O Grande Dia

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"And I know it's long gone and the magic's not here no more, and I might be ok but I'm not fine at all" [E eu sei que acabou há muito tempo e que a mágica não está mais aqui, e eu deveria estar bem, mas eu não estou nada bem] - All too well

Vou para casa em passos lentos, pensando no que acabou de acontecer, eu encontrei Pietro por acaso, depois de tanto tempo. Não sei como explicar o que estou sentindo, ver alguém que marcou tanto meu passado, depois de anos, é assustador, é como voltar no tempo e sentir tudo aquilo de novo. Meu coração tenta se estabilizar após o susto que levou, mas é quase inútil, devido às memórias que me rondam:

-Então é isso. - Ele disse ao me deixar na porta de casa, era nosso primeiro encontro. -Eu me diverti muito hoje, apesar de não me conformar com o fato de você ser melhor que eu em ping pong. - Ele completou, sorrindo.

-Você tem que aceitar que perdeu. - Eu falei, dando uma gargalhada.

-Você é tão... - Ele começou, mas parou, como se procurasse uma palavra.

-Tão? - Eu estava visivelmente curiosa.

-Tão diferente, fora do comum, sei lá... Que garota pede para assistir Thor e ainda sai comentando o filme e comparando com o primeiro?

-Bem, eu. - Falei, rindo e apontando para mim.

-É, percebi. - Respondeu, sério.

-Mas isso é ruim? - Pergunto.

-Eu não sei...

-Como não sabe?

-Lembra quando você falou sobre a Nova Zelândia naquele trabalho de geografia? - Ele perguntou. Óbvio que eu lembrava, fiz questão de escolher o país porque eu simplesmente amava aquele lugar e, provavelmente, seria meu primeiro destino de viagem quando tivesse meu próprio dinheiro. Ele me viu assentir, então continuou: -Eu acho que não cheguei a comentar, mas... Vou fazer intercâmbio. Para a Nova Zelândia. - Merda, foi bem aí que eu descobri que estava ferrada. -Eu lembro de você gritar dizendo que queria falar sobre o país no trabalho e, você falou de tal forma, que eu acabei achando o lugar incrível mesmo, aí pesquisei mais sobre ele e eu já tinha planos de fazer intercâmbio, então... - Ele falou, olhando para os próprios pés.

-Mas naquela época a gente nem conversava... Você prestou a atenção? Ninguém presta atenção em trabalhos alheios e você parece lembrar dos detalhes...

-Eu meio que... meio que prestava atenção em você naquela época. - Ele falou e suas bochechas coraram. Tão adorável. Como eu pude não ter reparado nele antes?

-Você devia ter ido falar comigo naquela época. - Falei.

-Você nem sabia da minha existência.

-Por isso mesmo. Mas isso não importa agora. Então, eu ser "diferente" é ruim porque...

-Porque se você fosse como as outras, nós não estaríamos aqui agora e eu não teria que me preocupar em ir embora.

-Eu não acho que chegamos até aqui para nada. - Falei, mas que coragem, hein? Se fosse hoje eu não diria uma coisa dessas. Ele não disse nada, apenas sorriu e se aproximou, fui eu quem colou nossos lábios. Realmente, um poço de coragem.

Abro a porta de casa no instante em que termino de me lembrar do nosso primeiro beijo. Meu irmão vem correndo até mim para ver os materiais, eu os entrego e vou para o quarto, não sem antes ter que ouvir minha mãe dizer que demorei, claro.

Me deito na cama e, gostaria de dizer que fiquei lá até a hora do jantar, mas minha mãe me grita antes para que eu a ajude a cozinhar. Pelo menos vou ter algo para ocupar minha cabeça. Falando nisso...

As Duas VersõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora