Coroa

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-Bem, eu acho que estou começando a ter certeza de meus sentimentos por você. -falei. -Talvez eu já tenha certeza.

Ele sorriu. Fechei meus olhos e me entreguei a inconsciência, a última coisa que ouvi foi: Bons sonhos, minha rainha.

Quando você se entrega à inconsciência não consegue distinguir o real da fantasia. Mas, entre outras coisas, aposto três McFlurry's que o que sonhei tem ligação direta com a realidade ou alguma realidade. Talvez seja um rascunho dela, ou mesmo uma página de algo que já aconteceu, mas essa teoria me parece impossível demais. Ou não.

Estava escuro e de repente uma luz se acendeu gradativamente do fim da escuridão até meus olhos que buscavam algo para explicar o que estava acontecendo.

Com isso pude ver uma casa, grande e mais parecia uma residência da época colonial de nossa civilização. Espere, já vi este cenário antes, é parecido com o que vi em minha suposta visão. O que é isso afinal?

-Não posso. Não posso. -alguém murmurava atrás de mim.

Me virei rapidamente jogando alguns fios de cabelo em meu rosto, mas ainda assim, o reconheci. Era ele, sem dúvidas.

-Não posso. -sussurrou outra vez apertando seus dedos freneticamente. -Pare de gritar na minha cabeça!

Abri a boca para falar algo, mas não sabia ao certo como aquilo funcionava, não sabia se ele podia me ver ou não. Na verdade acho que só estava confusa demais para indagar qualquer coisa.

-Como isso aconteceu?! - ele pôs as mãos sobre a cabeça, estava (estávamos) perto do chafariz no momento, a água fluía suavemente incrementando mais a tensão que eu sentia. -Aquela feiticeira, fez jus a isso por sinal. Eu sei, ela não fez isso, mas estamos caídos.

Era como se James estivesse em uma espécie de diálogo interno, não poderia estar falando comigo pois eu não fazia ideia do que ele estava falando e muito menos do que estava acontecendo no momento.

-Preciso ir, mas não consigo sair de perto dela nem por um segundo. Mas que droga! - virou-se afundando sua mão direita na beira do chafariz, desnecessário dizer que eu estava assustada o suficiente para correr - se eu soubesse pra onde ir - e sair dali. Sua mão permanecia no mesmo local ainda imóvel, mas seu corpo tremia, era visível. -Se ela ao menos soubesse, seria tão fácil. Não posso simplesmente contar a ela, seria perigoso demais agora, com tudo isso.

Sua voz começava a ficar mais baixa e sombria.

-Ah, Saphira, eu prometo a você e a mim mesmo, que nenhuma maldição irá afastar você de mim, nunca! -disse como se fosse a única certeza de sua vida.

Tudo começou a ficar escuro e a voz dele ecoava em minha mente mesmo já não o vendo mais.

Abri os olhos, estava sentada na cama ofegante e sentindo minha garganta mais seca que nunca. Olhei para os lados, mas não conseguia ver nada nitidamente.

-James! -chamei com a voz ainda rouca, minha garganta doía como se eu não bebesse água há séculos. Apalpei a cama a procura de algo mas não encontrei nada.

Se James estivesse por perto acho que já teria vindo até mim. Calma, ele está perto.

-James. - chamei novamente piscando várias vezes buscando algo para beber.

Senti uma mão tocar a minha.

-Estou aqui. -sussurrou, meus ombros relaxaram. James guiou minha outra mão até algo frio e sólido, era um copo aparentemente, graças aos deuses. -Beba, vai se sentir melhor.

Minha [Em Atualização]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora