Mais um dia tedioso de sábado, acordo tarde e sem a mínima vontade de sair da cama. Ontem depois da escola ainda fui para o ensaio de ballet e isso me matou.
Levanto, faço minha higiene e desço a cozinha para tomar café da manhã/almoço. Chegando lá encontro um bilhete da minha mãe na bancada:
"Soph, eu vou trabalhar até tarde hoje, seu pai foi viajar de novo e eu levei a sua irmã até a casa de uma amiguinha. Tem comida na geladeira. Volto às 17:00.
Beijinhos
Mamãe"Esquento a comida no microondas, é o macarrão de ontem, depois de comer lavo meu prato e subo de novo. O que se fazer quando não tem nada pra fazer? Isso mesmo, assistir séries.
Pego meu notebook e coloco uma série que comecei a pouco tempo mas é muito legal. Desligo meu celular, pois não queria ser perturbada.
Depois de uns três episódios, ouço a campainha tocando loucamente lá embaixo.
- Já vai! - grito.
Com toda a calma, pauso minha série e desço as escadas. Então percebo que ainda estou de pijama, penso em ir me trocar, só que a campainha não para de tocar.
- Já disse que tô indo! - grito de novo, é, não vai dar pra me trocar.
Vou até a porta da sala, a campainha ainda toca, que raiva, já disse que eu estou indo porra. Abro a porta já gritando.
- Vai parar de tocar a porra dessa campai... - paro de falar quando vejo a Sarah aos prantos na minha frente. Ela corre e me abraça, chorando.
- O-o que aconteceu?? - pergunto preocupada.
- E-ele... Acidente... H-hospi-pital... - ela não consegue falar, fica gaguejando entre os soluços.
- Calma - digo já apreensiva - Vem, vamos subir e enquanto eu me troco você me conta...
Subimos para o meu quarto e vou logo procurando uma roupa para sair, porque parece que a coisa é séria.
- Me fala, o que aconteceu??!
- O Thiago sofreu um acidente de carro! Ele está no hospital e parece que o caso é sério - ela responde ainda chorando.
- Meu Deus! Vamos pra lá agora!
- Vou chamar um táxi - ela perceptivelmente tenta se acalmar para ligar para o taxista.
Sarah chama um táxi, já que o hospital é longe e não dá tempo de pegar um ônibus. Enquanto o taxi não chega eu fico pensando o que pode ter acontecido...
Chegamos no hospital, o médico disse que ele ainda não pode receber visitas, pois está na UTI e seu estado é grave.
Agora eu estou me perguntando, por que ele estava dirigindo um carro? Se ele não tem carta e nem idade para dirigir?! Alguma coisa séria devia ter acontecido para que ele saísse de casa assim!
Fico esperando até a noite, a madrasta dele está aqui comigo, eu gosto muito dela e ela de mim. A Sarah teve que ir embora, mas prometeu que voltava logo. Liguei para a minha mãe avisando que estava aqui.
Um médico entra na sala com um rosto apreensivo, porém com um sorriso.
- Família de Thiago Fernandes? - nos levantamos imediatamente.
- Ele acordou - dou um suspiro de alívio - Já pode receber visitas, como é só vocês duas, vai uma de cada vez.
A mãe dele vai primeiro, ela entra e depois de um tempo sai com lágrimas nos olhos. Eu entro ansiosa para falar com ele, chego no quarto e o vejo. Ele está com aparência cansada, pele pálida, porém seus olhos estão vivos me olhando.
- Oi - digo calmamente, pelo menos tentando.
- Soph! Pensei que você não viria.
- Claro que eu vim, você é meu amigo! A Sarah também já chega.
- É, amigo... - ele murmura quase inaudível.
- O quê?
- Nada.
- Então, Thi, o que aconteceu? - pergunto querendo saber porque ele resolveu dirigir sem nem saber direito.
- Eu não lembro direito, só lembro de receber um telefonema dizendo que a meu pai tinha sofrido um acidente, sai correndo e peguei o carro da minha madrasta. No meio da estrada, eu vi algo, ou alguém, e me assustei, perdi o controle e bati. Depois não me lembro de mais nada. E agora eu descobri que não aconteceu nada com o meu pai!
- Nossa! - tento processar o que ele disse.
- Senhorita... - uma enfermeira diz entrando no quarto - Ele precisa descansar, vocês podem conversar mais depois.
- Tudo bem... - me viro pra ele - A gente se vê depois. - dou um beijo na sua bochecha e saio do quarto.
Vou para casa direto, estou muito cansada. Ligo para Sarah e nós combinamos de ir amanhã juntas para vê-lo. Eu não contei o que ele me falou, acho que é mais fácil ele dizer de sua boca.
Chego em casa já a noite. Minha mãe e minha irmã estão jantando. Lavo as mãos e me junto a elas.
- Então filha, o que aconteceu? - ela pergunta preocupada.
- O Thiago sofreu um acidente de carro.
- Mas tinha alguém dirigindo? Por que ele não tem idade...
- Então, ele disse que recebeu um telefonema dizendo que a mãe dele tinha sofrido um acidente, saiu correndo e pegou o carro do pai dele. No meio da estrada, ele viu algo, ou alguém, se assustou, perdeu o controle e bateu o carro. Ele disse que depois não me lembra de mais nada.
- Que estranho, até parece uma armadilha.
- Eu também pensei nisso! E também não tinha acontecido nada com a mãe dele. Mas não conheço ninguém que poderia estar contra ele.
- É... Acho que eu vou ligar pra mãe dele para passar um pouco de conforto.
- Obrigada mãe.
Terminamos de comer em silêncio, subo pro meu quarto, tomo banho e caio morta na cama.
***
Acordo só no outro dia, com meu celular vibrando na mesinha ao meu lado. Era uma ligação do Vitor.
- Alô?
- Sophie! Te liguei varias vezes ontem, aconteceu alguma coisa?! - lembrei que tinha desligado o celular quando estava no hospital.
- Ah desculpa, eu desliguei o celular quando estava no hospital...
- Hospital?!
- É, você não soube?? O Thiago sofreu um acidente...
- Sério? Melhoras pra ele...
- Eu e a Sarah vamos visita-lo agora, tenho que desligar.
- Ok! Beijos.
ESTÁ A LER
O garoto loiro
RomanceSophie era uma garota comum de 16 anos, ruiva, bonita e de personalidade forte. Ela entra para uma nova escola e logo faz amizades e como é inteligente vai muito bem. Porém, um garoto fica a tratando mal junto de seus amigos, sem motivo aparente. Ma...