Capítulo 1

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Capitulo 1
        
  Minha vida inteira. Essa seria a definição de tempo para quem me perguntasse a quanto tempo eu amo o André. Idiota imaturo com o ego maior que o mundo, mais também carinhoso atencioso, um príncipe que se transformou em sapo. Um lindo sapo, diga-se de passagem.
Quando nos conhecemos eu tinha apenas 10 anos de idade e ele 12 e já se achava desde então, sempre seguro de si e de uma beleza única, não passou pela fase de garoto com espinha na cara, sempre foi lindo, pele perfeita sorriso cativante e seus olhos, ai aqueles olhos incríveis.
Lembro bem o dia que nos vimos pela primeira vez, estávamos em um almoço de domingo, meu pai tinha reencontrado um velho amigo de faculdade e juntos decidiram iniciar uma sociedade, na verdade meu pai tinha os sonhos, as idéias, a garra pelo trabalho e o Ricardo Mioheiner o dinheiro, a fusão perfeita para o sucesso.
Quando o vi pela primeira vez estava no jardim da casa dos Mioheiner, uma mansão que tinha o jardim mais perfeito do mundo, e eu achava que estava dentro de um filme que tinha visto com a minha mãe, o "jardim secreto", onde as flores faziam o seu papel de deixar o lugar encantadoramente perfeito, me transportei pra outro mundo ao andar em meio às roseiras, cheirando e falando com as flores. Eu criei também o cenário de um castelo onde eu era a princesa. Estava em um momento mágico, em um monólogo com um linda rosa tentando decidir em qual dos dois cenários eu me encaixaria, admirada com a mistura de cores, quando um garoto lindo apareceu em minha frente assustando-me. Gritei levando a mão ao peito deixei a rosa cair no gramado.
- Oi você é Isabela? mandaram procurar por você.
- você quase me matou de susto. – ele riu muito por isso.
-  Me chamo André, posso de chamar de Bela? – perguntou enquanto seguíamos por um caminho que ele me indicava.
- Bela? Não, se minha mãe quisesse que eu fosse chamada assim teria colocado meu nome de Bela, e não Isabela.
- acho um belo apelido, você é tão bonita que merece ser chamada assim, parece uma princesa  – ele pegou minha mão e saiu me puxando – agora deixa de ser chata e venha que vou te mostrar o que é diversão Fada Bela – ele disse meu nome com uma certa implicância, e eu gostei. André passou a me chamar assim, o nome saia de seus lábios tão doce, eu passei a nutrir um sentimento que até então eu não sabia definir o que era.
Eu contava os dias as horas pra encontrar com ele, e cada dia mais isso se tornava urgente, sua opinião era tudo pra mim. André me ajudava na escola, estudávamos no mesmo colégio, e estávamos sempre juntos.
Nosso primeiro beijo aconteceu eu tinha 12 anos e foi uma coisa inocente, apenas um toque de lábios, mas pra mim foi arrebatador, meu coração disparou minhas pernas ficaram bambas e foi como se tivesse acontecendo uma reunião de borboletas e fadas voadoras dentro de mim, e era assim que eu me sentia toda vez que nos encontrávamos, o ar me faltava, não existia mais ninguém, nenhum som sobressaia ao de sua voz, e nada brilhava mais que seus lindos olhos. Olhos incríveis, eu faria qualquer coisa pra ficar olhando de perto aqueles olhos que oscilavam entre o mel e o esverdeado conforme o seu estado de espirito.
Seu sorriso era capaz de me transportar para um mundo de sonhos, onde eu era a causadora de cada um deles, às vezes eu me perguntava quando me acostumaria e deixaria de ter essas reações, e eu já sabia desde cedo qual resposta: Nunca. O problema era que eu queria sempre mais beijos e todo seu sorriso e tempo só pra mim, assim como tudo que eu tinha era só pra ele, cada pensamento, cada sonho e cada sorriso. Tudo que eu fazia era pensando se ele iria gostar ou não, um corte de cabelo uma roupa nova, até mesmo as músicas que ele gostava eu queria decorar. Aprendi desde cedo a cozinhar a comida favorita dele. Tocar violão pra cantar pra ele. E era assim, eu era um planeta e ele o sol, meu mundo girava em torno do meu príncipe André.
    Os negócios do meu pai e do Sr.Mioheiner iam de vento em poupa, em 2 anos fomos morar em Milão onde abriram uma filial, eu sofri muito por perder meus amigos e ficar longe dele.  André disse que ficaria a minha espera porque ele sabia que eu seria a mulher da sua vida, imagina o que isso fez com uma garotinha sonhadora e apaixonada de apenas 13 anos que sonhava com príncipe encantado.
Não demorou pra que me acostumasse a nova vida em Milão, num país com cultura totalmente diferente da minha, fiz novas amizades, levava minha vida normal, mas, as palavras dele não saiam de mim: eu vou te esperar.
