O DIA DE CÉSAR

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Eram seis e meia da manhã quando acordei, com a ajuda do bom e velho despertador, era sábado, e eu estava acordando cedo, em outras circunstâncias isso seria detestável e inadmissível, mas não hoje, estava tomado por um entusiasmo enorme, e só pen...

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Eram seis e meia da manhã quando acordei, com a ajuda do bom e velho despertador, era sábado, e eu estava acordando cedo, em outras circunstâncias isso seria detestável e inadmissível, mas não hoje, estava tomado por um entusiasmo enorme, e só pensava em encontrar betão... levantei da cama num pulo, tomei uma boa ducha, mais uma vez fracassei ao tentar deixar meu cabelo de modo arrumado, pus a mochila nas costas, e a poucos centímetros da porta sou surpreendido por meu pai:

" Onde você vai tão cedo filhão ? geralmente você reserva os sábados pra hibernar "

" Hoje não! hehehe, vou passar o dia fora, na casa de um amigo, agora eu realmente preciso ir " - me dirigi até ele e lhe dei um beijo encima do cenho:

"Certo! Cuidado rapaz... pega leve na bebida, e se for beber, é melhor não ir de carro"

"Ah... pai, relaxa, mesmo que eu quisesse ir de carro, dois fatos me impedem de ir, e um deles é que meu carro não está dando partida, desde segunda aliás! tenta contatar o mecânico, deve ser algo no motor."

"Fico mais aliviado"

....

Foi basicamente fácil apanhar o ônibus, a parada ficava a poucos quarteirões de casa, então não foi uma caminhada longa. Eu já conhecia a Vila Esperança, não de corpo presente, mais já passei pela área em algumas ocasiões, então não seria difícil chegar até lá. Eu não lembrava da sensação de pegar um ônibus, no momento em que entrei, tive certeza de nunca ter feito aquilo antes. puxei algumas pratas e sédulas da carteira e dei ao cobrador, que liberou a catraca.

Mapeei todos os assentos, e pro meu azar, estavam todos ocupados! , mas não importava, porque eu ia encontrar o betão, porque o dia estava lindo, e porque eu precisava comprovar minha teoria! até ali, estava sendo uma realidade habitual...

....

Nem um engarrafamento foi capaz de tirar meu entusiasmo, em alguma parte da avenida, tive a impressão de ter passado quase uma hora preso no trânsito, mas consegui chegar em minha parada totalmente sã.

O terminal era um pouco esquisito, e pra piorar, apenas eu desci naquele ponto. Olhei para o grande morro que estava bem diante de mim, vila esperança era um subúrbio com casas estabelecidas em um morro de forma desorganizada, e apesar de ser pouco convidativo, eu me via curioso pra saber como as coisas funcionavam nesta parte da cidade.
Orientado pelo betão de que deveria andar até a metade do morro a pé eu segui meu caminho... andando por entre aquelas ruas esburacadas e casas de variados tamanhos e formas eu fiquei fascinado, havia uma beleza em tudo aquilo, ou talvez fosse só ansiedade, esperei esse dia por tanto tempo e agora que ele havia chegado eu era todo sorrisos. Haviam crianças correndo, alguns garotos manuseando pipas na laje de uma casa, e outros brincando de bolinhas de gude, todos livres, aproveitando a infância, se tivesse ao menos uma pequena parte daquilo que via diante dos meus olhos, talvez não tivesse uma infância tão solitária e infeliz, mas não queria que aquelas lembranças estivessem ativas em minha mente hoje, não quando se tinha tanto a descobrir, então penso em betão, no seu jeito maroto de rir de lado, e em como vê-lo dormir é maravilhoso, É quando ergo o rosto e o vejo em frente ao que parece ser um boteco, encostado na moto e com o capacete na mão como costume, ele tinha me visto primeiro, e agora estava acenando e rindo, um sorriso sereno e encantador, era a minha fraqueza, e a confirmação de que minha caminhada havia enfim terminado...

O Chefe - Romance GayWhere stories live. Discover now