noite das garotas... ou quase isso

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Levantei-me da cama, contra minha própria vontade, e criei coragem para tomar um banho. Pois era necessária coragem para se entrar de baixo do chuveiro com a temperatura que se encontrava, necessitando se livrar, nem que fossem por míseros minutos, dos agasalhos.

Após o banho, voltei para a cama. Não queria me levantar ou falar com alguém, até que meu celular apitou mais uma vez.

O tomei e haviam algumas ligações perdidas de meus avós.

Liguei para eles através de uma chamada de vídeo.

Nos falamos durante horas, entre gargalhadas por vovô não saber usar o celular direito e a todo momento perguntar à vovó o que fazer, também achou que não era eu do outro lado da tela e sim uma gravação que era capaz de responder a qualquer pergunta que ele fizesse. Me questionou sobre várias coisas, só para ter certeza. Quis saber sobre minhas aulas, se estava vivendo bem, minhas amizades e se eu já havia encontrado um paquera, como disse ele, afirmando que os jovens de hoje em dia falam assim. Não sei que jovens...

Falei pra ele sobre as meninas, que uma delas fiz amizade no avião e que por coincidência frequentamos as mesmas aulas e falei sobre Lenon, só para eles ficarem cientes de que eu tinha uma presença masculina em minha vida. Mas fiz questão de deixar claro que éramos apenas amigos, apesar de não estarmos nos falando, para não se preocuparem assim como John. Mas claro, não funcionou. Vovô continuou intrigado, mas vovó como sempre, me entendeu e confiou em mim.

Encerramos a ligação assim que a campainha da casa deles tocou e me informaram que alguns amigos do bingo iriam visitá-los. Mandei beijos e eles também, me abençoando e acenando.

Vovô demorou para conseguir desligar a chamada, pois vovó não estava ao lado dele para ajudá-lo.

Resolvi não falar nada sobre Steve, ou ao menos citar que estava tendo problemas com a fraternidade. Eles já haviam dito que estava um pouco difícil sem mim, apesar de vovô dizer que minha vó estava sendo dramática, então não deveria preocupá-los com mais problemas de adolescente.

Deixei o celular de lado sem saber bem o que fazer. Me aproximei da janela e me sentei na escrivaninha, apoiando o rosto nas mãos observando o exterior. A visão não era lá grande coisa, apenas uma árvore grande que cobria a janela, mas dava para avistar as nuvens cinzentas no céu azul escuro, quase preto.

Ouvi batidas na porta e girei a cadeira.
_ Entre!- Quase gritei, ainda sentada.

Três silhuetas passaram pela porta, com pijamas e sacos com doces e bebidas.

Joguei minha cabeça para trás desacreditada e me levantei.

_ Acho que tem alguém precisando de uma noite das garotas.- Jessica afirmou se aproximando.
_ Vocês são incríveis. Me abracem!- Abri os braços e elas correram até mim.- Me desculpem por mais cedo.

_ Deixa disso. Terá muito tempo para se explicar.- Daphine disse se desvencilhando e as meninas fizeram o mesmo.

As garotas logo se espalharam pelo pequeno quarto e informaram que encontraram com Max no corredor e ela disponibilizou o uso do quarto para que pudéssemos fazer uma festa do pijama.

_ Um shot pra aliviar e a senhorita abrir o bico.- Jéssica me estendeu um pequeno copo de tequila e logo o virei, acompanhada por elas.

_ Agradeceria se não tocássemos nesse assunto.- Caminhei até minha cama e me joguei ao lado de Daphine que descansava em meu travesseiro.

Larissa estava na cama de Max e Jéss em uma poutrona de canto.

_ Por que você quer encobrir o cara que te beijou à força? Acho que isso deveria chegar até os ouvidos do próprio reitor. Medidas podem ser tomadas, Laura!
Jéssica, se colocou de pé.

_ Eu não acho. Somos todos crescidos aqui.  A direção não vai querer cuidar de um caso como esse. Que coisa idiota, pra eles. Se a Laura estiver incomodada ela mesmo pode registrar uma ocorrência em uma delegacia qualquer.- Interveio Daphine, recebendo um olhar não muito simpático da morena cacheada.

_ Concordo com Daphine, Jéss. E eu não o estou encobrindo.- Tentei.- Eu tenho algumas pessoas importantes em minha vida que não precisam saber sobre essas coisas mínimas que acontecem aqui. Muito menos manchar alguém com um nome na delegacia por algo assim. Pode ter certeza de que se fosse algo que tivesse me feito me sentir mal ou me ferido de alguma forma, teria tomado providências grandes.

_ Então está dizendo que fez toda aquela cena por um beijo que no fundo você gostou?
Fez expressão de indignada e eu retribui a mesma expressão.

_ Não disse em momento algum que gostei e muito menos fiz um show. Apenas saí pois não queria mais tocar nesse assunto. Digamos que eu e esse garoto temos alguma coisa...

_ Vocês estão juntos?- Larissa perguntou engasgada com alguns doces que colocava na boca.

_ Não por mim.- Fiz sinal de defesa com as mãos.- Mas é o que ele anda dizendo. A verdade é que sentimos algo mútuo. Um sentimento parecido com ódio, mas sabe, eu não quero acabar com ele. Não agora.

Jéssica voltou a se sentar.
_ Não entendi nadinha.

_ Deixa ela, Jéss. Alguns problemas devem ser resolvidos por nós mesmos, outros, o tempo resolve.- interveio Daphine mais uma vez.

_ Sobre o que falamos então? Não tem nada interessante acontecendo em minha vida no momento que eu possa compartilhar com vocês.- Jéssica voltou a ter a palavra.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que Larissa se pronunciou:

_ Eu fiquei com um veterano.

A olhamos.
_ O quê?

Nossas vozes saíram em um único som.

_ Hoje à tarde.- Se ajeitou na cama e olhou para o teto como se estivesse vivenciando novamente o momento.- Não foi muito legal, mas foi bom. Bem... Um pouco rápido demais.

_ Garota, quem é o cara?- Jéssica perguntou ainda desacreditada.

_ Acho que apenas Laura o conhece...
_ Conheço?
_ Sim, bobinha! Aquele da festa de recepção. Alex, o nome dele.

_ Ah, não me lembro de sermos apresentados.- Parei para pensar.

_ Não, realmente não foram. Mas isso não importa. Estamos juntos agora.

_ Depois do que aconteceu... É o mínimo.
Daphine alisava meu cabelo com as mãos.

_ Tem certeza que estão juntos?- Perguntou Jéssica. Por algum motivo ela não conseguia acreditar em tudo que estava ouvindo.- Não quero ser malvada, mas esses caras da faculdade não são como os garotos do colégio.

_ Você não está sendo malvada.- Larissa escorregou o corpo na cama.- Está sendo chata! É diferente.- E mostrou a língua para Jéssica que deu de ombros.

_ Se você diz...

_ Mas ainda não consigo entender. Como você foi pra cama com um rapaz que conhece há apenas algumas semanas?
_ Tudo é questão de química, Laura.
A morena respondeu apaixonada.

_ Química...- Daphine se pronunciou enfim.- Verá a química quando estiver em um laboratório aguardando o resultado de seu exame de gravidez.

Rimos, com exceção de Larissa.

_ Mas você fez isso por que quis, ou por algo da fraternidade?- Jéssica voltou a questionar.
_ Obviamente porque quis.- Larissa respondeu rapidamente.- Eu gosto dele.

_ Assim como gostava de John.
Daphine murmurou, ainda assim Larissa ouviu seu comentário e fez sinal para que ela cortasse o assunto.

Senti um embrulho no estômago mas resolvi não dizer nada.

_ Vocês são caretas!- Disse ela se deitado e nos dando as costas.- Essa festa já acabou pra mim. Boa noite!
Cobriu-se até a cabeça com o primeiro edredom que viu pela frente.

Nos olhamos cúmplices e rimos baixinho.







É um milagre! Estou aqui por um milagre liberando este capítulo. Mas enfim...

Logo mais teremos outro.

Beijocas! ♡ Crazy.

University-ish| [EM PAUSA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora