Papo de irmãos - por Pietro

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— Sei. Essas coisas são complicadas. – Diz, e olha para a janela, divagando sobre algo.

— No que, ou melhor, em quem você tá pensando?

— Hã? – Ela não escutou nada do que eu disse, tenho certeza.

— O Luís, Beca. Como vai o Luís?

— Que Luís, garoto? Tá doido?

— Sabe o que eu acho?

— Não. E não quero saber. – Ela tapa os ouvidos e começa a cantar Taylor Swift. Muito madura.

— Eu acho que você finalmente percebeu o quanto gosta dele, mas passou tanto tempo tratando-o como "coisa de verão", que agora está com medo que ele te trate da mesma forma.

— Você não sabe de nada. – Diz. Parece que eu já ouvi isso hoje, maninha...

— Sabia que você tava me ouvindo apesar de todo esse teatrinho aí. – Falo rindo e abro o portão da garagem, apesar do trânsito, não demoramos tanto assim para chegar em casa.

— Aff. – Bufa e sai do carro batendo a porta mais forte que o necessário. Ah, o amor...

— Oi, mãe. – Digo ao encontrá-la jogada no sofá, na mesma posição de quando saí. — Tudo bem aí? – Ela não me responde, então resolvo me sentar ao seu lado. — Você passou o dia todo no sofá.

— Não. Rebeca e aquela amiga dela me forçaram a dar uma volta hoje de manhã. – Ela diz com sua voz monótona. Um ano. Há um ano ela está assim. Há um ano eu não consigo reconhecer a minha própria mãe. Por que doenças como a depressão têm de existir?

— A senhora tomou seus remédios? – Pergunto tocando sua mão, ela nem se move.

— Estou cansada dessa pergunta, eu não sou uma criança! – Diz, se levantando.

— Onde a senhora vai? – Pergunto, mas não obtenho resposta. Sigo-a até ver que entrou em seu quarto. Do sofá para a cama todos os dias. Suspiro fundo, enquanto lembro da mulher animada e cheia de vida que ela costumava ser antes da morte do vovô.

— Você acha que um dia ela vai voltar a ser o que era? – André me pergunta, assim que sento na varanda e entrego-lhe uma cerveja.

— Eu rezo todos os dias para quem quer que possa ouvir, para que sim.

— Você acha que esse tratamento tá fazendo algum efeito?

— Não sei, cara. Acho que não, mas o médico disse que temos que esperar mais.

— Incrível como eles dizem pra que esperemos, sendo que tudo que queremos é fazer algo, qualquer coisa mesmo pra fazê-la se sentir melhor.

— É... – Digo. Nós ficamos em silêncio por longos minutos, refletindo sobre aquilo.

— Como estão as coisas com a Amora? – Digo, por fim.

— Bem, incrivelmente bem. Eu costumava pensar que relacionamentos esfriavam com o tempo, mas com a Amora... Cara, ela é incrível.

— Fico feliz, bro. – Digo, apertando seus ombros. Sinto meu celular vibrar no bolso. É Marília.

> Você ainda não me respondeu. Coldplay ou Pink Floyd?

Sorrio ao ler a mensagem e digito outra rapidamente:

> Você é injusta. Tenho mesmo de escolher?

> Sim!

> Tá, mas me deixa pensar.

> Você tem um minuto. Estou contando.

Analiso todos os prós e contras de cada banda. Se é que existem contras, vamos lá Pietro, sempre existem contras. Meu celular vibra de novo com mais uma mensagem de Lia:

> 30 segundos

> Você está me desconcentrando!

> 25 agora.

> Grrr, tá bom! Pink Floyd, eu prefiro Pink Floyd!

> Hahahahahaha, posso saber por quê?

> Porque eu comecei a gostar deles antes de gostar de Coldplay.

> Péssimo argumento, tsc tsc. Mas vou aceitar, só porque sou maravilhosa.

> Hahahaha, humildade mandou lembranças.

> Boa noite, Pietro.

> Boa noite, Lia.

— Marília? – Meu irmão pergunta sorrindo.

— É.

— Tão bom ver vocês se falando de novo.

— É maravilhoso, incrível, é Taylor Swifístico! – Rebeca senta ao lado de André, na nossa varanda.

E então ficamos os três, falando sobre qualquer baboseira (inclua notícias sobre a vida amorosa de Taylor Swift), nossos medos e expectativas para o futuro. Porque não importa quanto a vida mude, sempre teremos um ao outro.

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Oi :D

Quem está orgulhosa de si mesma por ter conseguido cumprir a promessa de capítulo durante a semana?? o// Hahahahaha.

Esse capítulo foi meio difícil de escrever, eu estava enrolando pra falar sobre a mãe de Pietro há um tempão simplesmente por não saber como lidar com ela e a doença. Mas agora ela vai aparecer mais vezes e eu espero muito mesmo não estragar tudo.

O livro chegou a 44K esses dias tava em 175º em ficção adolescente no ranking! Nem preciso dizer que tô super, mega, hiper, ultra feliz, preciso? Tô ansiosa pros 50K!!!!!!! Obrigada mesmo, eu nunca imaginaria isso quando comecei a escrever <3 

Enfim, espero que tenham gostado do capítulo do Pietro (fazia muito tempo que ele não vinha contar sobre a vida dele) e até domingo! Bjbj ♥

As Duas VersõesWhere stories live. Discover now