Nanda 🌺
O bofe tinha sumido e eu achando que ele tava me dando gelo, me senti até culpada. Eu estava morrendo de pena da Thay, a bichinha tava perdidinha, ainda bem que liberaram dois dias pra ela, o que eu achei absurdo né, já que num momento tão caótico desse ninguém tem condições de trabalhar.
Thayra: Amiga, vou lá na faculdade fazer uma aulinha instrumental, você pode lembrar o Thiago de tomar o remédio dele 10h e a vitamina antes do almoço?
Nanda: Claro, amiga.
Eu tinha acabado de entrar em casa, estava vindo da academia. Morar com a Thayra está sendo muito bom, a gente sempre se deu bem, fora financeiramente falando, né. To chegando juntinho com ela nas contas e mesmo assim tá sobrando dinheiro, tô pensando até em fazer uma faculdade, a Thay falou que descola um desconto de indicação pra mim lá no polo dela.
Tomei um banho revigorante, lavei o cabelo. Passei meu lily, coloquei uma roupa bem fresquinha e fui tirar a carne pro almoço.
O dito cujo estava igual um doidinho tentando abrir a caixa de remédios.
Nanda: Por que não me chamou pra pedir ajuda, doido? - fui até ele pegando a caixa da mão dele e abrindo. Ele fez cara feia. - Pedir ajuda não dói.
Th: Eu ia conseguir, pô, tu já chegou metendo a mão.
Nanda: Ia sim, tava vendo... - ironizei. - Tá todo limitado ai. - ele estalou a boca resmungando.
Fui pra cozinha e nem dei bola pra ele.
Bati os temperos, coloquei na carne e deixei ela descansando, ia fazer, arroz, bife à parmegiana e batata bolinha com pimenta calabresa.
Tomei um susto quando senti uma respiração no meu cangote, dei um pulo e virei rápido.
Nanda: Caralho, garoto, que susto! - coloquei a mão no peito.
Th: Ta devendo? - riu sacana.
Nanda: Não, ué, mas não é normal ficar igual um encosto atrás das pessoas assim! - ele se aproximou e me prensou na pia. Agora você vê, o garoto tá com um braço todo enfaixado e com esse fogo no cu todo. - Bofe, você todo limitado e tá com esse fogo todo?
Th: Que limitado, garota? Se manca... - estalou a boca. - Tenho mais um braço e o que eu quero fazer contigo, não preciso dos dois braços na ativa, não.
Nanda: Para, cara, não... Assim não! - me afastei.
Th: Ah, qual é, Fernanda? Vai falar que não quer? Que não sentiu falta? - desviei o olhar dele. Não vou negar, fiquei muito sentida sim com o que houve, apesar de ser consciente da nossa situação não ser nada sério.
Nanda: Thiago... Esse é o problema. Eu fiquei balançada demais com o que rolou, eu nunca estive na posição de sentir essas coisas, sabe? E não sei se sei lidar com isso. - olhei pra ele.
Th: É só deixar rolar, pô, tu não me cobra, eu não te cobro, deixa as coisas acontecerem naturalmente.
Nanda: É, mas e aí? Quando tudo se intensificar? E se eu começar a gostar de você e não ser correspondida? Até porque tem a minha situação de trabalho, você sabe bem, eu não escondo de ninguém e muito menos me envergonho, porque é o que me sustenta. - ele coçou a cabeça.
Th: Cara, você tá colocando a carroça na frente dos bois. Te conheci nessas condições, não vou te julgar, não vou dizer que acho lindo, mas quem sou eu pra falar da profissão de alguém, pô? O bagulho é que eu acho que você tem medo de certas paradas, por conta de certos traumas seus, normal, mas isso não pode te impedir de vivenciar outras coisas. - assenti. - Mas eu não tô te pedindo em casamento... Não agora. - completou. Olhei pra cara dele e ele riu. - Bora curtir, Nandinha. - segurou minha cintura com a mão livre e cheirou meu pescoço.