Mais uma briga!

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Lúcia sentia um medo esquisito, não sabia que não era para ter contado, e não queria estar novamente em clima ruim com Luthiron. — Bem ela...

— Ela nada Lúcia, mais uma vez se intromete na minha vida sem minha autorização, o que você tinha que ficar xeretando no que não é de sua conta? Perguntando sobre meus assuntos aos outros? Se queria saber sobre mim, deixasse que eu mesmo te contasse quando eu achasse que era hora.

Lúcia não teve tempo de se explicar, Luthiron saiu a galope, deixando ela sem esperar qualquer som de defesa. Balmac que ouvia em silêncio de longe deitou no mesmo lugar onde estava Luthiron.

— Deite aqui menina, a vantagem desses pelos é que aquece os de fora muito bem.

Lúcia se deitou e se encolheu o quanto pode ao corpo de Balmac, queria chorar, mas dessa vez era de raiva e nem tanto pela tristeza, se sentia injustiçada por Luthiron nem permitir que ela pudesse se explicar, ela nem tinha feito pergunta alguma, Caluto que tinha começado a contar por vontade própria.

— É melhor você não chorar pequena, se molhar meus pelos eles irã te incomodar para dormir, o frio está pior esta noite e não seria uma boa ideia.

— Não vou chorar, só acho injusto eu não tenho culpa, Caluto falou sem eu perguntar nada.

Lúcia estava fazendo todo esforço para não cair no choro, nem era por preocupação com o pelo de Balmac, mas por achar injusto sofrer por algo que não teve culpa.

Balmac soltou um bufo exasperado. — Aquela língua de trapo sempre foi assim, mas não se preocupe amanhã ela vai concertar esse erro eu te prometo.

— Erro? Que erro Balmac? Luthiron está sendo infantil.

— Não está não Lúcia, todos nós sabemos o quanto é penoso para ele assim como para os outros de lembrarem suas antigas formas, é meio que um pacto entre nós, viver nossa foram atual hoje e buscar nossa antiga forma no futuro, lembrar o que fomos não vai nos ajuda a descobrir nossa capacidade com o que somos atualmente, você entende?

Lúcia não respondeu, não entendia ao menos não de tudo, e não achava justo que tivesse entrado na vida deles e não pudesse saber um pouco mais sobre eles, já não sabia o que pensar, afundou mais a cabeça no peito de Balmac em silencio, ele a envolveu com as enormes patas para aquecê-la melhor.

— Agora tente dormir, amanhã teremos uma viagem que será penosa para todos nós.

— Obrigado Balmac por não me achar uma intrometida, não é minha intenção, apenas queria saber mais sobre todos.

— Não me agradeça, apenas durma, de um tempo a eles, pense que será inevitável, pois irá saber com o tempo, mas não te conhecem a tempo suficiente para falarem disso e mesmo entre nós que já estamos juntos há algum tempo, ainda não falamos disso, um sabe do outro porque alguns de nós tínhamos relações quando livres.

Lúcia ficou em silêncio, não conseguia por as ideias em devida ordem por mais que tentasse tudo novo para ela ainda, e estava sendo difícil a adaptação com eles, e mesmo com o pouco tempo juntos Luthiron era o que ela estava mais se apegando e ainda assim já tinha tido duas brigas, como conseguia gostar dele, era um mistério para ela.

No fundo ela sabia o porquê, sabia que o carinho por ele apareceu desde que ficaram sozinhos na montanha dos mortos, e lá ele havia se mostrado compreensivo com ela, tinha tido paciência com ela quando teve sua primeira visão e também por todo esse tempo que estiveram juntos e ele ser o único que não a tratava apenas como uma criança desprotegida, mas sim como alguém que precisava aprender e que o direito de ser tratada igual a todos, apesar de Balmac falar sobre ser difícil a ele, ela não conseguia entender porque tanta rebeldia. Custava ele ter menos explosões de sentimentos? O que adiantava ser tão calmo com ela, ter tanta paciência por vezes e quando ficava bravo agir daquela forma?

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora