Mudança de planos

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-Ah, majestade. -ele olhou para mim e apontou para mim. -Algo sobre seu sorriso: Beleza é guerra.

James correu rapidamente até o vampiro e o acertou com um soco no estômago. Vampiros não estão vivos para terem estômago. Você entendeu.

Eles começaram a lutar, havia vasos caindo e até o lustre da cozinha tremia, não mais que eu, é claro. Eu tinha que fazer alguma coisa, procurar alguma coisa pra acabar com aquele vampiro e sair dali. Minha atenção se voltou para eles de novo, meu coração se apertou, como se levasse uma pontada. Arfei. Meus olhos viram o maldito vampiro das um soco no rosto de James, arregalei os olhos ainda mais ao ver o sangue que saiu do ferimento no nariz e bochecha. Ah, ele não fez isso. Temos que fazer alguma coisa! Pegue algo para mata-lo ou arrancaremos a cabeça dele mesmo. Esse maldito! Senti um tremor e choque elétrico passar pelo meu corpo, eu estava com raiva, raiva o suficiente pra matar a primeira pessoa que passasse na minha frente, no caso aquele Culicidae filho de uma péssima mãe! Corri até a cozinha e peguei uma faca, meus cabelos grudaram em minha boca, droga de gloss. Corri até a sala novamente, o vampiro estava com um dos braços arrancados. James havia se transformado. Sim, vamos acabar logo com isso, não quero nem pensar no que as pessoas vão pensar se virem um lobo de quase dois metros e um cara pálida com um braço a menos. Já sei. Já sei que é ruim, vai ser pior ainda se eu não fizer nada. Vamos lá então. O picolé estava de costas para mim e de frente para o grande lobo negro de olhos violeta, este logo me viu. Fiz um sinal olhando para a faca em minha mão e em seguida para o pescoço do vampiro.

-Que tipo de Alfa é você? -o ruivo perguntou sarcástico se colocando em posição de auto defesa apenas, seus pés relaxaram e sua mão ficou mais leves assim como sua postura.. -Achei que os lobos fossem mais, selvagens. Devo dizer que estou decepcionado com o que você se tornou.

James rosnou fazendo barulho suficientes para que os sentidos da criatura não percebessem que eu estava me aproximando. Cheguei um pouco mais perto, meu celular vibrou da mesa, droga. O pálido predador fez menção a virar-se, antes que pudesse faze-lo meus braços levaram a faca ao seu pescoço gelado de porcelana. Com uma força tão grande que nem eu mesma sabia que seria possível que eu tivesse. Há muitas coisas que você tem e não sabe. Que bom que estou descobrindo. A cabeça veio ao chão como um vaso de vidro, quebrou em vários pedaços alvos, até mesmo os cabelos ruivos se transformaram em pó logo em seguida e tudo desapareceu como um fogo que se apaga, restando apenas as cinzas.

-Essa é a minha garota. -o lobo disse olhando para as cinzas com satisfação. -Vamos sair daqui.

-Pra onde vamos? -perguntei largando a faca no chão trêmula, eu acabei de matar alguém, tudo bem que era um ser maligno que possivelmente iria me matar, mas ainda assim estava "vivo".

-Mudança de planos. Vamos para nossa casa, agora. -ele virou de costas indo embora, mas eu interrompi sua saída.

-Nossa casa? Mas e nossas coisas? As roupas? Quer dizer, precisamos de tempo para arrumar tudo e ir. -falei passando a mão pelos meus cabelos nervosa, meu coração pulava de adrenalina, aflição, nervosismo.

-Não temos tempo! Ou saímos daqui agora ou estaremos dando mais uma oportunidade para outro vampiro vir e criar outro problema. -ele disse ferozmente virando levemente a cabeça para o lado. -Não se preocupe com isso, estará tudo em ordem para você amanhã. Apenas vamos sair daqui.

Arfei, então tudo bem. O nosso celular, na mesa. Claro, isso dá tempo de pegar. Corri e peguei o aparelho, caminhei até a porta de saída e fiquei atrás do grande lobo.

-Vamos. -falei respirando fundo.

Ele apenas assentiu com a cabeça e fomos saindo, o processo foi um pouco complicado, algumas pessoas estavam nos corredores e no elevador (sem contar a dificuldade para abrigar um lobo enorme em um elevador como aquele), digamos que não lidaram bem com um lobo negro enorme como companhia na descida. Foi um processo difícil, quando descemos no primeiro andar (finalmente, aqueles gritos me deram muita dor de cabeça) James tomou a frente e eu o seguia, graças aos deuses sem dificuldades pela boa escolha de sapato. Mais gritos desesperados de pessoas que estavam dentro e fora do hotel. Um dos seguranças tentou me trazer para longe do lobo, mas não lhe dei atenção e ele não teve coragem de chegar mais perto para insistir.

-Venha, suba em minhas costas. -James parou em frente ao prédio e virou o corpo de lado deitando-se no chão olhando para mim fazendo um sinal para que eu subisse. Tá brincando?!

-Tem certeza? Eu posso ir de carro, sei dirigir e... -ele não me deixou terminar, me encarou com uma expressão nada boa e entortou o focinho. -Tá bom.

Murmurei revirando os olhos. Me aproximei e passei uma perna por um lado do corpo peludo do lobo e me apoiei para depois afastar a outra perna do chão. As pessoas ao redor corriam e gritavam quando passavam olhando com olhos arregalados de medo, eu não ligava muito, mas também estava apavorada por dentro. Ele ergueu o corpo e eu segurei firme em seu pelo negro extremamente macio e confortável logo depois de arrumar meu vestido de modo que não me deixasse em situação desconfortável.

-Olhe entre as pedras do seu vestido. -ele disse suave.

Cerrei os olhos e apalpei o local onde havia as pedras brilhantes, achei um zíper, um bolso escondido.

-O que é? -perguntei surpresa.

-Abra.

Abri o zíper, era um bolso pequeno e praticamente imperceptível, havia um anel lá dentro. Tinha o formato de um lobo rugindo, espere, era o mesmo anel que estava na caixa que James foi buscar na loja do pai de Will antes de nós sairmos da alcateia! Meus deuses, como?

-Use-o. Fique com ele. -ele disse movendo suas patas para frente com entusiasmo. -É seu, uma das provas que pertence a mim e que eu pertenço a você. Estará protegida com ele, saberá que sempre estarei por perto.

-Obrigada. -disse em voz baixa, estava sem palavras naquele momento, ainda tremia. Ele estava fazendo tanto por mim, aquele vampiro disse algo sobre a guerra, na verdade disse várias coisas sobre as quais preciso de mais detalhes, sobre estarmos distantes da realidade dela, vivendo paralelamente. Agora entendo o que ele queria dizer.

Nada mais foi dito. Coloquei o anel em meu dedo anelar direito, segurei firme em James, que logo começou a correr veloz. Em direção à vegetação que se iniciava à alguns metros da entrada do hotel, provavelmente voltaríamos à floresta. James, para onde estamos indo exatamente?

Já disse. Estamos indo para casa.

Minha [Em Atualização]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora