Capítulo Quinto

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O ESTÔMAGO DE ARTHUR congelou automaticamente. Tão repentino, fez John saltar da cadeira, derrubando a taça e espalhando o vinho. O barulho parecia vir do acampamento inteiro ao redor da tenda. Arthur se pôs de pé e tanto ele quanto John desembainharam as espadas.

Sabia que o amigo devia estar pensando o mesmo que ele: o acampamento estava sob ataque.

Apressou-se para sair da tenda, John logo nos seus calcanhares, ambos preparados para resistirem a quem quer que fosse o inimigo. Mas meramente andou alguns passos e o pensamento esvaiu completamente de sua cabeça.

Ficou parado.

Os gritos não eram de homens sob ataque ou de oponentes esmagando um exército despreparado. Ouviu com mais atenção...

Pensou: Parece mais com gritos de alegria ou mesmo de deleite!

Trocou um olhar com John e o outro deu de ombros. Estava tão intrigado quanto Arthur. Ansiosos para descobrirem o que acontecia, os dois deixaram a tenda.

Nenhum ataque, de fato, acontecia.

O exército praticamente inteiro se reunia em um canto a alguns metros da tenda. Tanto soldados comuns quanto Sais tinham largos sorrisos nos rostos. Os mais afastados da comoção, assobiavam e se cumprimentavam, celebrando algo.

Vendo que não havia perigo algum, Arthur e John embainharam as espadas e se caminhavam na direção deles, perguntando-se o que podia causar tamanha alegria. Todos estavam tão felizes que sequer notaram a presença dos dois ali. Arthur levantou a voz e gritou:

— Afinal, alguém pode me explicar o porquê de todo esse barulho?

Os homens ficaram em silêncio imediatamente e o fitaram, sorrindo. Um homem se destacou do centro da multidão e caminhou até eles. Era Derek, um dos batedores, encarregado de visitar as cidades e tentar descobrir informações sobre a guerra e homem de confiança de Arthur.

Ele deveria se juntar ao exército apenas na véspera da batalha ou se descobrisse algo que considerasse importante.

— O que o traz aqui? — Arthur perguntou. — Tem algum relatório importante? A guerra acabou? Leor e Maud finalmente chegaram a um consenso? — Não conseguia pensar em qualquer outra explicação para tamanho barulho.

Assim como no de todos os outros, um sorriso de orelha a orelha estampava o rosto de Derek.

— Não, senhor. Mas a notícia é tão boa como se tudo isso tivesse acontecido.

— O que você...?

— Ele está morto, senhor. Por todos os Deuses e espíritos! ELE ESTÁ MORTO — cortou Arthur antes que esse pudesse terminar a questão. — Eles o mataram! A essa hora, o maldito está congelando as bolas velhas nos infernos gelados do Submundo.

— Quem? Quem matou quem? Francamente, sobre o que você está falando? — Estava com raiva: apesar do soldado ter uma posição alta entre seus homens, ele não podia interromper enquanto o duque falava.

Arthur estava prestes a censurá-lo quando Derek disse quase histericamente:

— Erion, senhor... Erion Olhos de Tempestade está, nesse exato momento, morto.

Um som inarticulado saiu da garganta de Arthur e John xingou uma palavra tão rude que Arthur teria punido os netos por semanas se eles tivessem dito uma coisa de tal natureza na sua frente. Todos os homens começaram a gritar de novo como se as palavras Erion e morto reunidas significassem euforia e barulho.

De repente Arthur emudeceu. Compreendia por que todos olhavam uns para os outros de forma tão estúpida...

John fitava Derek, sério.

O Propósito dos Deusesحيث تعيش القصص. اكتشف الآن