- A senhora Cimério pediu que retirasse a mesa, pois o senhor Alfredo...

- Eu já sei que ele vem. Mas eu não comi ainda, se você não reparou, então trate de trazer o meu café imediatamente. – Respondeu pausadamente Alice, antes de se sentar na sua habitual cadeira da direita a cabeceira da mesa.  – Ande logo, não tenho o resto da manhã! Quanta incompetência!

- Bom dia resmungona! – Um rapaz de cabelos negros e olhos da mesma cor e bem alto acabara de entrar pela sala.

- Oi Alvy. Como você consegue estar feliz logo de manhã? – Alice perguntou apoiando a cabeça em uma das mãos, em cima da mesa.

- Só olhar pela janela e ver a vista mon amour. – Respondeu Álvaro se sentando em frente a ela, do outro lado da mesa.

- Anda muito romântico ultimamente senhor Cimério Sucré. Apaixonado? – Álvaro riu.

- O querida Alice, isso não, aí você já está apelando. Amor? Eu? Desde quando isso combina?

- Não mesmo.

- Com licença. – A empregada voltara com uma ajudante. Traziam bandejas recheadas de pães, frutas, sucos, todos os tipos de geléias, presuntos, queijos e biscoitos.

- A demora de sempre! – Alice resmungou.

- Desculpe-nos senhorita. – A mulher respondeu de cabeça baixa colocando de maneira ordenada as coisas na mesa. – Senhor Álvaro, bom dia. Devo trazer algo para o senhor também?

- Não Miranda, obrigado. – Alice olhou feio para ele, que apenas sorriu de volta para ela. – Eu belisco algo da Alice mesmo.

- Nos dê licença então. – E as duas empregadas saíram da sala.

- Você anda muito nervosa Alice! – Álvaro disse pegando uma uva.

- Você agradeceu a uma empregada. Não há o que agradecer Álvaro, ela só estava fazendo a obrigação dela. – Disse entre um gole de café e outro.

- As vezes tendo a ser simpático. Coisas de advogado para se fazer convincente.

- Vocês são é uma bela corja de falsos, isso sim. – Os dois riram.

- Fiquei sabendo que seu primo querido, o Angus V, - Álvaro riu ao proferir o nome – vem para seu aniversário. – Sorriu maroto para a irmã que corou um pouco.

- Ele não é meu primo preferido Álvaro. É que temos tantos primos que é difícil ser amiga de todos. A gente tem que escolher alguns. – Alice respondeu de cabeça baixa. – Ah, e não gosto quando você debocha o nome dele.

- Calma, não precisa defender o amado! – Álvaro levantou os braços como em sinal de redenção.

- Amado? – Um homem de voz grave e cabelos loiros meio esbranquiçados apontou pela porta.

- Bom dia papai. – Os dois responderam em uníssono.

- Bom dia. Então Alice, namorando? – Perguntou ainda perto da porta.

- Claro que não pai. São as besteiras de sempre que o Álvaro diz.

- Ah claro, besteiras. Se o Angus escuta você dizendo isso vai ficar muito chateado.  – Alice lançou um olhar mortal para o irmão.

- Angus? Angus Cimério Sucré V? Mas ele é seis anos mais velho! – Odilon respondeu um tanto assustado.

- E meu primo, pai! Por Deus, isso é loucura! – Alice disse achando graça por seu pai não se importar com esse detalhe.

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