Hacker: O Início

Parte 16: Família.

Abro os olhos e me sinto estranha, as luzes são muito fortes, eu não consigo enxergar direito, tento me mexer, mas sinto que estou presa. Minha visão vai se adaptando, estou amarrada em algum tipo de maca, tento me soltar, porém sem sucesso. Começo a olhar em volta, esse lugar parece estranhamente familiar, como se eu já tivesse vindo aqui antes. Tem uma escada logo à frente e no topo uma única porta, parece um porão, essa porta se abre e alguém sai de lá... Uma mulher.

Mulher: ora, ora, ora! O que temos aqui?

Ela desce as escadas graciosamente e sorri. Ela aparenta ter uns 50 anos.

Mulher: sabe, foi bem divertido nosso pequeno jogo, não acha?

Ela chega perto de mim e aquela sensação de familiaridade volta, tento escanea-lá, mas falho, ainda estou meio grogue.

Mulher: você se lembra de mim, não é? Mesmo sem conseguir acessar meus dados, você sente que já me viu antes, certo?

Ela se vira e vai até uma mesa com vários acessórios médicos e pega uma seringa com um líquido dentro.

Mulher: bom, eu me lembro de você, afinal eu te criei, você era apenas um bebê, mas se não fosse por mim, você estaria morta.

Ela se aproxima. Preciso ganhar tempo.

Hacker: o que você quer dizer com isso?

Mulher: olha só, ela fala. Você conhece a história do "olho de deus"?

Hacker: conheço a lenda.

Mulher: ah, a lenda é muito romantizada, como se fosse conto de fadas, mas na real o rei era o presidente de uma empresa muito poderosa e os soldados eram agentes, assim como você.

Hacker: e o que isso tem a ver comigo?

Mulher: bom, o presidente se apaixonou pela secretária, eles tiveram filhos, mas o presidente usou seus próprios filhos como cobaias, para fazer super soldados. Ele achava que se pegasse crianças sem futuro, com algum problema de saúde e que não sobreviveriam, e transformasse em soldados, um dia ele teria um exército. Você, minha cara, é um soldado.

O que? Eu sou um experimento?

Hacker: como eu nunca vi nada sobre isso?

Mulher: tudo sobre isso foi apagado, inclusive do chip na sua cabeça.

Hacker: então você é a secretária?

Mulher: garota esperta.

Hacker: achei que você tinha fugido com seus filhos.

Mulher: não, eu só os espalhei pelo mundo. Eles são maravilhosos, mas você... Você é extraordinária, nenhum dos outros chegou aonde você chegou.

Hacker: você os matou.

Mulher: eles iriam morrer de qualquer forma, se não fosse por mim eles não teriam chegado nem aos 2 anos de idade. Os próprios pais nos procuraram para salvá-los.

Meu coração disparou.

Hacker: meus pais... Te procuraram?

Mulher: olha só eu falando e falando, como se não tivéssemos nada pra fazer, mas antes, quero te apresentar alguém... Bom, na verdade vocês já se conhecem.

A porta se abre novamente, um homem empurra o garoto.

Mulher: diga olá para sua amiga.

Rafael: você prometeu não machuca-la.

Mulher: prometi?

Ela ri e me olha.

Mulher: você não parece surpresa.