Capítulo 1 - Lar Doce Lar

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Mais um dia novo se inicia.

E como todos os anos eu estou me mudando de escola, de novo.

Minha mãe está sempre me mudando de escola, e estamos sempre nos mudando de país, bairro e estado.
E nem me pergunte o porque de estarmos sempre agindo feito ciganos e nos mudando a toda hora. Mas acho que esse deve ser o fetiche da minha mãe, se mudar.

Estranho, eu sei.

Mas é por esse motivo que eu não consigo fazer amigos. Ou ter muitos amigos. Estou a todo momento me mudando com minha mãe que eu desisti de tentar me enturmar e fazer amigos. Me tornei calado e sozinho em todas as escola que já passei.

E bem, digamos que não foram poucas.

Já passei por algumas escolas em Nova York, vários lugares da Coréia do Sul e um belo dia minha lúcida mãe queria que fôssemos para a França. Não que ir para a França fosse problema, não, longe disso. O único problema é que não sabíamos uma palavra sequer em francês.

E é por esse motivo que minha mãe resolveu voltar para a Coréia e ficar aqui por um tempo. Ela diz que faz bem para a saúde mental e física viajar por ai sem preocupações. Ela diz que não quer correr risco de envelhecer, isso seria o maior pesadelo para ela.

E já que estamos voltando para a Coréia, irei reencontrar meus queridos e antigos amigos. Taehyung, Seokjin e Yoongi. Os únicos amigos que eu consegui fazer morando pouca parte da minha vida na Coréia.

E eu espero que seja diferente agora. Espero que as pessoas não me achem estranho, que pensem que sou um gótico solitário, ou que pensem que eu sou metido por quase não falar com ninguém. Vivi parte da minha vida assim em Nova York, e não foi nada legal ouvir as pessoas fazerem brincadeiras sem graça ou de ficarem me chamando de sushi sushi, sempre que me viam.

Bem, esses três garotos fizeram parte de toda a minha infância e metade da minha adolescência. Já que tive que sair da Coréia com quatorze anos e comecei a viajar com a minha mãe. Não nos paramos de nos falar, mesmo depois de todo esse tempo. Eles sempre me ligavam por webcam ou mandavam mensagens dizendo estar com saudades de mim. Acho que nossa amizade nunca se acabou, se tornou fraca e nem mesmo deu um break, mesmo com todas essas viagens e essa maldita distância.

Minha mãe é apenas uma dona de casa que ama viajar e fazer compras, enquanto meu pai trabalha no rumo do jornalismo. E isso explica o porquê da minha mãe querer estar sempre viajando. Mas graças aos céus eles resolveram dar uma pausa no trabalho e me deixar ficar em uma escola por um tempo.

Eu fiquei feliz por saber que depois de tanto anos eu irei rever os meus amigos, os primeiros que eu tive na vida. Voltar para casa, para o lugar onde nasci, me faz ficar bem e faz com que eu me sinta um pouco mais seguro.

— Você está pronto, raio sol?— Minha  mãe me desperta de meus pensamentos enquanto arrumava o uniforme amarelo em meu corpo.

— Tenho mesmo que usar esse uniforme?— Faço careta e minha mãe sorri se aproximando por trás de mim, ajeitando minha pequena gravata.— Ele me deixa gordo e.. Amarelo.

— Você está um verdadeiro sol, está magnífico, querido.— Me abraça por trás, fazendo-me sorrir.— E vamos, não quero que você se atrase no seu primeiro dia.

Eu apenas assinto correndo até minha cama — que tive que arrumar obrigatoriamente antes de sair pra deixar claro — e pego minha mochila antes de seguir minha mãe até o carro.

Eu não disse detalhadamente, mas estou entrando no colégio na metade do ano. Então as pessoas devem se conhecer e isso é estranho pra mim. Confesso sentir um pouco de medo do que pode ou não estar por vir. As pessoas podem me achar estranho.

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