— Ei, será que... Você está bem? — a voz fez com que eu levantasse a cabeça e olhasse para a porta. Hunter Collins estava parado ali, com as sobrancelhas franzidas. Eu balancei a cabeça, incapaz de formular uma resposta em voz alta, não quando eu ainda estava chorando copiosamente, trêmula e abalada.

Hunter aproximou-se devagar e sentou-se ao meu lado na cama, analisando-me com cuidado. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que eu nunca havia visto antes. Muito lentamente, ele esticou a mão para tocar minhas costas, esfregando-as em um gesto de conforto. Ele continuou enquanto eu soluçava e lutava para respirar e eu odiava que ele me visse naquele estado.

— Está tudo bem, respire fundo. — ele instruiu — Eu estou aqui, ok? Só respire fundo.

Eu me forcei para controlar meus soluços e, após vários minutos de exercícios de respiração e frases tranquilizadoras de Hunter, eu finalmente havia me acalmando e meu ataque de pânico havia diminuído para algumas lágrimas e mãos trêmulas. Eu fechei os olhos por um segundo, tentando me recompor e, quando os abri novamente, Hunter parecia estar tentando escolher suas próximas palavras com cuidado, provavelmente para não me estressar mais; eu entendia, ver alguém assim era bastante assustador e fazia você pisar em ovos, sem saber o que fazer em seguida.

— O que fez você ter um ataque de pânico? — ele perguntou baixinho. Eu franzi minhas sobrancelhas em surpresa ao vê-lo usar o termo correto e não simplesmente imaginar que eu havia surtado como algumas pessoas menos delicadas faziam. Minhas expressão deveria ter entregue meus pensamentos, porque ele explicou:

— Minha mãe é enfermeira, ela me ensinou uma coisa ou outra. — ele respondeu simplesmente — Você não precisa responder, se não quiser.

— Eu acabei de terminar com meu namorado traidor. — eu confessei. Falando assim, eu parecia apenas uma adolescente fútil. Eu realmente havia tido um ataque de pânico por causa do Ben? — Droga, isso é tão estúpido.

— Não é não. Você tem todo o direito de estar chateada. — Hunter me assegurou — Você quer falar sobre isso?

Então, antes que eu pudesse engolir minhas palavras, eu derramei a última meia hora, explicando o que havia acontecidos entrar em muitos detalhes. Eu senti minhas bochechas corando em humilhação e sabia que jamais teria me aberto assim se não estivesse tão abalada. Hunter havia me pegado em um momento crítico e, pela expressão dele, eu sabia que ele não era o tipo de cara que simplesmente daria as costas e me deixaria sozinha.

Hunter ouviu com atenção, parecendo irritado com a situação, mas de alguma forma eu sabia que era por mim e não comigo. Devagar, ele esticou a mão para tocar o local onde eu havia batido a cabeça; o corte ali latejava, mas não tanto quanto o meu peito. Quando seus dedos tocaram minha pele, uma corrente elétrica se espalhou pelo meu corpo e a sensação era boa, embora eu não quisesse pensar sobre o que aquilo significava.

— Ele fez isso com você? — ele perguntou baixinho. Por trás da preocupação eu podia ver a fúria queimando em seus olhos.

— Eu tropecei no escuro quando porcurava pelo interruptor. — era uma meia mentira, mas eu sabia que, se Hunter julgasse Ben culpado pelo meu machucado, ele provavelmente sairia para confrontá-lo e a última coisa de que eu precisava naquele momento era de uma briga no corredor por minha causa, tornando-nos a atração para todos os presentes na festa.

Hunter franziu as sobrancelhas, desconfiado, mas não insistiu sobre o assunto.

— Você precisa que eu chame alguém? Aidan está aqui, não está? — ele perguntou. Céus, não. Aidan seria provavelmente a última pessoa que eu arrastaria para essa situação. Talvez ele demonstrasse alguma compaixão por mim, mas então não faria nenhuma ideia de como lidar comigo. E então provavelmente usaria isso contra mim para sempre.

— Não, não conte a ninguém. Especialmente Aidan. — eu pedi. Hunter me encarou seriamente.

— Eu não acho que...

— Isso não vai tornar as coisas melhores. — eu o interrompi — Por favor, Hunter, faça isso por mim.

Com um suspiro, ele finalmente concordou, mesmo não parecendo feliz com a ideia de eu querer lidar sozinha com aquilo.

— Melhor cuidarmos disso então.— Diz Hunter delicadamente, indicando minha testa, onde o corte provavelmente sangrava. Hunter guiou o caminho até o banheiro do quarto e procurou por um kit de primeiros socorros no armário da pia enquanto eu me sentava sobre a mesma, me sentindo subitamente fraca demais para ficar em pé.

Hunter sabia ser delicado, fazendo cuidadosamente um curativo em minha testa. Ele manteve-se concentrado na tarefa enquanto eu me mantinha concentrada em ouvir nossas respirações, porque eu precisava desesperadamente me focar em algo que não fossem os últimos acontecimentos.

— Pronto. — ele diz quando termina — Eu não acho que vá ficar alguma marca, mas você provavelmente deveria procurar um médico se sentir tonturas ou algo assim.

— Obrigada, Hunter. — eu respondi, encarando-o — De verdade.

— Você nunca deve me agradecer por isso. — ele diz sério — Você precisa de uma carona para casa? — eu balancei a cabeça negativamente.

— Minha melhor amiga está aqui, eu vou voltar com ela. — eu respondi.

— Você está pronta para sair daqui? Eu posso ir procurá-la e trazê-la para você, se você quiser. — ele disse gentilmente. Novamente, eu balancei a cabeça. Mesmo que a oferta fosse tentadora, eu só queria encontrar Jasmine rapidamente e sair daqui. E provavelmente nunca mais pisar em uma festa de novo. — Ok, então. Deixe eu acompanhar você.

Cansada demais para protestar, eu apenas assenti e deixei Hunter me levar para fora do quarto. Precisei resistir ao súbito desejo de olhar para trás para o corredor, querendo saber se Ben e Madison ainda estavam ali, como se nada tivesse acontecido, ou se eles haviam saído. Eu me forcei a seguir em frente, no entanto, sabendo que vê-los iria apenas me machucar mais.

Hunter me guiou até o primeiro andar e nós abrimos caminho em meio a multidão ainda animada. Eu agradeci aos céus quando não trombamos com nenhum conhecido e, quando avistei Jasmine, apontei para Hunter, deixando-o saber que ele podia seguir em frente também. Antes que ele saísse, no entanto, Hunter se virou para mim.

— Sinto muito pelo seu namorado. Ele é realmente um idiota por não perceber o erro que cometeu ao magoar você. — ele disse — E você merece muito mais do que isso.

As palavras de conforto dele aqueceram meu coração partido.

— Obrigada, Hunter. Eu vou ficar bem, não se preocupe. — garanti. As palavras podiam parecer uma grande mentira, mas, mesmo completamente despedaçada como eu me me sentia naquele momento, de alguma maneira, eu sabia que ficaria bem, não importa o quanto demorasse.

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