Capítulo 35

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Mais um dia tedioso de sábado, acordo tarde e sem a mínima vontade de sair da cama. Ontem depois da escola ainda fui para o ensaio de ballet e isso me matou.

Levanto, faço minha higiene e desço a cozinha para tomar café da manhã/almoço. Chegando lá encontro um bilhete da minha mãe na bancada:

"Soph, eu vou trabalhar até tarde hoje, seu pai foi viajar de novo e eu levei a sua irmã até a casa de uma amiguinha. Tem comida na geladeira. Volto às 17:00.
Beijinhos
Mamãe"

Esquento a comida no microondas, é o macarrão de ontem, depois de comer lavo meu prato e subo de novo. O que se fazer quando não tem nada pra fazer? Isso mesmo, assistir séries.

Pego meu notebook e coloco uma série que comecei a pouco tempo mas é muito legal. Desligo meu celular, pois não queria ser perturbada.

Depois de uns três episódios, ouço a campainha tocando loucamente lá embaixo.

- Já vai! - grito.

Com toda a calma, pauso minha série e desço as escadas. Então percebo que ainda estou de pijama, penso em ir me trocar, só que a campainha não para de tocar.

- Já disse que tô indo! - grito de novo, é, não vai dar pra me trocar.

Vou até a porta da sala, a campainha ainda toca, que raiva, já disse que eu estou indo porra. Abro a porta já gritando.

- Vai parar de tocar a porra dessa campai... - paro de falar quando vejo a Sarah aos prantos na minha frente. Ela corre e me abraça, chorando.

- O-o que aconteceu?? - pergunto preocupada.

- E-ele... Acidente... H-hospi-pital... - ela não consegue falar, fica gaguejando entre os soluços.

- Calma - digo já apreensiva - Vem, vamos subir e enquanto eu me troco você me conta...

Subimos para o meu quarto e vou logo procurando uma roupa para sair, porque parece que a coisa é séria.

- Me fala, o que aconteceu??!

- O Thiago sofreu um acidente de carro! Ele está no hospital e parece que o caso é sério - ela responde ainda chorando.

- Meu Deus! Vamos pra lá agora!

- Vou chamar um táxi - ela perceptivelmente tenta se acalmar para ligar para o taxista.

Sarah chama um táxi, já que o hospital é longe e não dá tempo de pegar um ônibus. Enquanto o taxi não chega eu fico pensando o que pode ter acontecido...

Chegamos no hospital, o médico disse que ele ainda não pode receber visitas, pois está na UTI e seu estado é grave.

Agora eu estou me perguntando, por que ele estava dirigindo um carro? Se ele não tem carta e nem idade para dirigir?! Alguma coisa séria devia ter acontecido para que ele saísse de casa assim!

Fico esperando até a noite, a madrasta dele está aqui comigo, eu gosto muito dela e ela de mim. A Sarah teve que ir embora, mas prometeu que voltava logo. Liguei para a minha mãe avisando que estava aqui.

Um médico entra na sala com um rosto apreensivo, porém com um sorriso.

- Família de Thiago Fernandes? - nos levantamos imediatamente.

- Ele acordou - dou um suspiro de alívio - Já pode receber visitas, como é só vocês duas, vai uma de cada vez.

A mãe dele vai primeiro, ela entra e depois de um tempo sai com lágrimas nos olhos. Eu entro ansiosa para falar com ele, chego no quarto e o vejo. Ele está com aparência cansada, pele pálida, porém seus olhos estão vivos me olhando.

- Oi - digo calmamente, pelo menos tentando.

- Soph! Pensei que você não viria.

- Claro que eu vim, você é meu amigo! A Sarah também já chega.

- É, amigo... - ele murmura quase inaudível.

- O quê?

- Nada.

- Então, Thi, o que aconteceu? - pergunto querendo saber porque ele resolveu dirigir sem nem saber direito.

- Eu não lembro direito, só lembro de receber um telefonema dizendo que a meu pai tinha sofrido um acidente, sai correndo e peguei o carro da minha madrasta. No meio da estrada, eu vi algo, ou alguém, e me assustei, perdi o controle e bati. Depois não me lembro de mais nada. E agora eu descobri que não aconteceu nada com o meu pai!

- Nossa! - tento processar o que ele disse.

- Senhorita... - uma enfermeira diz entrando no quarto - Ele precisa descansar, vocês podem conversar mais depois.

- Tudo bem... - me viro pra ele - A gente se vê depois. - dou um beijo na sua bochecha e saio do quarto.

Vou para casa direto, estou muito cansada. Ligo para Sarah e nós combinamos de ir amanhã juntas para vê-lo. Eu não contei o que ele me falou, acho que é mais fácil ele dizer de sua boca.

Chego em casa já a noite. Minha mãe e minha irmã estão jantando. Lavo as mãos e me junto a elas.

- Então filha, o que aconteceu? - ela pergunta preocupada.

- O Thiago sofreu um acidente de carro.

- Mas tinha alguém dirigindo? Por que ele não tem idade...

- Então, ele disse que recebeu um telefonema dizendo que a mãe dele tinha sofrido um acidente, saiu correndo e pegou o carro do pai dele. No meio da estrada, ele viu algo, ou alguém, se assustou, perdeu o controle e bateu o carro. Ele disse que depois não me lembra de mais nada.

- Que estranho, até parece uma armadilha.

- Eu também pensei nisso! E também não tinha acontecido nada com a mãe dele. Mas não conheço ninguém que poderia estar contra ele.

- É... Acho que eu vou ligar pra mãe dele para passar um pouco de conforto.

- Obrigada mãe.

Terminamos de comer em silêncio, subo pro meu quarto, tomo banho e caio morta na cama.

           ***

Acordo só no outro dia, com meu celular vibrando na mesinha ao meu lado. Era uma ligação do Vitor.

- Alô?
- Sophie! Te liguei varias vezes ontem, aconteceu alguma coisa?! - lembrei que tinha desligado o celular quando estava no hospital.
- Ah desculpa, eu desliguei o celular quando estava no hospital...
- Hospital?!
- É, você não soube?? O Thiago sofreu um acidente...
- Sério? Melhoras pra ele...
- Eu e a Sarah vamos visita-lo agora, tenho que desligar.
- Ok! Beijos.

O garoto loiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora