Um segredo

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Passaram uma noite agitada pela falta de costume com o lugar, acordaram todos quase ao mesmo tempo, sem saber se era dia ou noite.

Naquela inércia não dava para ter certeza do quanto já tinham andando e o quanto ainda faltava para saírem dali.

Isso colaborava para deixar a todos irritados e implicando por qualquer motivo, tinha momentos que Lúcia sentia que fazia horas que estavam andando, e outras sentia que fazia poucos minutos.

Os corredores sempre iguais também não ajudavam a distrair e os ânimos de todos estavam exaltados com o tempo, não viam progresso nenhum por mais que andassem.

O único que parecia contente era Jahil, não usava luz alguma, mesmo andando à frente. Não respondia as malcriações de um outro e andava por aqueles corredores sem titubear.

Virava várias vezes para a direita e outras tantas para a esquerda.

Nunca mostrava dúvidas quando se deparava com duas saídas.

Lúcia havia encontrado uma distração, nunca cansava de admirar os reflexos que começavam a aparecer nas paredes dos corredores.

O metal que devia ter sido abundante há tempos atrás agora ainda exibia para a luz das tochas suas pequenas sobras nos corredores.

Fazia horas que estavam andando e brigando, Lúcia estava faminta, mas não queria ser a primeira a se render ao seu estômago.

Já havia reclamado com Ádino por causa das paradas bruscas que ele fazia fazendo com que ela trombasse forte em suas costas.

E ele respondia bravo que a culpa era de Luthiron que parava sem avisar e assim a culpa foi passando até chegar a Jahil, que pediu desculpas alegremente, parecendo divertido com o grupo brigando todo o tempo.

E como eles estavam com a língua afiada ela ficou na torcida silenciosa para que um deles anunciasse que já era uma boa hora para descansarem e comerem alguma coisa.

Depois do que pareceu quase uma hora, Linade decidiu que seria bom que parassem um pouco para comer, mas para sua decepção a palavra descansar não foi pronunciado.

Lúcia se odiava cada vez que contava um sonho e mudava o comportamento de todos. Isso sempre os afetava profundamente.

Mas desde que isso havia prejudicado Luthiron, ela prometeu a si mesma que não guardaria apenas para si quando sonhasse e decidiria o que fazer com todos, mesmo ferindo um dos seus.

Tinha comido sua carne curada que já estava sendo afetada pela umidade daquele lugar, ainda sentia muita fome.

Lúcia duvidava que conseguiriam ter uma boa refeição quando saíssem dali, pois se organizar e conseguir uma boa caça sem levantar suspeitas de suas presenças seria um milagre.

Estariam dentro de Niedra e não poderiam ser descobertos, e ela imaginava que novamente passariam por maus bocados quando conseguissem sair.

Depois de um escasso descanso, voltaram no mesmo ritmo, e novamente com os mesmo ânimos arrefecidos pelo tédio do lugar.

Lúcia não foi poupada das implicâncias, ora era Balmac que reclamava com ela que levantasse mais a tocha, ora era alguém da frente reclamando que ela queria a luz somente para ela.

Os corredores nunca ficavam em linha reta, dando sempre a sensação que estavam andando em círculos e isso aumentava os motivos para reclamação.

Os sinais de que isso não estava acontecendo eram as pequenas mudanças que apareciam nos corredores tão parecidos se não fosse observado com atenção.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora