Parte 7: Um circulo.

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"Eu sinto frio, estou confusa, olho para os lados e vejo tubos, tubos enormes, que me fazem sentir mais pequena, esses tubos são transparentes e tem um líquido verde lá dentro, e... TEM PESSOAS DENTRO. Isso é horrível, esse lugar tem cheiro de mofo e tem algo podre aqui. Alguém está vindo... A mulher loira está vindo, o bebê chora novamente e seu choro me dá vontade de chorar também, me sinto apavorada. Olho para um dos tubos e vejo um homem, ele parece estar morto e tem... Uma espécie de cabo ligado à sua nuca. Ele se vira dentro do tubo e olha para mim [...]"

Acordo novamente apavorada, mas dessa vez não grito. Está escuro lá fora ainda, pego meu celular e vejo que são 4 horas da manhã, eu não conseguiria dormir novamente, nem se eu quisesse. Penso em levantar e comer algo, mas estou com preguiça e medo de mais. Esquece, me levanto e me espreguiço, ao colocar o pé no chão algo se agarra a ele, tremo e pego meu celular com cuidado ligando a lanterna. Era o Clóvis. O gatinho mordia e arranhava meu pé, me deu um baita susto. Percebo que a porta da sacada estava aberta, pois a cortina balançava com o vento e logo vejo uma silhueta lá fora, ando cuidadosamente e vejo que é um homem... Um garoto. Reviro os olhos e empurro ele fazendo ele derrubar algo lá embaixo, ele se vira.

Alex: você me deve um sanduíche.

Hacker: e você me deve uma explicação, babaca. O que ta fazendo aqui?

Alex: o Pedro ta roncando, muito alto, e desse lado quase não dá pra ouvir.

Ficamos em silêncio e eu só ouvia o barulho das árvores.

Hacker: não ouvi nada.

Ele bufa e me puxa pelo pulso para mais perto do quarto deles.

Hacker: que isso? Um trator?

Ele sorri e dá de ombros andando para longe do quarto novamente.

Alex: ele tem problemas respiratórios as vezes.

Hacker: e o Júnior não acorda?

Ele nega com a cabeça. Espera.

Hacker: como chegou até aqui?

Alex: é... Bom... Eu...

O fuzilei com o olhar e ele foi se aproximando da porta como quem iria fugir, mas ele não faz.

Alex: eu... Pulei de uma sacada até a outra, não é tão longe e depois de tudo o que treinamos foi fácil.

Não sabia se era verdade ou não, mas deixei por isso mesmo. O silêncio tomou conta e o vento gelado me fez sentir frio, o que me fez lembrar do pesadelo.

Alex: tudo bem?

Ele examina a minha cara, eu balanço a cabeça como se pra afastar os pensamentos.

Hacker: foi só um sonho.

Alex: outro pesadelo?

Hacker: ou o mesmo...

Alex: como assim?

Hacker: nada... Nada.

Eu me encolho e fico olhando para o chão, ele se aproxima e coloca a mão no meu ombro.

Alex: você sabe que pode contar pra mim, né?

Eu sorri.

Hacker: sei... Vem cá, por que você é um porre quando tem outras pessoas por perto, mas quando ta sozinho você é "legal"?

Fiz aspas com a mão e ele gargalhou.

Alex: não é a primeira vez que ouço isso.

Ficamos nos olhando por uns segundos até que ouvimos passos na sala.

Hacker: O InícioWhere stories live. Discover now