Passamos a nos encontrar somente nas férias em viagens rápidas, e sempre tínhamos muita gente por perto, mas sempre dávamos um jeito de ficarmos sozinhos, longe dos olhos dos adultos. Nossas brincadeiras foram crescendo e não eram mais tão inocentes quanto antes. Eu poderia ficar horas beijando aquela boca, sentindo seus braços em torno de mim e eu me vi completamente dele.
Quatro anos, foi esse tempo que levou para que voltássemos para o Brasil, minha avó não estava muito bem e meu pai queria ficar perto da família, a construtora estava estruturada e ficaríamos aqui.
O meu reencontro com André foi mágico, depois de quatro anos, eu estava uma pilha, eu sonhei com isso todo esse tempo. Apesar de termos nos encontrado esporadicamente esse era o momento especial, era o meu retorno.
Eu estava no jardim da casa da mãe do André meu lugar favorito, os pais dele estavam praticamente separados, o Ricardo viajava muito a trabalho e esse foi um dos motivos da separação, sem mencionar as mulheres. Minha mãe mantinha uma amizade com a Laura mãe do André, ela estava sofrendo com a eminente separação, por isso estávamos ali, claro que o meu motivo era outro, André. Faziam duas semanas que eu estava de volta e nada de nos vermos, ele tinha muitas coisas a fazer, estava na faculdade e isso tomava muito do seu tempo, e eu já pensava que na verdade estava me evitando.
- Eu sabia que ia te encontrar aqui – eu estava de costas pra ele, fechei os olhos reconhecendo sua voz, meu coração primeiro gelou, depois começou com sua mania de virar bateria de escola de samba. Aproximou-se até encostar o seu corpo no meu, passou uma mão pela minha cintura me fazendo chegar mais perto, me girou em seus braços, sua outra mão em meu pescoço logo segurando firme e carinhosamente os meus cabelos, tomou a minha boca em um beijo, sem pedir permissão, e não era preciso, pra que pedir se era tudo que eu mais queria?
Nossos lábios se reconhecendo nesse beijo, línguas se saudando dando boas vindas ao seu lugar. Foi um beijo urgente cheio de necessidade, saudades, e promessas, sua mão alcançou meu rosto, nos separamos em busca do ar – Eu sabia que você ia voltar pra mim Bela – senti seu abraço apertado, nossos corações batiam em uma só sintonia, forte alegre urgente, segurou minha mão e me levou a uma pequena fonte que tinha no meio das roseiras – vem, precisamos conversar.
   Sentamos em um banco de frente a fonte, o sol estava se pondo formando uma miríade de cores na água que caia dela, todo o lugar tinha uma beleza única assim como o homem a minha frente. Eu olhava seu rosto que tinha mudado algumas coisas, estava mais firme com cara de homem, não se assemelhava muito com o garoto que eu me apaixonei, seu rosto agora tinha uma barba por fazer que o deixava ainda mais bonito.
- Eu senti tanto sua falta – sua mão acariciava meu rosto, ele sabia o que eu sentia, estava estampado em meu rosto, em meu sorriso e nas lágrimas que agora já desciam sem controle sobre minha face. Eu não sabia me controlar em torno dele, fazia um ano que só nos falávamos por telefone, e agora eu deixava o sentimento explicito.
- Eu também – beijei novamente seus lábios – tive tanto medo que você não me quisesse mais,  achei... eu fiquei com medo que você tivesse encontrado outra pessoa que... – seu dedo nos meus lábios me impediu que terminasse a frase.
- shiii, nunca, eu falei que esperaria por você. Ninguém jamais vai ocupar o meu coração, ele é seu desde o dia que te vi bem aqui.  – ele sabia usar as palavras certas pra me ter em suas mãos. - uma fada que me encantou e me deixou preso a ela.
- Depois de tanto tempo ainda quer ficar comigo?
- Eu só quero você Bela, sempre quis, e sempre vou querer – nos beijamos outra vez, um beijo longo que selava suas palavras me dando certeza de que eu era amada e de que esse sempre foi meu lugar – você é minha Bela, sabe disso certo?- eu afirmei com a cabeça, seu polegar circula meus lábios - minha Bela – beijo - minha namorada – meu coração não dava trégua dentro do peito – linda como a luz do dia – ele me olhava com carinho - está ainda mais linda – fecho meus olhos sentindo a emoção do momento, de estar outra vez em seus braços. – olha pra mim. – abro meus olhos encontrando os dele. – sou louco por você. – seus lábios tomam posse dos meus.
- nossa como sou um cara de sorte. – ele diz sorrindo enquanto ainda me beijava.
- Não. – juntei minha testa na dele encerrando o beijo, olhando nos seus olhos disse: – eu que sou.

Mais uma chance - degustaçãoWhere stories live. Discover now