amarelo pra ela e disse sem emitir som algum -
- Tudo bem – logo o Alex um amigo do André que eu conhecia veio em minha direção e começamos uma conversa alegre. Bem, se eu estava triste com cara de garota largada e apaixonada chutada e todos os adas da vida, pelo menos eu tentei com todas as minhas forças disfarçar.
Não demorou pra alguns irem para a piscina, o André se aproximou de mim e disse com voz baixa sem me olhar direto no rosto:
- Desculpe, eu fui um...
- Um ogro, um grosso, sem educação, sem consideração, babaca, ok, mais não desculpo – falei e sai direto pra área da piscina. Estávamos no momento de nos conhecermos, eu sempre fui uma garota controlada, sociável, fiz amizade com o Alex, a Naty, e o Lucas, o Alex eu já tinha conhecido nas poucas vezes que sai com os amigos do André. Eu conhecia os amigos dele mas poucos colegas de faculdade. Alex fazia parte dos dois, amigo e colega de faculdade, era muito bonito.
- Então você é a ex do André – Alex falou me analisando dos pés a cabeça, eu tomei um pouco da bebida que me foi servida e respondi:
- Pois é, Bela a Ex. Tanto lugar no mundo pra eu ir me divertir e olha onde fui parar, mas tá tranquilo, eu não sabia que ele estaria aqui mas isso não vai mudar meus planos.
- Que são...- ele esperou que eu respondesse.
- Quer mesmo saber? Acho que você pode imaginar o que uma garota que acabou de fazer 19 anos, vem pra uma casa de praia em um lugar badalado cheia de homens lindos quer – olhei pra ele de cima a baixo quando disse a palavra lindos. -  você quer que eu diga mesmo o que vim fazer aqui? – pisquei o olho pra ele e comecei a tirar a roupa para entrar na piscina. Devo admitir que o biquini que a Lolita me comprou era bem pequeno, bem diferente da calçola da vovó que eu queria trazer, acho que tenho que agradecer por isso, caminhei com paços firmes até a piscina fingi que não percebi que o Alex estava de boca aberta olhando meu corpo, pulei na piscina e sai debaixo da água e falei para todos, olhando para o Alex:
- Vocês não querem entrar? A água está uma delícia – passei as mãos no cabelo tirando o excesso de agua, a Lolita, Naty e lucas tiraram a roupa rápido e pularam na água, já o Alex levantou meio sem graça olhando pra mim.
- Vou colocar uma sunga e já volto.
Lolita veio logo perguntando o que tinha feito pra deixa o Alex tão sem graça.
- Nada, só deixei claro que não é porque o André está aqui que vou me retrair, vou seguir seus conselhos amiga, André já era.
- Essa eu quero ver.
O restante da noite foi bem normal, jantamos, nos dividimos para lavar a louça e ficamos um pouco mais na piscina e fomos dormir, nesse meio tempo não troquei nenhuma palavra com ele, o restante do pessoal era legal, animados.
Eu tinha certeza de uma coisa, eu ia provar pro André que não ia correr atrás dele, e ia sim me divertir. A se ia.

Estão gostando? Não esqueçam de deixar seu comentário.
Beijos e até mais.

Mais uma chance - degustaçãoWhere stories live. Discover now