Capítulo 7

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A NOITE QUE DUROU DIAS

A estrada foi cansativa, esburacada, e já quase chegando, uma chuva sem aviso o surpreendera. Mas isso não era problema, não para ele. Tinha um objetivo e faria qualquer coisa, enfrentaria qualquer dificuldade para alcançá-lo.

A pista era quente, ele sabia. Desde aquela primeira noite, não o perdera de vista, não mais. Seu descuido fora se empolgar demais em sua tarefa e esquecer que havia um terceiro rato a ser abatido, e esse terceiro fugira. Mas agora estava encurralado, como todo rato deve estar. Fugira covardemente, como já era de esperar. Mas não era inteligente. Se esconder num sitio no interior não era nada esperto.

No jardim, escuro e molhado, ele se camuflava atrás de uma pedra grande que ali estava. Desse ponto, tinha uma visão privilegiada das janelas da frente. A casa era pequena, ele soube por seu informante, mas era confortável. Continha dois quartos no andar superior e mais um no inferior. A sala era ampla, e por isso era dividida em duas,  sala de estar e de jantar. Decoração simples, mas cercada de detalhes. Claro que sim. Mesmo sendo caçado, aquele rato nojento não perderia a pose e o orgulho. Sorriu, mostrando seus dentes tortos, mas imaculadamente brancos. Aquela banca iria acabar essa noite. Só estava esperando o momento certo. E ele chegou.

A luz da sala foi apagada, e logo a do corredor também. Sabia de antemão, que seu rato preferia dormir no andar de baixo, claro, ali a rota de fuga seria mais fácil. Seria, se não fosse ele o caçador. Desta vez, não haveria fugas, e a primeira parte de seu plano estaria completa, enfim. Deu um tempo de meia hora até suspirar e recomeçar a se movimentar.

Foi com lentidão e calma, a pressa era de fato inimiga da perfeição. Os empregados daquele sitio dormiam afastados em uma casa a direita, mais abaixo do barranco. Ainda chovia, o que impediria que alguém escutasse seus pés pisoteando a grama. Não conhecia o interior da casa, mas teve uma descrição muito clara de seu informante de como os cômodos eram distribuídos. Sabia por exemplo, que a janela do quarto onde estava recolhido seu rato, dava para a lateral esquerda da casa. Sabia, que, segundo histórias, que os locais contavam, ele dormia com uma arma abaixo do travesseiro, a espera de seu assassino e do de seus pais. Que tolo, noticiar uma coisa dessas. Agora ele, o assassino, sabia muito bem, como se defender. Sorriu mais uma vez, ratos são mesmo muito burros.

Não teve dificuldade em quebrar o trinco da cozinha sem fazer muito alarde. Era tudo muito velho e enferrujado. A casa era só escuridão e silencio. Respirou fundo mais uma vez, chegava até mesmo salivar, afinal, estava tão próximo do fim que aquilo o excitava de forma exagerada.

Retomando controle de si, caminhou a passos firmes até o corredor estreito e curto que o levava ate o quarto do seu rato. A porta rangeu quando ele a afastou pra dentro, e logo ele ouviu o estampido de um tiro. Seu rato era arisco, mas mesmo assim, era burro. Ele apenas se abaixou gargalhando e deixou a bala passar.

- SEU IMUNDO! VEIO TERMINAR O QUE COMEÇOU? MAS NÃO VAI CONSEGUIR, COMO NÃO CONSEGUIU ANTES! – Fedro tremia a 38 em sua mão. Desde que fugira na noite do assassinato dos pais, sabia que aquele monstro viria atrás dele. Se escondeu como pode e tentou se proteger, mas ao ouvir o trinco da porta ser quebrado soube que havia chegado a hora, só não entendia porquê.

A luz de mais um relâmpago preencheu o quarto em milésimos de segundos e ele pode ver o sorriso desdenhoso que aquele homem tinha. Ele havia se levantando e sem medo do que a arma de Fedro podia fazer em si, recomeçou a andar calmamente em direção a ele, que estava em pé, tremulo, perto da cabeceira da cama em frente a janela.

AliceWhere stories live. Discover now